segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 5


Anteriormente, no estudo que estamos fazendo sobre a Salvação, vimos que pela determinação e soberania de Deus algumas pessoas NÃO são eleitas > Doutrina da Reprovação > Exemplo de Faraó.
Neste sentido, vimos também que o estudo da Eleição prioriza a fé sobre o raciocínio do homem... E mostramos que o deixar de crer no que a Bíblia claramente revela, por não conseguir entender, é o mesmo que dar primazia à lógica do homem, e não à fé.
A pessoa que faz isso está certamente pecando... Agora, vamos dar continuidade ao Estudo, vendo > O Efeito Prático da Salvação
Hb10:14 — Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.
Vamos agora tratar da garantia divina de que esse processo de santificação referido em Hebreus continua até a glorificação do crente no céu.
A certeza de que o crentes verdadeiro vai continuar a se santificar na sua vida terrena, chama-se em teologia, a PERSEVERANÇA DOS SANTOS.
Por outro lado, a certeza de que o crentes verdadeiro terminará glorificado no céu, chama-se em teologia a PRESERVAÇÃO DOS SANTOS.
A perseverança dos santos é responsabilidade do crente, enquanto a preservação dos santos é operada pelo poder de Deus.
Essas doutrinas são gêmeas, andam sempre de mãos dadas. Isso quer dizer que não pode existir a perseverança do crente sem a preservação de Deus.
Também NÃO pode existir a preservação de Deus sem a perseverança do Cristão. Essas duas doutrinas também podem ser descritas como sendo os dois lados de uma mesma moeda.
Um lado mostra a responsabilidade do povo de Deus para com o SENHOR da sua salvação. O outro lado mostra o poder de Deus para cumprir as Suas promessas para com seu Povo.
A Bíblia NÃO deixa dúvidas de que Deus conserva fielmente o seu povo, pois o Senhor NÃO pode perder nenhum dos Seus verdadeiros filhos.
Em outras palavras, é o que nos diz o apóstolo Paulo em Rm 8:29-30 — Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
Ou seja, a salvação que Deus opera no eleito tem o poder de provocar no crente a perseverança na graça de Deus. É por isso que Ef 2:8-9 diz — Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
Assim, por serem doutrinas gêmeas, existe o perigo do crente pensar apenas numa delas. Ou seja, se o crente pensar em perseverar SEM o poder de Deus preservando-o, estaremos diante de um cristão que quer obter a salvação pelo seus próprios esforços.
É claro que essa pessoa não irá conseguir isso. É aquela pessoa que está caminhando para abandonar a igreja. É o chamado desviado, crente convencido, mas não convertido.
Agora, por outro lado, se existir a crença no poder de Deus preservando os Seus Eleitos, sem a perseverança dos santos, teremos um Cristão que NÃO se preocupa com o seu testemunho, ou com as suas responsabilidades de andar nos caminhos de Deus.
É aquela pessoa que pensa — Nada importa o que eu faça no mundo, sou salvo do mesmo jeito. — E a pessoa cai no mesmo problema anterior > o crente convencido, mas não convertido.
A perseverança significa andar continuamente obediente à Palavra de Deus. Em Jo 8:31 Jesus ensina — Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Assim a Perseverança significa contínuo apego à crença na Salvação, apesar do inimigo de nossas almas buscar nos desencorajar.
A razão pela qual os crentes perseveram na fé e na obediência, contundo, não está na força de sua própria dedicação, mas em que Jesus Cristo, através do Espírito Santo, os preserva.
João nos diz que Jesus Cristo se comprometeu com o Pai (Jo 6.37-40) e diretamente com seu povo (Jo 10.28-29), no sentido de guardá-lo, de modo que esse povo nunca perecerá.
Na sua oração por seus discípulos, depois de terminar a Última Ceia, Jesus pediu que aqueles que o Pai lhe tinha dado (Jo 17.2, 6, 9, 24) fossem preservados para a glória.
Cristo continua a interceder por seu povo (Rm 8.34; Hb 7.25), e é inconcebível que sua oração em favor deles fique sem resposta.
Paulo celebra a presente e futura segurança dos santos no amor onipotente de Deus (Rm 8.31-39). Ele se regozija na certeza de que Deus completará a boa obra que começou na vida dos crentes (Fp 1.6)
Nesse sentido, a Confissão de Westminster diz:
“Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, eficazmente chamados e santificados pelo seu Espírito, não podem cair do estado de graça, nem total nem finalmente; mas, com toda certeza, hão de perseverar nesse estado até o fim e estarão eternamente salvos” (XVII.1).
Os regenerados são salvos, perseverando na fé e na vida cristã até o fim (Hb 3.6; 6.11; 10.35-39), como Deus os preserva.
Agora, reparem, esta doutrina NÃO significa que todos aqueles que já professaram ser cristãos serão salvos. Os que tentam viver a vida cristã baseados em sua própria capacidade decairão.
Mt 13.20-22 — O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.
A falsa profissão de fé por parte de muitos que dizem a Deus “Senhor, Senhor” não será reconhecida (Mt 7.21-23).
Mas os que buscam a santidade do coração e o amor ao próximo e, assim, mostram terem sido regenerados por Deus, adquirem o direito de se considerarem crentes seguros em Cristo.
A crença na perseverança propriamente entendida NÃO nos leva, portanto, a uma vida descuidada, de mau testemunho e de presunção arrogante.
Os regenerados podem até, em alguma fase da vida cristã, se mostrarem relapsos e cair em pecado. Quando isso ocorre, entretanto, o Espírito Santo os convence do seu pecado (conforme Jo 16.8) e os compele a arrepender-se e a serem restaurados à sua condição de justificados.
Mas, quando os crentes regenerados mostram o desejo humilde e grato de agradar a Deus, que os salvou, o reconhecimento de que Deus se comprometeu a guardá-los salvos para sempre aumenta esse desejo.
As promessas de Deus são imutáveis. Por que, então, iríamos duvidar da sua promessa neste assunto da salvação? Quando Deus prometeu passagem segura a Noé e a sua família, ninguém foi perdido. Quando Ele prometeu a vitória a Gideão e o seus 300, aconteceu como foi prometido.
Quando Deus prometeu ajuntar o Israel disperso, aconteceu da mesma forma. Quando Deus prometeu que o Seu Filho seria nascido de uma virgem... Ele foi.
Quando Deus prometeu um substituto para os pecadores arrependidos, o Seu filho tornou-se o Substituto, e deu a Sua vida pelos pecados do Seu povo.
Examine a bíblia toda, e você verá que nenhuma promessa de Deus jamais falhou.
Sendo isso verdadeiro, porque Deus falhará em cumprir as Suas promessas a respeito da preservação dos Seus santos? Não é Deus, o Deus do universo, o Deus Onipotente, o Deus Criador de todas as coisas e o Deus que sustenta tudo pelo poder da Sua palavra?
Reparem no que diz alguns versos bíblicos:
Sl 37:24 e 28 — se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão... Pois o SENHOR ama a justiça e não desampara os seus santos; serão preservados para sempre...
Is 43:1-7 — Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador... Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida. 5 Não temas, pois, porque sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz.
E Is 51:6 completa dizendo — a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será anulada.
Jo 10:27-29 — As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar
A vitória da preservação NÃO está, portanto, no homem, mas em Cristo Jesus. 1Co 15:57— Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Deus opera a sua graça perseverante nos seus filhos com meios divinos. Estes meios são o Espírito Santo, a Palavra de Deus, a oração intercessora de Cristo, a correção, o poder de Deus, o amor de Deus, a graça de Deus, a sabedoria de Deus, a imutabilidade de Deus e as promessas de Deus.
Essa graça divina da perseverança que é dada ao Cristão não é baseada em algum esforço da carne, mas unicamente na obra expiatório de Cristo, na promessa da Nova Aliança e segundo o propósito eterno de Deus.
O principal meio que DEUS usa para estimular a perseverança dos santos e efetuar a sua preservação é O Espírito Santo
Ef 1:13-14 — vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança...
Ou seja, Deus julga o valor do penhor dado para cumprir a Sua promessa. Porque o Espírito Santo é o próprio Deus, está, indiscutivelmente, garantida a possessão adquirida: a salvação completa das almas que Cristo comprou pelo Seu sangue.
O Espírito Santo, em nós, faz que queiramos nos aproximar do Pai e O agradar mais e mais. Pela presença do Espírito Santo em nós, tanto a nossa preservação quanto a nossa perseverança estão asseguradas (Rm 8:15,16).
Conforme lemos em Gl 5:22, O Espírito Santo opera em nós o fruto que agrada o Pai. O Espírito Santo nos ajuda nas nossas fraquezas e intercede por nós (Rm 8:26,27).
Deus examina os corações dos Cristãos e vê a obra do Espírito Santo neles. Deus sabe da intenção do Espírito Santo e por isso tudo coopera para o eterno bem daqueles que estão em Cristo Jesus, até a glorificação deles (Rm 8:28-30).
Assim, o Espírito Santo é o principal meio divino que Deus usa para estimular a perseverança dos Cristãos para garantir e efetuar a preservação dos santos... Amém.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 4


Anteriormente, vimos a Eleição e a Proibição de se fazer acepção de pessoas, quando mostramos que a Eleição é o exercício do amor e da graça de Deus, enquanto a acepção de pessoas tem a ver com o exercício do julgamento...
Agora, vamos dar continuidade ao nosso estudo, falando inicialmente sobre:
1. Os Reprovados ou não eleitos
No estudo da eleição é muito natural que a gente pense nas pessoas que não foram eleitas.
Em Pv 16.4 lemos que — O SENHOR fez todas as coisas para determinados fins, e até o perverso, para o dia da calamidade...
Em Rm 9.11-13 está escrito — E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
Ou seja, Deus se aborreceu de Esaú para que o Seu propósito se mantivesse firme... Deus pode, portanto, na Sua soberania, fazer um vaso para honra e outro para desonra, conforme questiona o apóstolo Paulo em Rm 9:21 dizendo — Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?
Assim, Deus endurece aos que NÃO foram eleitos. É isso o que significa o que está em Rm 11:7 — Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os demais foram endurecidos...
Desta maneira, pela leitura bíblica, descobrimos que existe uma determinação eterna da parte de Deus para que alguns nunca venham a conhecer a Sua graça salvadora.
Essa determinação de Deus, que faz com que alguns não sejam eleitos, é chamada de doutrina da reprovação.
A doutrina da reprovação é citada pelo teólogo Edwin Palmer como sendo: — o decreto eterno, soberano, incondicional, imutável, sábio, santo e misterioso, pelo qual Deus, por eleger alguns para a vida eterna, deixa de escolher outros e condena estes de maneira justa, pelos seus delitos e pecados, para Sua própria glória.
Faraó é um exemplo dessa determinação de Deus, antes da fundação do mundo, para que fosse objeto da sua ira. Ou seja, antes de Faraó ter nascido, já eram determinadas as suas ações contra o povo de Israel.
Uma prova disso está em Gn 15.13-14, onde é dito a Abraão em sonho — Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente (faraó) a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas.
Neste sentido, reparem, em Êx. 9:15,16, Deus diz a Faraó pela boca de Moises — Pois já eu poderia ter estendido a mão para te ferir a ti e o teu povo com pestilência, e terias sido cortado da terra; mas, deveras, para isso te hei mantido, a fim de mostrar-te o meu poder, e para que seja o meu nome anunciado em toda a terra.
Entretanto, mesmo sabendo tudo isso, Faraó continuou no seu caminho ímpio. E, no julgamento pela sua impiedade, Faraó declarou que era pecador e Deus justo, como lemos em Êx. 9:27 — Então, Faraó mandou chamar a Moisés e a Arão e lhes disse: Esta vez pequei; o SENHOR é justo, porém eu e o meu povo somos ímpios.
Assim, pelo exemplo de Faraó, podemos entender que a soberania de Deus atinge tudo, inclusive as obras contrárias à justiça divina.
Entendemos ainda por que o homem, mesmo sendo ímpio, tem a responsabilidade de honrar a Deus em tudo, e assim é julgado por Deus com toda a justiça.
Depois de ver o exemplo de Faraó, podemos concluir que Deus não causou o pecado de Faraó. O pecado, a rebelião e a inimizade contra Deus veio do coração do Faraó.
Não podemos entender tudo sobre a graça e sobre a reprovação, mas, nas diferenças entre os homens, que são todas segundo a vontade de Deus, podemos concluir como Jesus declarou: — Sim, ó Pai, porque assim te aprouve (Mt 11:26).
Nunca entenderemos todos os pensamentos de Deus — Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. (Is 55:8,9).
Entretanto, podemos entender, nos assuntos da eleição e da reprovação, que quem é soberano é Deus. O Senhor pode, portanto, agir com o que é Dele como Ele quiser para Sua própria glória.
Ef 1:11 — nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade...
Hb 10:31 nos diz que — Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.
Mas a verdade repetida pela Palavra de Deus é essa — os que têm Cristo em seus corações, têm vida eterna com Deus.
2. Vamos considerar a Imutabilidade de Deus
Se tudo é conforme o propósito de Deus, tanto aquilo que é agradável, quanto o que é desagradável, a condenação de pecadores não-arrependidos é segundo este propósito também.
É isso o que aprendemos ao ler Is 46:9-10 — Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade...
Se o propósito de Deus é eterno para a salvação, como vimos, também esse propósito é para a condenação. Deus não muda os seus propósitos em REAÇÃO às decisões do homem, pois Deus é imutável e os seus propósitos são eternos.
Assim, tanto no homem que termina no céu, quanto no homem que acaba no inferno, o propósito eterno de Deus é realizado.
Josué 11:18-20 fala sobre isso, dizendo assim, reparem — Por muito tempo, Josué fez guerra contra todos estes reis. Não houve cidade que fizesse paz com os filhos de Israel, senão os heveus, moradores de Gibeão; por meio de guerra, as tomaram todas. Porquanto do SENHOR vinha o endurecimento do seu coração para saírem à guerra contra Israel, a fim de que fossem totalmente destruídos e não lograssem piedade alguma; antes, fossem de todo destruídos, como o SENHOR tinha ordenado a Moisés.
Assim, se é justo para Deus fazer algo no tempo do homem, também é justo para o Senhor fazer o mesmo na eternidade.
E aí podemos perguntar: — Deus é o Autor do Pecado?
Por Deus fazer o ímpio para o dia do mal (Pv 16:4), isso NÃO QUER DIZER que Deus é o autor da impiedade do homem, ou o responsável pela sua condenação pecaminosa, nem a causa do homem pecador ir para o inferno.
O homem pecou porque quis pecar. Ec 7:29 diz — que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias — e a condenação vem pela desobediência.
Ez 18:20 — A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este.
João 3:19 — O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
Assim, o homem é o único responsável judicialmente pelo resultado da sua ação pecaminosa. Sem dúvida, o decreto eterno de Deus inclui a queda do homem no pecado, mas não foi o decreto eterno que causou a queda.
Os homens ímpios que crucificaram Cristo fizeram tudo o que Deus já anteriormente havia determinado que devia ser feito, mas estes homens foram culpados pelas suas ações.
Deus NÃO foi culpado pela Sua determinação prévia. Deus não julga o homem conforme a capacidade do homem, mas segundo a sua responsabilidade (Tiago 4:17).
Deus não condena o homem por uma determinação prévia, mas, pelas obras pecaminosas do homem que são feitas no tempo do homem.
É verdade que o homem NÃO tem capacidade de NÃO PECAR, mas, sem a menor dúvida, ele tem a responsabilidade DE NÃO PECAR.
Em Mc 12:29-31 Jesus diz — O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
Assim, uma vez que o homem pecou, Deus é perfeitamente justo em condená-lo eternamente segundo a Sua justiça.
3. Qual o Proveito em Estudar e Pregar a Eleição
O estudo da eleição dá a devida glória a Deus. No homem natural, SEM a graça de Deus, não habita bem algum (Rm 7:18) e ele não pode fazer nenhuma coisa boa que agrade a Deus (Rm 8:8), sendo a inclinação da carne apenas para a morte (Rm 8:7).
O homem natural não busca Deus (Rm 3:11) e a sua mente não entende as coisas de Deus (1Co 2:14). Tudo que Deus requer para a salvação é o arrependimento e a fé, que não vêem do homem, mas de Deus (Ef 2:8,9).
Assim, a eleição incondicional, pessoal, particular e preferencial atribui a Deus, e somente a Deus, toda e qualquer obra boa que o homem faz para agradar a Deus.
Tanto a santificação do Espírito, quanto a fé na verdade é atribuída a Deus (Ef 2:8,9). Por isso, somos incentivados pela Escritura a dar graças a Deus porque o Senhor nos elegeu para a salvação.
É isso o que nos ensina Paulo em 2 Ts 2:13 — Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade.
Na salvação, o homem tem uma responsabilidade que exercita em resposta à operação divina, através do Espírito Santo, mas na eleição, apenas Deus opera.
O estudo da eleição é importante na vida do crente porque a eleição é revelada na Palavra de Deus. Toda a Escritura é inspirada e, portanto, é proveitosa (2 Tim 3:16).
Os discípulos do Senhor, que querem ter uma boa consciência, têm, portanto, a responsabilidade de "anunciar todo o conselho de Deus" (Atos 20:27).
Se a eleição existe na Bíblia é porque ela é proveitosa e deve ser anunciada. Há assuntos que não são revelados a nós, e estes assuntos não são para anunciarmos, ou para estudarmos, mas, os que são revelados, como é o caso da eleição, são tanto para nós quanto para nossos filhos (Dt 29:29).
O estudo da eleição prioriza a fé sobre o raciocínio do homem. É verdade que a eleição NÃO é entendida facilmente. Agora, se não estudarmos a eleição, por ser difícil de entender, estaremos mostrando falta de fé na inspiração das Escrituras, e uma confiança maior no raciocínio do homem.
Quando consideramos mais a lógica do homem do que as declarações divinamente inspiradas, duvidamos que elas sejam proveitosas para o ensino, a correção e o aperfeiçoamento dos servos de Deus.
O deixar de crer no que a Bíblia claramente revela, por não conseguir entender, é o mesmo que dar primazia à lógica do homem, e não à fé.
A fé não se manifesta naquilo que se pode racionalizar, mas naquilo que se entende apenas por ser revelado pela própria Palavra de Deus (Hb 11:1, 6).
Reparem: Deus não pede que entendamos tudo que é revelado pelas Sagradas Escrituras, mas espera que os que querem agradar a Deus creiam naquilo que Ele revela, pela fé.
O estudo e a proclamação das doutrinas da eleição faz parte de adoração verdadeira. A adoração que Deus aceita é aquela que é segundo o Seu Espírito e a Sua verdade declarada.
Deus já expressou qual a maneira conveniente para adorá-lo. É em espírito e em verdade (Jo 4:24). Sabemos que no próprio coração do homem natural não brota verdade, mas somente a perversidade e o engano (Jr 17:9; Mt 15:11, 18-20), porque a verdade é de Deus, pois a Verdade é Cristo (João 14:6).
Se a verdade importa na adoração verdadeira, e se a verdade vem de Deus, o estudo da eleição só pode agradar a Deus, pois é a declaração da verdade.
O estudo da eleição é aceito pelo Senhor como a adoração que Lhe convém. Se as verdades da eleição forem ignoradas e não estudadas, a adoração a Deus pela declaração da verdade ficará comprometida.
Verdadeiramente, pela eleição, um grau imenso do amor de Deus, da Sua misericórdia, da Sua justiça e dos Seus atributos santos é entendido, e esse entendimento agrada a Deus.
Além disso, o estudo das doutrinas da eleição promove crescimento espiritual, promove conforto na alma, edificação em espírito e conformidade à imagem de Cristo.
1Tm 4:14-16 — Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.
O que destrói, desestabiliza, ou leva uma pessoa ao erro, NÃO É o ensinar a verdade, mas exatamente a falta em NÃO ensinar a verdade bíblica.
Jamais a palavra bíblica que instrui, reprova, corrige e doutrina é para a destruição de qualquer membro na igreja.
O estudo da eleição produz evangelismo bíblico. Nem todos que dizem: "Senhor, Senhor" agradam o Senhor Deus, mas somente os que fazem a vontade do Pai (Mt 7:21).
Nem tudo que pode encher uma igreja, ou arrumar seguidores, é de Deus. A eleição direciona e impulsiona os ânimos evangelizadores ao uso dos meios bíblicos, que são a pregação de Cristo (Rm 10:17; 2 Ts 2:13,14) e a oração zelosa (Tiago 5:16; 2Tm 2:1-10).
A pregação bíblica inclui a eleição. Mt 11:25-26 diz — Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
E essa é uma excelente mensagem, porque destrói qualquer esperança que o pecador possa ter em si mesmo, ou numa obra humana ou religiosa.
Pela pregação da eleição, o pecador é incentivado a clamar ao Deus soberano para ter misericórdia de nós diante de Jesus Cristo.
Is 55:6-7 — Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.
Em 1Co 2:1-5 Paulo nos exorta dizendo — Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.
Esse tipo de evangelização é bíblica... Amém

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 3


No estudo anterior, vimos que a Eleição é Pessoal e Individual, bem como é Particular e Preferencial. O estudo mostrou também que a eleição é graciosa.
Além disso, mostramos ainda que a Eleição é justa. Agora, vamos dar seqüência ao nosso estudo, vendo a Eleição diante da proibição bíblica de se fazer acepção de pessoas.
1. A Eleição e a Proibição de se Fazer Acepção de Pessoas
Uma das dificuldades para entender a eleição são as numerosas (no mínimo 17) citações da Bíblia que toca no assunto de que Deus não faz acepção de pessoas, e as instruções de que nós não devemos também fazer acepção de pessoas.
Vejamos algumas dessas citações. Lv 19:15 diz — Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo.
Dt 10:17 — Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno;
Mt 22:16 — E enviaram-lhe discípulos, juntamente com os herodianos, para dizer-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens.
E existem muitas outras passagens semelhantes. Agora, reparem, uma escolha diferenciada, claramente, mostra uma preferência, mas também é óbvia a verdade bíblica que está em Pv. 24:23 — Parcialidade no julgar não é bom.
Entretanto, é bíblico também que uma escolha pessoal, individual, particular ou preferencial, em misericórdia e graça, NÃO fere de maneira alguma a verdade de que Deus NÃO faz acepção de pessoas.
Não há nenhuma ofensa a este princípio de justiça, pois a acepção de pessoas refere-se não ao exercício de misericórdia e amor, mas ao exercício do julgamento, dando-se o que é justo.
A eleição NÃO é, de jeito nenhum, o exercício da justiça, ou do julgamento de Deus. A eleição é o exercício do amor e da graça de Deus.
Em Dt 7:7 lemos — Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos...
A frase “porque não há no SENHOR nosso Deus iniqüidade nem acepção de pessoas” (2 Cr 19:7) é referente ao desempenho do julgamento, E NÃO se refere à aplicação preferencial do amor e da graça de Deus.
Além disso, a ordem de não se fazer acepção de pessoas é, muitas vezes, um conselho dado como aviso importante aos juízes de Israel para que julguem com consciência e honestidade.
Dt 16:19 — Não torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e subverte a causa dos justos.
Assim, as referências bíblicas que falam que não há acepção de pessoas em Deus associam-se, na sua maioria, com o assunto de julgamento.
Uma poucas referências mencionam “acepção de pessoas” num ambiente diferente da circunstância de julgamento. Atos 10:34 — Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas;
Tiago 2:1,9 — Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas... 9 se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores.
Essas passagens ensinam que não devemos fazer distinção entre as pessoas que merecem, igualmente, um tratamento positivo.
Não devemos, portanto, praticar uma preferência entre as pessoas a quem devemos entregar a mensagem de Cristo (Atos 10:34), nem devemos preferir uma pessoa sobre uma outra, quando todas merecem igualmente o bem (Tiago 2:1).
É verdade bíblica, que no julgamento divino, NÃO há nenhuma acepção de pessoas, pois cada um será julgado segundo as suas obras. É isso o que está em Ap 20:13 — E foram julgados, um por um, segundo as suas obras...
Mas, na misericórdia de Deus, na qual as boas ações a ninguém confere direito, nem merecimento, uma distinção de pessoas pode existir e existe.
Ninguém merece uma distinção positiva, mas todos merecem um julgamento justo pelos pecados que cometeu e não foram perdoados porque a pessoa não se arrependeu.
Entre os salvos esse julgamento justo dos seus pecados se faz pela pessoa e obra de Cristo. Os não-salvos conhecerão o julgamento divino e justo no lago de fogo.
A eleição NÃO é uma escolha divina entre os bons e maus, mas ISTO SIM, uma escolha entre todos os maus, entre todos os que não buscaram a Deus.
É exatamente como lemos em Rm 3:10-18 — como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.
Quem recebe a misericórdia são os que Deus, soberanamente e segundo o beneplácito da Sua vontade, escolheu. Nos exemplos bíblicos, quem já reclamou disso?
Vale repetir, porque essa dúvida insiste em vir à tona, quando a doutrina da eleição é ensinada > Deus seria injusto em fazer uma distinção entre pessoas?
A duvida surge porque as pessoas pensam que todos são merecedores da atenção positiva de Deus. Mas essa dúvida é eliminada, quando é entendido que, entre os pecadores, NÃO HÁ ninguém que mereça qualquer atenção favorável de Deus.
Is 59:1,2 — Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. 2 Mas as nossas iniqüidades fazem separação entre nós e o nosso Deus; e os nossos pecados encobrem o seu rosto de nós, para que nos não ouça.
É claro que todos os pecadores necessitam da misericórdia divina, mas também deve ficar claro que não existe ninguém que mereça essa misericórdia.
Se, como alguns imaginam, entre todas as pessoas que supostamente mereçam uma atenção positiva, ou entre todas as pessoas que clamam em arrependimento, e que têm fé na salvação, fosse feita uma distinção preferencial, aí SIM haveria uma tremenda injustiça da parte de Deus.
Mas quando todas as pessoas são, verdadeiramente, inimigas de Deus e rebeldes (Rm 8:6-8) e condenadas (Jo 3:19), e ninguém está buscando a Deus (Sl 14:1,2), a misericórdia de Deus é concedida, individual e particularmente, sem que haja a mínima injustiça.
Resumindo: entre pessoas com merecimentos iguais, uma distinção preferencial é séria injustiça. Todavia, a eleição, ou a escolha, ou a predestinação, foi feita entre pessoas sem quaisquer merecimentos.
Tiago 2:13 — Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.
Reparem que, pelo fato de Deus fazer uma escolha qualquer entre os pecadores, isso não faz os pecadores não escolhidos mais ímpios do que eles já são.
A eleição também não faz os pecadores não-eleitos mais condenados. Ninguém é condenado pelo fato de não ser escolhido. NÃO!
A condenação é porque o homem pecou (Gn. 2:17; 3:6; Ez 18:20; Rm. 6:23). Os pecadores não são mais culpados, ou menos culpados, por não serem escolhidos, mas por não obedecerem os mandamentos de Deus.
Nesse sentido, 1 Jo 3.4 diz assim — Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.
É o pecado, portanto, e não a eleição, que condena. A escolha que Deus faz, somente opera de maneira que alguns pecadores são salvos, ou seja, que alguns tenham os seus pecados colocados em Cristo.
Todo pecador tem a responsabilidade de se arrepender dos pecados e crer no Filho de Deus, em Jesus Cristo, para ter a remissão dos pecados.
Deus fará a Sua obra da salvação nos que O buscam com todo o coração. Is 55:6,7 diz — Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.
Então, a mensagem é essa > Busquem o Deus misericordioso, através do Salvador, enquanto é dia!
2. O Tempo da Eleição
Quando foi que Deus decidiu, exatamente, quem receberia a Sua graça, graça que não era segundo a capacidade, nem pela ação do pecador?
Embora as pessoas possam discordar com o que já estudamos até aqui, todos são unânimes num ponto > a eleição foi determinada na eternidade passada, "antes da fundação do mundo" (Ef 1:4)
Entendemos, portanto, que o propósito divino para os eleitos serem salvos, veio antes de nós termos a possibilidade de conhecer a Deus (Is 45:5), antes da chamada à salvação (Rm 8:29,30), antes da própria fé (Atos 13:48; João 10:16) e veio bem antes dos eleitos terem nascidos, antes, pois, que fizessem o bem ou o mal (Rm. 9:11).
As Escrituras são claras, portanto, ao afirmar que a eleição é desde a eternidade.
A imutabilidade de Deus é referida neste ponto, pois Deus faz tudo segundo o Seu propósito (Rm 9:11; 2 Tm 1:9) que é segundo a Sua soberana vontade (Ef 1:11), os quais são integrantes dos atributos eternos de Deus.
Deus nunca pode ter um novo plano ou propósito. Em Atos 15:18 lemos — Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras; — ou como em Ef 3:11, seu "eterno propósito".
Se fosse possível a Deus ter um plano novo, este seria para melhorar aquele que veio antes, ou seria inferior ao que veio primeiro.
Mas Deus é perfeito (Nm 23:19) e 2 Co 5:21 afirma que Deus "não conheceu pecado", Deus é eterno (Sl 90:2, "de eternidade a eternidade, tu és Deus."), Deus é soberano (Ef 1:11 "faz todas as coisas segundo a Sua vontade") e Deus é imutável (Ml 3:6, "Porque eu, o SENHOR, não mudo").
Conseqüentemente, quando Deus salva um homem, Ele esteve sempre intencionado e propositado a salvá-lo.
Aqui, cabe uma observação > A eleição é da eternidade, mas a salvação da alma é feita no tempo de cada um. A eleição não é salvação, mas PARA a salvação. Fomos eleitos "desde o principio para a salvação" (2 Ts 2:13).
Pela operação do Espírito Santo no coração da pessoa, o eleito é levado a ter fé na verdade que é declarada pela pregação em tempo oportuno (Tiago 1:18).
Antes que o eleito seja salvo, ele está entre os mortos em pecados, pois está, ainda, sem a salvação, mesmo sendo eleito, escolhido ou predestinado.
Aquele que foi escolhido na eternidade por Deus, soberanamente, será operado pelo Espírito Santo para agir com fé, segundo a responsabilidade do homem no tempo presente e em resposta à Palavra de Deus (Atos 18:10; Rm. 10:13-17; João 15:16; Ef 2:10).
3. A Base da Eleição > O Amor de Deus
Para os salvos, é uma benção tremenda saber que, mesmo tendo amado a Deus, através de Cristo, somente no tempo presente, o eterno Deus os amou desde a eternidade.
Esse amor eterno também é um estímulo para os que ainda não foram salvos. Estes são animados a procurar esse grande amor e misericórdia, que ultrapassa a impiedade dos seus pecados (Rm. 5:20 "onde o pecado abundou, superabundou a graça").
Dt 7:7,8 — O SENHOR Deus os amou e escolheu, não porque vocês são mais numerosos do que outros povos; de fato, vocês são menos numerosos do que qualquer outro povo. Mas o SENHOR os amou e com a sua força os livrou do poder de Faraó, o rei do Egito, onde vocês eram escravos.
Nisto entendemos que o amor estimulou a eleição. O profeta Jeremias nos lembra desse amor eterno, o qual é a base da operação de Deus quando diz: — Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí (Jr 31:3).
O eleito reage ao amor de Deus, e não o contrário, que seria Deus reagindo ao amor do eleito. O salvo tem um relacionamento amoroso com Deus, justamente por causa do amor de Deus que agiu primeiro.
Por isso o apóstolo João declara em 1 Jo 4:19 — Nós O amamos porque ele nos amou primeiro.
Assim, pelo amor eterno de Deus podemos entender que este amor é maior do que os nossos pecados, fraquezas, tolices e desobediências.
A eleição é baseada, portanto, unicamente no amor. A eleição não é baseada, de maneira alguma, nas ações passadas, presentes ou futuras de qualquer homem.
As pessoas são finitas e, no tempo de cada uma, vêm a conhecer o Senhor Deus, mas a misericórdia e o amor de Deus sobre estas pessoas é "desde a eternidade e até a eternidade" (Sl 103:17).
Antes do eleito existir como um ser humano, e antes de ser temente a Deus, quando ainda era morto em ofensas e pecados, o amor de Deus era "desde a eternidade" passada, para com o seu povo e ficará sobre estes "até a eternidade" (Ef 2:1-5).
Desta maneira, porque tudo depende do amor de Deus, a nossa eleição NÃO É a única benção assegurada. A salvação eterna também é garantida.
A obra que o amor de Deus começou, o Seu poder em amor completará. Em Fl 1:6, o apóstolo Paulo afirma — Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.
Assim, que o descrente venha a Cristo confiante pela fé nesse amor de Deus, visto tão claramente em Cristo, é o nosso desejo. E que nós que somos cristãos possamos nos santificar a Cristo mais e mais! Amém

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 2


Na parte 1, começamos o Estudo sobre a Doutrina da Salvação que, como falamos, abrange várias outras doutrinas bíblicas.
Assim, vimos a Escolha de Deus na Salvação e vimos a natureza da Eleição, ou predestinação, mostrando que essa eleição de Deus é incondicional, ou seja, a eleição que Deus fez, antes da fundação do mundo, não foi baseada em algo que existia anteriormente, ou poderia existir posteriormente, no homem.
Hoje vamos dar continuidade ao estudo vendo:
1. A eleição é Pessoal e Individual
A escolha de Deus é descrita pela Bíblia como sendo pessoal e individual. Reparem, em Rm 9:15, o Senhor diz — Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
Quando a gente diz que a natureza da escolha de Deus é pessoal, queremos dizer que a eleição de Deus foi por pessoas individualmente conhecidas por Ele antes da fundação do mundo (Ef 1:4).
A eleição para salvação é para indivíduos, e não pelas ações destes indivíduos. Esse fato podemos entender pelos próprios pronomes usados com respeito à eleição.
A Bíblia nos diz que pessoas foram chamadas segundo o propósito de Deus, conforme está em Rm 8.28 — Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Essas mesmas pessoas, E NÃO as suas ações, são dadas como sendo antes conhecidas e predestinadas por Deus, como lemos em continuação nos vv.29-30 — Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
E em Rm 9.10-16 temos até a citação do nome de um homem que Deus escolheu antes dele ter nascido, ou de fazer bem ou mal, mas "para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme".
Falando sobre Israel, como nação, Deus confortava o Seu povo afirmando que Ele os amava com um amor eterno. Foi, portanto, reparem, pelo amor eterno, E NÃO por uma ação futura desse povo que Deus "com benignidade" os atraiu (Jr 31:3).
É, assim, pela ordenação de Deus que os predestinados chegam a crer e são salvos. É isso o que nos ensina At 13.48 — Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.
Não é, portanto, o contrário, ou seja, essas pessoas não foram ordenadas para a salvação por terem cridos. A ordenação divina veio em primeiro lugar.
A fé salvadora veio em seguida, e por causa da ordenação. Por isso podemos enfatizar que os predestinados são, pessoal e individualmente, conhecidos por Deus, em uma maneira especial, entre todos os que foram criados por Ele, antes da fundação do mundo (Ef 1:4; Tito 1:2).
Paulo, em sua 2ª carta aos Tessalonicenses, diz que a eleição pessoal e eterna é motivo dos salvos darem graças a Deus. 2ºTs 2:13 — Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação ...
Porque a eleição pessoal e individual é um motivo de gratidão, podemos, então, entender que a eleição é pela graça, e, assim, NÃO É, de maneira alguma, um direito dos pecadores, nem uma obrigação de Deus.
Mesmo sendo a eleição pessoal determinada pelas Escrituras Sagradas, ela pode parecer estranha à nossa concepção das coisas pela nossa razão humana.
Mas, mesmo assim, devemos crer nessa doutrina da mesma forma como Deus a explicou: — compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia (Rom. 9:15). Não temos o direito de questionar a Deus!
Se a aceitação dessa verdade necessita de uma fé maior, Deus se agrada disso. É o que está em Hb 11.6 — De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
E também, pela aceitação dessa verdade, Deus é adorado como convém, como lemos em Jo 4:23-24 — Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
2. A eleição é Particular e Preferencial
A escolha de Deus, por ser pessoal e individual, pode ser determinada também como sendo particular e preferencial. Isso quer dizer que, entre todos os condenados, Deus, em amor, particularmente, escolheu alguns para receber as bênçãos da salvação.
Podemos entender essa particularidade examinado alguns casos de escolha que Deus fez, os quais são relatados nas Escrituras, nos dando uma prova divina e segura de que a eleição particular e preferencial é bíblica: Por exemplo:
• Antes do dilúvio, a maldade se multiplicava ao ponto de todos os pensamentos dos homens serem maus continuamente. Todavia, um desses homens achou graça aos olhos de Deus. E, reparem que este homem NÃO merecia nenhum favor de Deus, ou melhor, ele era igual a todos os outros homens corruptos.
Agora, vejam, se esse homem agraciado merecesse o favor que Deus lhe deu, não seria mais graça na parte de Deus, e sim uma obrigação.
É como Paulo diz em Rm 11.6 — E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.
Mas, entre todos os corruptos, uma escolha diferenciada foi feita para transformar aquele homem, Noé, e a sua família, em vasos de benção (Gn 6:5-8).
• Outro exemplo: Entre os três filhos de Noé, Sem foi escolhido para ser na linhagem de Cristo (Gn 9:26; Lc 3:36) e não o filho Jafé que era o mais velho. Por que esta distinção foi feita? Porque a escolha de Deus é diferenciada, é particular e preferencial.
• Abraão foi escolhido em vez de Naor ou Harã para ser o pai das nações (Gn 11:26-12:9). Será que Abraão merecia essa preferência? Não, Abraão, junto com toda a sua família, servia a outros deuses (Js 24:2), tornando-se assim tão abominável quanto os demais.
Todavia, uma distinção foi feita, e foi Deus quem fez tal distinção. Entre todos os povos, entre os quais ninguém merecia a atenção de Deus, um teve a preferência do Senhor (Dt 7:6).
• Também Jacó, o enganador, foi o escolhido, em vez do seu irmão Esaú que não era um enganador (Hb 12:16,17; Rm. 9:10-16).
Se fossemos nós a escolher, especialmente se soubéssemos do futuro, NÃO escolheríamos conceder benção alguma a um homem enganador como Jacó. Todavia, Jacó foi escolhido pela eleição, antes mesmo de ter nascido, antes de ter feito o bem ou o mal (Sl 135:4).
A escolha preferencial é compreendida até em relação aos que NÃO foram escolhidos desde a fundação do mundo, como lemos em Ap17:8 — cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo...
Será que existe uma razão, maior que a preferência de Deus, que fez o Evangelho de Cristo ir para Europa em vez de ir para Ásia? (Atos 16:6-10). Porventura, as pessoas da Europa tinham mais fé do que as da Ásia?
Além disso, reparem, alguns anjos, de todos os que foram criados por Deus, foram eleitos para não cair (1Tm 5:21; Judas 6). Por que essa discriminação? Porque Deus é soberano.
Agora, vejam, existe salvação para o homem pecador, mas não para os anjos que caíram. O homem é um ser menor do que os anjos (Hb 2:6,7), e sendo assim, logicamente, deveria ter menos preferência.
Mas é evidente que uma distinção foi feita, SOBERANAMENTE, entre todos os seres criados que pecaram, e essa distinção foi feita para o bem do homem.
Assim, como constatamos biblicamente, essa distinção é puramente pela determinação divina, E NÃO pelo valor que qualquer um dos escolhidos tinham, têm ou teriam.
Nenhum homem, de maneira natural, entenderia isso e buscaria a Deus primeiro. O Sl 14:2-3 diz exatamente isso — Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
A escolha particular de uns e não de outros, entre os quais nenhum merecia uma discriminação favorável, revela que a eleição é particular, preferencial e graciosa. É soberania de Deus!
Pode ser que seja difícil, e é, para a mente humana entender por completo esse fato, mas a dificuldade para o homem compreender isso não determina que o fato deixe de ser uma característica de Deus, ou uma verdade menos revelada pela Palavra de Deus.
Agora, devemos ter o cuidado de NÃO rotular Deus de injusto. Rm 9:14 — Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
Finalmente, é necessário que a razão do homem se submeta à soberania de Deus e deixe o Senhor fazer o que quiser com aquilo que pertence a Ele.
Em Mt 20:15-16, Jesus diz — Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão últimos porque muitos são chamados, mas poucos os escolhidos.
Examinando os exemplos das escolhas preferenciais na Bíblia, podemos entender melhor as verdades sobre a causa da salvação que falamos anteriormente neste estudo.
Pela natureza da eleição, originando-se em Deus, percebemos o seguinte: Deus é a causa primeira da salvação. Isso é uma doutrina bíblica, ditada pela soberania de Deus que salva quem Ele quer de maneira pessoal e individual.
Pela natureza da eleição, que é particular e preferencial, podemos compreender a causa da salvação pela soberania de Deus, pois ninguém merecia ser escolhido para salvação.
3 - A eleição é Graciosa
A eleição que Deus faz é também descrita biblicamente como sendo graciosa. A definição da palavra graça em português é: 1. Favor dispensado, ou recebido, imerecido; mercê, benefício, dádiva. 2. Benevolência, estima, boa vontade (Dicionário Aurélio Eletrônico).
Em grego, a palavra ‘graça’ significa a influência divina no coração e a sua evidência na vida. Não é novidade que os ‘evangélicos’ creiam que a salvação é pela graça.
Muitas pessoas que freqüentam igrejas ‘evangélicas’ podem citar de cor Ef 2:8-9 que diz: — Porque pela graça sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Todavia, é novidade para muitos que a própria eleição para a salvação, também é pela graça. Muitos pensam que Deus foi influenciado na sua escolha por algo que o homem fez, faz ou faria.
A verdade é que a eleição para a salvação NÃO É baseada em nenhuma obra boa prevista no homem, pois no homem não habita bem algum (Rm 7:18; 3:23).
A escolha de Deus para a salvação do pecador é somente pelo favor imerecido que o Senhor concede a alguns. Deus olhou através da eternidade sobre todos os condenados, e, em amor e graça, entre todos os que não O procuravam, Ele, elegeu, ou predestinou alguns.
Jesus Cristo é claro quando diz em Jo 15:16 — Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça;
Reparem que lendo o testemunho dos salvos na Bíblia, não descobrimos ninguém que louva a sua própria fé, sua decisão por Cristo, sua oração eficaz, sua intenção espiritual, ou outra qualquer obra humana ou espiritual.
O testemunho bíblico é como nos diz Paulo, em 1Co 15:10 — Mas pela graça sou o que sou. — Se a eleição fosse baseada na mínima ação que o homem fez, faz ou faria, a eleição NÃO poderia ser determinada pela graça, mas seria, isto SIM, uma eleição "segundo a dívida", como está em Rm 4:4 — Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida.
4 - A eleição é Justa
A eleição que Deus faz é descrita na própria Bíblia como justa. O apóstolo Paulo declarou, por inspiração divina, que a eleição não é injusta. Rm 9:14 — Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
A eleição é entendida, portanto, como sendo justa, ou seja, no sentido de que Deus NÃO deve nenhuma ação positiva a homem nenhum.
Alguns querem entender que Deus, no mínimo, deve dar uma ‘chance’ para todos os homens. Todavia, quando consideramos a condição terrível do homem pecador, uma ‘chance’ não é o que o homem pecador precisa.
O pecador precisa uma ação positiva, regeneradora e graciosa da parte de Deus para ser salvo. Uma ‘chance’, sem a plena capacitação em nada ajudaria aos que estão mortos em pecados.
A salvação vem pela eleição, sem nenhuma obrigação pesando sobre Deus, para Ele escolher quem Ele quer influenciar com a Sua operação regeneradora.
Deus dá vida (não uma ‘chance’). A salvação vem pelos meios divinos para aqueles que o Senhor escolheu. E quem está reclamando disso (Rm 9:19)?
Deve ser considerado, também, que Deus tem direito, e não uma obrigação para com os homens. Deus é o Criador, o homem é a criatura (Gn 1:27; 2:7). Deus é o oleiro, e o homem, o barro (Rm 9:21-24).
Se Deus usa o Seu direito de fazer o que Ele quer, segundo o beneplácito da sua boa vontade, e escolhe alguns para conhecer as riquezas da Sua gloria, entre todos que somente mereciam a Sua ira, quem pode achar injustiça nisso?
Amém!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 1


A doutrina da salvação, na maioria das igrejas evangélicas, nos dias de hoje, é nebulosa ou, em casos piores, é contraditória. A confusão que existe sobre esta doutrina é tremenda...
E essa confusão acontece porque a Doutrina da Salvação trata de muitos tópicos em uma ordem que, muitas vezes, é difícil de acompanhar.
Mesmo que esse assunto contenha aspetos que são impossíveis de entender por completo, convém fazermos um estudo sobre ele, porque quase todos os livros da Bíblia falam da salvação.
O termo teológico deste assunto é soteriologia. Essa doutrina abrange as doutrinas da reprovação, da eleição, da providência, da regeneração, da conversão, da justificação e da santificação entre outras.
Também envolve a necessidade de pregação, de arrependimento e de fé. Inclui até as boas obras e a perseverança dos santos. A salvação não é uma doutrina fácil de entender...
Reparem que a salvação é uma atividade divina, em que participam as três pessoas da trindade, agindo no homem. Porque ela tratar da obra do Senhor que resulta no eterno bem do homem para a glória de Deus, somos incentivados a avançar neste assunto com temor e oração para entendê-la, na forma que é do agrado de Deus.
Que Deus nos guie com entendimento espiritual pelas maravilhas da Sua Palavra, no decorrer deste estudo. Que Deus nos traga a convicção e a compreensão verdadeira, e, pela Bíblia, nos dê um conhecimento profundo de Jesus Cristo (Ef 1:17-23).
1º - O Desígnio da Salvação
Por toda a eternidade, Deus deseja receber toda a glória de tudo que Ele fez, faz e fará ao seu povo. Em Rm 11:36 lemos — Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!
Na realidade a ninguém outro, senão a Deus Todo Poderoso, é devida toda a glória nos céus e na terra. Essa glória não vem de uma necessidade de Deus, pois Ele não necessita de nada.
Em Atos 17:24-25 aprendemos que — O Deus fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais...
Assim, a salvação que Deus nos dá é simplesmente um desejo de Deus e direito particular dos eleitos por Ele. Em 1 Co 1:26-31 lemos — Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.
Nesse sentido, a obediência é abençoada gloriosamente, porque ela glorifica a Deus. Ou seja, pela nossa obediência à Palavra de Deus, o Senhor é glorificado.
Esse é o dever de todo homem. Em Ec 12:13 a Palavra diz — De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.
A desobediência da lei de Deus é pecado. Esse é o ensinamento de 1 Jo 3:4 que diz — Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.
E, além disso, é o pecado que provoca a separação eterna da presença de Deus (Gn 2:17; Rom. 6:23). O pecado é uma abominação muito grande, justamente, por não intentar dar glória a Deus (Nm. 20:12,13; 27:14; Dt. 32:51). O pecado é iniqüidade a Deus e de nenhuma maneira é glorioso.
Desde o seu 1º pacto com os homens, Deus requer uma obediência completa. Essa obediência desejada tem a finalidade de glorificar o nome do Senhor.
A maldição no jardim do Éden (Gn. 3:14-19, 22-24) foi expressada porque o homem não colocou o desejo de Deus em primeiro lugar (Gn. 2:17; 3:6).
A destruição da terra pelo Dilúvio, nos dias de Noé, (Gên. 6:5-7) foi anunciada sobre todos os homens por eles servirem a carne e, nisso, não glorificarem a Deus (Mt 24:38).
A história bíblica mostra o povo de Deus sendo castigado repetidas vezes, um castigo que continua até hoje, por uma razão maior: adorar outros Deuses (Jr 44:1-10).
A condição natural do homem é abominável diante de Deus, justamente por ele não ter o temor de Deus diante de seus olhos (Rm 3:18).
A condenação final do homem ímpio será simplesmente em função desse homem não ter Deus nas suas cogitações (Sl 10:4), por desprezar toda a Sua repreensão (Pv 1:30) e por não se arrependerem para dar glória a Deus (Ap 16:9).
Assim, quando chegarmos ao assunto da salvação, não podemos procurar modificar o desígnio eterno de Deus. Na doutrina da salvação, Deus não está procurando dar uma glória ao homem.
A salvação, reparem, trata dos seres humanos e do estado eterno deles, mas isso não quer dizer que Deus não deseja receber a glória desse tratamento.
A salvação tem o propósito de trazer glória eternamente a Deus, e, essa glória na salvação, é por Jesus Cristo para todo o sempre (Rm 16:27; 2 Co 4:6; 1 Pe 5:10).
Assim, esse estudo visa fazer com que entendamos melhor como cada fase da salvação exalta a Cristo desde a eleição que foi feita em Cristo (Ef 1:3,4) até a santificação que traz os eleitos a serem semelhantes a Cristo (1 João 3:2).
Cristo é a semente incorruptível pela qual os salvos são gerados de novo (1 Pe 1:23-25). Cristo é o caminho sem o qual ninguém vai a Deus (João 14:6).
Cristo é a verdade na qual o pecador deve crer para ser salvo (Jo 3:35,36). Não existe uma operação sequer na salvação que não glorifique a Deus pelo Filho unigênito.
Existem muitos erros nas crenças de muitas igrejas e de muitos crentes já neste ponto inicial sobre o propósito da salvação. Muitos querem colocar as bênçãos que o homem recebe pela salvação como sendo os objetivos divinos na salvação.
Mesmo sendo verdade que o novo nascimento realizado na salvação é maior e mais glorioso do que o primeiro nascimento; mesmo sendo verdade que a salvação é de uma condenação horrível; mesmo sendo verdade que pela obra de Cristo, na salvação, Satanás foi vencido e, mesmo que pela salvação as nossa moradas celestiais estejam sendo construídas no céu; todas estas verdades são resultados da salvação, e NÃO as causas dela.
Muitos confundem o eterno lar, o fruto do Espírito Santo, a vida cristã diante do mundo, ou a igreja cheia de alegria, como desígnios da salvação.
Mas, o estado final da salvação NÃO deve ser confundido com o objetivo dela, nem os efeitos dela com as causas. Deus não tem propósito de dar a sua glória ao outro ser, inanimado, animado ou mesmo um salvo, mas, somente a Ele (Is 42:8).
Como em tudo mais que Deus faz, a salvação é centrada em Deus e em sua glória, e não nos benefícios do homem.
Se, em nosso entendimento desta maravilhosa doutrina da salvação, a ênfase for colocada nas bênçãos que o homem recebe, e não na glória de Deus, o nosso entendimento é falho e devemos buscar as bênçãos de Deus para que Ele nos endireite para adorarmos a Ele como Ele deseja, em espírito e em verdade (Jo 4:24).
2º - A Escolha de Deus na Salvação
Sei que nem todos os crentes crêem em tudo o que este estudo apresenta sobre eleição. Temos consciência de que existem explicações diferentes sobre o tema Salvação.
Mas, mesmo assim, é esperado que os crentes creiam em algo sobre o assunto. A Bíblia trata da Salvação sem confusão. Muitos pensam que mexer com este assunto de eleição é comprar uma briga.
Outros ainda ignoram o assunto por inteiro como se fosse uma parte das coisas encobertas de Deus e que Ele não quer que ninguém trate do assunto (Dt 29:29).
Todavia, como presbiterianos que somos, temos que expor o que a Bíblia diz sobre isso e, mesmo não entendendo tudo sobre Deus, é preciso crer pela fé naquilo que está revelado divinamente pela Palavra de Deus.
Este deve ser o mínimo esperado de um estudo bíblico. Devemos nos lembrar: — tudo o que está revelado na Bíblia pertencem a nós e a nossos filhos (Dt. 29:29)
E devemos nos lembrar de 2Tm 3:16-17 que diz — Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
O simples fato de que existem pessoas salvas entre a multidão dos espiritual e moralmente incapacitados; que existem vivos entre os mortos em pecados e ofensas; que existem pessoas que querem agradar a Deus entre muitos incapazes, que somente procuram os prazeres do pecado; isso é prova definitiva de que existe uma força maior do que os homens crentes operando para salvá-los.
Essa força opera segundo um poder fora do homem. Esse poder opera segundo uma determinação que não pertence ao homem.
E essa determinação é a própria vontade de Deus (Ef 1:11). A vontade soberana de Deus que é revelada nas Escrituras Sagradas em certos termos.
E o termo que estipula a ação da eterna vontade de Deus em determinar quem entre todos virão a ser salvos é ELEIÇÃO.
De que maneira entenderemos, pelo estudo, a eleição de Deus, é uma questão bíblica, e não é, de forma alguma, uma invenção de nenhum teólogo humano.
3. O Significado das Palavras Bíblicas: ‘eleito’ e ‘escolha’
Convém ter um entendimento da terminologia que Deus usa na Bíblia no tratamento desta doutrina. Existe a palavra ‘eleito’ tanto no AT (4 vezes somente: Is 42:1; 45:4; 65:9,22) e, no NT (27 vezes junto com as suas variações: eleição, escolhido).
Entretanto, onde a palavra ‘eleito’ é usada, tanto no AT quanto no NT, significa sempre a mesma coisa: escolhido, preferido, predestinado - por Deus.
A palavra hebraica é traduzida, na maioria dos casos, por ‘eleito’. Mas é também traduzida, em português, umas quatro vezes, por ‘escolhido’ (1 Cr 16:13; Sl 89:3; 105:6; 106:23).
A palavra em grego traduzida por ‘eleito’ no Novo Testamento (27 vezes) é também traduzida por ‘escolhido’, com a suas variações, (Mt. 20:16; Mc 13:20), "eleitos que escolheu" (João 13:18; 1 Co 1:27; Ef 1:4).
Somente com um olhar ao significado desta palavra ‘eleito’, como ela é usada pelas Escrituras Sagradas, podemos entender que a eleição é uma escolha, uma escolha feita por Deus.
4. A Natureza da Eleição
Desde que a Bíblia trata dessa escolha abertamente, não temos que chegar a uma vaga conclusão, deduzida por termos abstratos, definida por emoções, preferências doutrinárias, ou por mera simbologia.
Essa escolha é descrita pela Bíblia. Por ser descrita biblicamente não é necessário ter dúvidas sobre a natureza da eleição.
5. A eleição tem origem em Deus
É claramente estipulada biblicamente que a eleição origina-se em Deus. Os que crêem em Cristo são feitos filhos de Deus e salvos, mas NÃO se tornam eleitos pela fé.
Este novo nascimento não é, na sua origem, do sangue ou da carne do homem, mas de Deus. Jo 1:12,13 diz — Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E Rm. 9:16 acrescenta — Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.
Estes que querem vir a Deus e crer em Cristo, vêem e crêem porque foram dados a Cristo pelo Pai, em primeira instância, antes da existência do homem, antes da fundação do mundo.
Jo 6:37 — Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
Ef 1:4-5 — assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,
Pelo fato de serem dados a Cristo pelo Pai, temos uma prova clara de que existia primeiramente a determinação, e essa determinação de Deus é a origem de qualquer ação positiva feita pelo homem para com Deus.
Essa determinação NÃO foi do homem, mas de Deus (Jo 6:37). Porque a eleição foi motivada primeiramente por Deus, Cristo pôde declarar: — Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (Jo 15:16).
Realmente, se marcássemos na da Bíblia cada um dos casos em que Deus age soberanamente com o homem, cada uma das declarações que determinam que a eleição e os seus frutos são de Deus e cada ilustração ou parábola, que mostram que a eleição é a operação usual de Deus, entenderemos que quase todos os livros da Bíblia atestam que a eleição é de Deus pela Sua graça.
Considerando todas essas passagens bíblicas, verificamos que o homem não pode ajudar a Deus nessa escolha, pois o homem é incapaz de fazer qualquer coisa boa e, realmente, apenas maquina pensamentos maus continuamente (Gn 6:5; Jr 17:9; 13:23; Rm. 3:23).
Justamente porque a eleição vem primeiramente de Deus, os cristãos têm forte razão para adorar e louvar a Deus eternamente. É isto que o Apóstolo Paulo enfatiza na sua carta aos Efésios 1:3-4 — Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
6. A eleição é Incondicional
A natureza dessa escolha é descrita pela Bíblia também como sendo incondicional. Isso não quer dizer que a salvação não tem condições, pois as tem (e todas elas são preenchidas pelo sangue de Cristo, (Ef 2:13; 1 Pedro 1:19,20), mas, não estamos tratando agora do preço pago na salvação, mas SIM da escolha que Deus fez PARA a salvação.
Dizendo que a eleição é incondicional, devemos entender que aquela escolha que Deus fez antes da fundação do mundo (Ef. 1:4), não foi baseada em algo que existia anterior ou poderia existir posteriormente no homem.
Isto é, não há nada que se originou no homem que poderia ser interpretado como sendo uma condição que induziu Deus a escolher.
A condição da eleição não foi o conhecimento divino de que o homem aceitaria a salvação se ela fosse apresentada a ele. NÃO, de jeito nenhum!
No homem, não existe nenhuma coisa boa. Paulo diz em Rm 7:18 — Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum.
E, não habitando nada bom em nós, não existe nada em nós para atrair a atenção salvadora de Deus, nem algo que poderia dar ao Senhor uma predisposição a escolher o que era bom (Jr 13:23).
A condição da escolha primária NÃO foi do homem, mas de Deus que escolheu o homem "para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade" (Ef 1:5,9,11).
A condição da determinação primária de Deus foi pelo querer de Deus, e não por nenhuma justiça real, ou provável, que o homem poderia ter, intentar ou desenvolver. Is 64:6 diz que são — todas as nossas justiças como trapo da imundícia.
Se o homem tivesse qualquer condição favorável que o destacasse diante do favor de Deus, aquela condição faria Deus ser obrigado a conceder-lhe a salvação.
Isso faria a salvação ser pelas obras, ou pelas condições humanas, e não segundo a graça; o beneplácito da vontade divina.
A eleição, tanto quanto a salvação, é puramente pela graça: um favor divino, desmerecido ou imerecido pelo homem (Rm. 11:5,6; Ef 2:8,9).
Foi, portanto, uma escolha puramente divina e graciosa em salvar um homem que não tinha nenhuma condição boa para se apresentar diante de Deus com um mínimo de mérito qualquer.
Deus preferiu um pecador particular para receber a Sua graça somente porque quis. Rm 9:15,16 — Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.
Somente entendendo tudo sobre a vontade de Deus, algo que não podemos nunca atingir, entenderemos por completo por que Deus escolheria um homem tão depravado, que não possuía nenhuma capacidade, e, portanto, nenhuma condição, para atrair a atenção de Deus.
Mas, de fato, conforme a Bíblia, foi isso o que Deus fez. A escolha de Deus por Israel para ser o Seu povo revela essa atitude (Dt 7:7) e a escolha de Deus para a salvação é da mesma natureza (Jo 1:12,13; Rm 3:18-23; 9:15,16).
Devemos resumir esta parte da natureza da eleição como Jesus a resumiu: — Sim, ó Pai, porque assim te aprouve (Mt 11:26).
Amém

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

DONS ESPIRITUAIS - Estudo 8


No estudo anterior, vimos o dom da Liderança e, na seqüência, iniciamos o estudo de três dons que são chamados dons Revelatórios... Profecia, Línguas e Interpretação de Línguas.
Neste sentido, mostramos que o dom de Profecia somente pode ser considerado verdadeiro se estiver de acordo com a Bíblia. Salientamos também que o dom da profecia não é apenas a previsão de acontecimentos futuros.
Profecia é muito mais do que isso. Envolve principalmente a comunicação de Deus sobre o momento presente. O pastor quando prega no púlpito está profetizando.
Mesmo porque o sentido da palavra PROFETIZAR, no grego, é ANUNCIAR, ou falar no lugar de outra pessoa. Ou seja, Deus fala através dos PROFETAS.
Depois de discorrer sobre o dom de Profecia, demos início ao estudo do polêmico dom de Línguas. Mostramos, à luz da Bíblia, que há uma hierarquia entre os dons, por mais que certas denominações queiram negar isso.
E vimos que o Dom de Variedade de Línguas vem em último lugar. Ou seja, é o dom menos importante.
Agora, vamos dar continuidade ao estudo do dom de línguas, falando mais algumas coisas sobre esse dom.
Um aspecto interessante do dom de Línguas é que esse é o único dom que pode ser dividido em duas partes. Podemos chamar de Línguas Privadas e de Línguas Públicas.
O que isso significa? Reparem, Língua Privada, ou Língua de Oração, é a manifestação desse dom SEM qualquer acompanhamento de Interpretação.
O texto bíblico que melhor se refere à Língua Privada é o de 1º Co 14.28 onde Paulo diz que a pessoa que possui esse dom — não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus.
Com isso, entramos, agora, no Dom de Interpretação de Línguas.
É a segunda parte do dom de Línguas, ou seja, a Língua Pública.
Como vimos anteriormente, o dom de Línguas sem Interpretação é um dom que NÃO edifica a igreja, mas somente a pessoa que tem o dom. Por isso Paulo diz o que está em 1 Co 14.28
O que é, então, o dom de Interpretação de Línguas? É aquela capacidade que Deus dá a algumas pessoas do Corpo de Cristo de tornar conhecida, no idioma da igreja local, mensagens que tenham sido transmitidas em outro idioma.
Com uma certa freqüência o dom de Línguas é acompanhado do dom de Interpretação. Ou seja, a pessoa que tem o dom de línguas também tem o de interpretar. Entretanto, não é sempre que isso acontece.
A pessoa pode ter o dom de Línguas e outra pessoa na igreja tem o de Interpretar. O mais comum é que a mesma pessoa que apresenta uma mensagem pública em línguas, em seguida forneça a interpretação.
Não é preciso falar muito a respeito das línguas públicas — Língua seguida de Interpretação. A língua Pública funciona exatamente como a Profecia.
Assim, o argumento de todo o Capítulo 14 de 1º Coríntios desenvolve a idéia de que Língua Pública é equivalente a Profecia,
Desta maneira, o que já foi dito sobre dom de Profecia aplica-se ao dom de Línguas PÚBLICA.
Vamos passar agora à parte final do Estudo dos Dons, vendo 5 passos que a igreja deve dar para crescer através dos Dons.
1º Passo – A Igreja precisa concordar a respeito de uma Filosofia Ministerial.
O que isso significa? Significa que nós, como igreja, precisamos estabelecer uma clara afirmação do daquilo que esperamos a respeito dos Dons Espirituais.
Qualquer providência que a Primeirona tome para descobrir e USAR os dons espirituais tem que estar de acordo com a filosofia de ministério que estabeleçamos.
Como igreja, precisamos tomar decisões, como, por exemplo:
1. Quais são os dons que esperamos que Deus dê à nossa igreja?
2. Estamos abertos para receber dons espetaculares, como Línguas, Milagres, Curas? Se estamos, esses dons devem ser usados em público ou só de maneira privada? Se estamos dispostos a usar esses dons em público, devemos usá-los em todos os cultos, ou somente em determinados cultos, como no Culto de Oração?
3. Cremos que os crentes recebem o Espírito Santo quando são salvos, ou existe gente na nossa igreja que crê no batismo com o Espírito Santo como 2ª Bênção?
4. Qual a nossa posição com relação às pessoas que vem para a nossa igreja, mas discordam do nosso ponto de vista sobre os dons?
Essas e outras questões precisam ser tratadas pela igreja como um todo. Em relação aos dons, precisamos ter uma filosofia parecida com a filosofia do batismo.
Reparem, tem igreja que não batiza crianças, tem igreja que só batiza por imersão... Mas, nós, Presbiterianos, batizamos tanto adultos como crianças, batizamos por aspersão, mas se alguém é batizado por imersão, aceitamos essa pessoa como membro da igreja, porque a nossa filosofia é a de que NÃO importa a quantidade de água.
Isso não é uma questão essencial. Com relação aos dons espirituais é a mesma coisa. Temos que tomar uma decisão quanto a nossa filosofia em relação aos dons.
Precisamos descobrir quais os dons que Deus conferiu à Primeirona, estabelecer a nossa filosofia de Ministério a partir desses dons, e louvar a Deus pelas outras igrejas que têm diferentes filosofias de ministério.
Se fizermos isso, obtemos de imediato, dois benefícios. 1º - Aumentamos a comunhão e a fraternidade cristã entre o povo de Deus.
Não é isso que temos feito? Reparem na comunhão e no intercâmbio que estamos mantendo com a Igreja Pentecostal da Bíblia.
Nós precisamos aceitar e respeitar as diferenças entre as denominações e nos amar no Senhor. Vamos, portanto, nos lembrar sempre de 1º Co 13.
No estudo anterior, eu disse aos irmãos que antes de Paulo dizer quais são os melhores dons, ele faz um parêntesis e fala de um Dom Especial, um dom que está acima de qualquer outro: O DOM DO AMOR.
O 2º benefício que obtemos ao descobrir quais os dons Deus conferiu à Primeirona, e estabelecer a nossa filosofia de Ministério a partir desses dons, é que teremos real crescimento da nossa igreja... Tanto em quantidade quanto espiritualmente.
2º Passo – Iniciar o processo de crescimento
Reparem, descobrir, desenvolver e usar os dons espirituais pode, de fato, ajudar a igreja a crescer. Mas, o crescimento de uma igreja é algo muito mais complexo do que pensamos.
Quando os dons espirituais são descobertos, eles precisam ser, de fato, usados. Porque, se isso não acontecer, podemos sofrer frustrações tremendas. Quando a igreja não usa os dons, ela pode perder membros.
Por que? Porque, depois que os dons são descobertos, se não forem usados, as pessoas que têm esses dons têm a tendência de sair da igreja e procurar outra onde o seu dom se mostra útil....
3º Passo – Estrutura para os Dons e para o Crescimento
Esse é um assunto que eu, na verdade, não gostaria de falar. Pode parecer que estou “puxando a brasa para a minha sardinha”, porque esse passo, segundo Peter Wagner, estabelece que:
“A estrutura mais apropriada para o crescimento da igreja é aquela que reconhece plenamente a posição de liderança do pastor, deixando-o livre para utilizar os seus dons e os dons dos membros”.
Naturalmente, a nossa estrutura presbiteriana, na qual a igreja local é dirigida por um Conselho, vai tudo bem se NÃO houver desentendimentos entre os membros do Conselho... E graças a Deus aqui na Primeirona não temos esse tipo de problema.
Mas, com relação a esse assunto, a igreja como um todo deve adotar aquilo que esta em Hb 13:17 — Obedecei aos vossos guias (isto é ao Conselho, ao pastor) e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.
Esse assunto é, no entanto, importante, porque a igreja pode vir a sofrer quando os membros não compreendem e nem praticam o principio bíblico da obediência para os que estão em posição de autoridade.
Esse tipo de problema, frequentemente, é a causa do NÃO crescimento da igreja,
4º Passo – Desembrulhar os Dons Espirituais
O que significa isso? É como se fosse uma noite de Natal. Deus nos deu o presente dos dons. Agora, o que nós precisamos fazer é desembrulhar os presentes.
Quando a gente desembrulha presentes, a gente quer saber o que tem dentro. Né? Pois bem, existem alguns pontos que precisam ser conferidos para que os dons entrem em processo de fazer a igreja crescer.
a. Motivar a igreja
É isso o que estou fazendo ao fazer esse estudo dos dons com os irmãos. Muito possivelmente, a partir de agora irei pregar sermões que falem sobre os dons.
Quanto mais falarmos sobre os dons espirituais, mais e mais os membros da igreja serão motivados a falar também, a descobrir seus dons, a desenvolvê-los e a usá-los.
b. Estudar os dons
Estudar cada vez mais os ensinamentos bíblicos sobre os dons. Já falei sobre isso, mas o ponto é tão importante que precisamos falar sempre sobre isso.
O Estudo Bíblico sobre os dons vai ajudar a igreja a não apenas conhecer os dons, mas, principalmente, vai mostrar a cada um de nós como estamos ajustados no Corpo de Cristo, vai mostrar o que cada um dos dons significa para nós.
c. Ajudar os adultos a descobrirem seu dons.
Estou falando propositalmente na palavra adulto, pelo seguinte. Reparem, os crentes mais jovens nem sempre estão prontos a usar seus dons.
Por exemplo, se a pessoa tem 15 anos e ainda não sabe qual é o seu dom, não precisa se preocupar. Com o tempo a pessoa termina descobrindo o seu dom.
Agora, se o crente já vai com 25, 30 ou mais anos e ainda não sabe qual é o seu dom, deve começar a se preocupar.
5º Passo – Esperar a Bênção de Deus
O ensino sobre os dons espirituais não foi inventado por alguém que é especialista em gerenciamento de igrejas, nem por algum departamento de crescimento de igrejas, nem por algum Seminário Teológico.
Não! O ensino sobre os dons espirituais vem diretamente da Palavra de Deus... Isso significa que, se somos crentes verdadeiros, podemos ter a certeza de que Deus quer que o seu povo opere, uns em comunhão com os outros, usando seus dons espirituais.
Essa é a maneira de fazermos o trabalho que Deus determinou para nós. A FÉ é a chave. Hb 11:6 nos diz que — sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
E essa fé nos diz que Deus quer que a Sua igreja cresça, Deus quer que as ovelhas perdidas sejam achadas, e Deus quer que cada um de nós use os dons que Ele nos deu para fazer esse trabalho, para honra e glória de seu Santo Nome... Amém.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

DONS ESPIRITUAIS - Estudo 7


No último estudo, vimos alguns dons espirituais, entre eles o dom do Ensino, mostrando que esse dom está presente em todas as igrejas, bem como ele pode se manifestar de diversas maneiras. Exemplos: crianças, discipulado e outros.
Conversamos também a respeito do dom de Pastoreio, o qual envolve o dom de ensino. Depois, vimos o dom de Exortação, através do qual uma pessoa ministra a outra palavras de consolo, de encorajamento, de ânimo e de aconselhamento.
Outro dom que vimos foi o de Administração... E falamos também a respeito do dom da Fé... Agora, iremos estudar mais alguns dons...
DOM 6: LIDERANÇA
O dom da liderança é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para estabelecer alvos de acordo o propósito de Deus para o futuro.
A pessoa que tem o dom da Liderança transmite aos outros a intenção de conquistar esses alvos, ou objetivos, de tal modo que, voluntária e harmoniosamente, o grupo busca concretizar esses objetivos para a glória de Deus.
Os líderes precisam de seguidores. Se a qualidade de liderança estiver relacionada ao dom, em contraste com algum mero diploma ou poder legal, os seguidores do líder farão o que ele determinar de forma voluntária.
As pessoas que recebem o dom da liderança não manipulam, nem coagem os outros. Ao contrário, elas produzem uma confiança própria de quem sabe para onde está indo e qual será o próximo passo. A maioria das pessoas quer ser lideradas (94%)...
Os melhores líderes NÃO se mostram tensos. Eles sabem o que precisa ser feito e também sabem que não podem fazer sozinhos o que precisa ser feito.
Assim, os lideres desenvolvem habilidades no campo da delegação de poder e na transferência de responsabilidades para outras pessoas...
Vamos ver, agora, três dons que cabem, por assim dizer, dentro de um mesmo pacote > Profecia, Línguas e Interpretação de Línguas.
Esses três dons pertencem a um grupo que podemos chamar de Dons Revelatórios. Ou seja, informações da parte de Deus são transmitidas ao Corpo de Cristo através desses dons.
Entretanto, é preciso fazer uma advertência: Isso não pode ser confundido com as revelações contidas nas Escrituras Sagradas. Ou seja, a Bíblia é a Palavra de Deus inerrante.., e não existe outra.
Os dons que nós estamos estudando agora são apenas UMA palavra da parte de Deus > NÃO são A Palavra de Deus. O que isso significa?
Significa que as pessoas que transmitem essas informações através desses dons NÃO são inerrante. Essas informações dadas através da profecia, ou pelo dom de línguas, sempre devem passar por um exame à luz da Bíblia.
Uma profecia só pode ser considerada verdadeira se estiver de acordo com a Bíblia, porque, caso contrário, é pilantragem, enganação, armadilha do maligno.
Um aspecto interessante é que os crentes, que possuem o dom de Discernimento de Espíritos, são capazes de descobrir prontamente se uma profecia é falsa ou verdadeira.
Esses três dons, Profecia, Línguas e Interpretação, podem ser verdadeiros (também podem ser falsos), mas existem crentes que os usam de maneira errada.
Amados, precisamos estar sempre atentos para resistir às artimanhas do diabo, para identificar tudo aquilo que ponha em dúvida, ou contrarie a autoridade da Bíblia.
A combinação dos ensinos bíblicos sobre os dons espirituais, junto com a experiência de crentes sérios, permite que cheguemos à seguinte conclusão: Deus, como nos tempos bíblicos, fala ainda hoje a nós.
Só que existe um detalhe. Deus fala conosco, hoje, diante de necessidades específicas e de situações também específicas. E quando isso acontece, NUNCA a Bíblia é questionada, ou contrariada.
A partir de agora vamos, portanto, estudar cada um desses três dons separadamente.
1. DOM DE PROFECIA
O dom de Profecia é aquela capacidade especial que Deus dá a alguns membros do corpo de Cristo para receberem e transmitirem mensagens necessárias ao povo de Deus.
Aqui cabe uma observação importante. Muitas pessoas pensam que profecia significa apenas predição a respeito do futuro. Mas isso é apenas uma parte. À luz da Bíblia, Profecia é, também e principalmente, uma palavra de Deus sobre o momento presente.
Assim, o pastor, quando prega a Palavra no púlpito, ele está profetizando. Na verdade, o dom da Profecia é muito mais usado para solucionar problemas do presente, do que para revelar coisas sobre o futuro.
No grego, o sentido principal da palavra PROFETIZAR é ANUNCIAR, ou falar no lugar de outra pessoa. Ou seja, Deus fala através dos Profetas.
Entretanto, uma pessoa que profetiza pode errar. Os profetas da Bíblia já passaram pelo teste e foram plenamente aprovados. Mas, a pessoa que tem o dom da profecia, nos dias de hoje, precisa e deve se submeter a ser corrigido, quando for o caso, pelo restante da igreja. Os verdadeiros profetas se dispõem a isso.
Ou seja, permitem que as suas palavras sejam testadas e, o que é mais importante, quando erram, admitem que erraram. Os verdadeiros profetas, aliás, querem e anseiam que as suas profecias sejam confirmadas pela Bíblia e pelo Corpo de Cristo.
As pessoas que recebem o dom da Profecia, ao usar o seu dom, podem transmitir consolo, orientação, advertência, encorajamento, exortação e edificação...
Outro aspecto interessante é que algumas profecias podem ser dirigidas a pessoas individualmente, e outras profecias podem se destinar ao Corpo de Cristo como um todo.
Todavia, seja como for, as profecias devem ser recebidas como mensagens autênticas e autorizadas pelo Espírito Santo. Isso significa que, através do Profeta, o Espírito Santo faz a intervenção e se dirige diretamente aos ouvintes.
Quando esse dom espiritual é confirmado pelo Corpo de Cristo, a pessoas que tem o dom da Profecia deve ser respeitada e as suas palavras devem ser recebidas com confiança pelos crentes da igreja.


2. Dom de Línguas
Esse dom é talvez o dom mais polêmico. Afinal, o que é o Dom de Línguas? O Dom de Línguas é a capacidade que Deus dá a alguns membros do Corpo de Cristo para falar a Deus, ou receber de Deus uma mensagem, em um idioma que tais pessoas nunca aprenderam.
Vamos analisar em profundidade esse dom, para que não fique nenhuma dúvida em relação a esse assunto.
1. Pela leitura de Atos 2, verificamos que o Espírito Santo capacitou os apóstolos para falarem nas diferentes línguas humanas daquela época: Latim, Grego, Hebraico, Aramaico e Egípcio.
Estas eram, portanto, línguas, ou idiomas, falados pelas pessoas reunidas ali em Jerusalém. Assim, os apóstolos falaram nesses idiomas, ou foram entendidos pelas pessoas de diferentes idiomas.
2. Nós encontramos instrução completa sobre esse dom em 1º Co 12-14. Assim, em 1 Co 12:28-30 lemos o seguinte — A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. 29 Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres? 30 Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos?
Reparem que há uma hierarquia dos dons, por mais que certas denominações queiram negar isso. Reparem também que o Dom de Variedade de Línguas vem em último lugar. Ou seja, é o dom menos importante.
Além disso, é fundamental observar que os v.29-30 mostram, claramente, que algumas pessoas têm alguns dons e que outras pessoas têm outros dons.
Isso significa que não são todos os cristãos que receberam o dom de línguas. Assim, as denominações que afirmam que quem não tem o dom de Línguas não têm o Espírito Santo, ou não foram batizados no Espírito Santo, ignoram, ou estão falseando completamente o que está escrito na Palavra de Deus.
3. O v.31 diz assim — Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente.
Ou seja, o apóstolo Paulo fala, clarissimamente, que existem dons melhores que outros.
4. Agora, reparem, isso é o mais importante. Antes de Paulo dizer quais são os melhores dons, ele faz um parêntesis e fala de um Dom Especial, um dom que está acima de qualquer outro: O DOM DO AMOR
E, para isso, Paulo usa todo o capítulo 13. Logo no v.1 ele diz — Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ou seja, se não houver amor, qualquer dom é barulho inútil e não tem qualquer valor.
5. Em seguida, no capítulo 14, Paulo, então, anuncia qual é o melhor dos dons >> O DOM DE PROFECIA, o qual só fica atrás do AMOR que é superior a todos os outros.
Reparem o que está escrito em 14:1-5 — Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis. 2 Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. 3 Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando. 4 O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja. 5 Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação.
Vemos, portanto, aqui, na própria Bíblia, a enorme superioridade do dom de Profecia sobre o dom de Línguas.
Assim, é preciso que o crente interessado, de fato, na verdade, leia e releia com muita atenção todo esse capítulo 14 para que não fique qualquer dúvida.
6. Reparem bem, Rm 12:3-8 e Ef 4:7-14, passagem importantes da Bíblia que falam sobre os dons, NÃO falam nada a respeito do dom de Línguas.
As demais cartas da Bíblia também não falam sobre o dom de Línguas. Esse dom somente é mencionado na Carta aos Coríntios. Amém

sábado, 7 de fevereiro de 2009

DONS ESPIRITUAIS - Estudo 6


No estudo anterior, vimos como devemos proceder para descobrir os nossos dons espirituais. Neste sentido, mostramos que, antes de qualquer coisa, existem 4 condições fundamentais que precisam estar presentes na nossa vida, para que comecemos o processo de descobrir os nossos dons.
1. É preciso ser cristão verdadeiro... Ter nascido de novo
2. Crer nos dons espirituais...
3. Estar disposto a se esforçar para descobrir o seu dom...
4. Orar...
Depois dessas condições fundamentais, vimos quais os passos que deveríamos dar para descobrir os nossos dons:
1. Explorar todas as possibilidades... Conhecer os todos dons...
2. Experimentar o maior número possível de dons...
3. Examinar os nossos sentimentos...
4. Avaliar a nossa eficiência...
5. Confirmar o dom através do Corpo de Cristo...
Pois bem, agora, vamos estudar mais alguns dons espirituais, para que possamos distinguir cada um deles no Corpo de Cristo.
DOM 3: DOM DO ENSINO
O dom de ensino é a capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para comunicarem informações importantes para a saúde desse corpo e para o ministério dos membros desse corpo.
Isso é feito de tal maneira que os membros do Corpo de Cristo aprendem aquilo que é necessário para crescerem em seus ministérios e na vida cristã de uma maneira geral.
É necessário que cada um de nós compreenda para que serve o dom de ensino = que as pessoas aprendam. Esse dom aparece nas três listas primárias dos dons espirituais: Rm 12, 1 Co 12 e Ef 4.
Agora, reparem, Isso não quer dizer que um dom seja mais válido, ou mais importante que outro, somente porque é mencionado mais de uma vez.
Provavelmente, o fato de um dom ser citado mais de uma vez signifique que esse dom é mais universal... Isto é, é mais facilmente encontrado.
Apesar de ser verdade que diferentes Igrejas possuem diferentes conjuntos de dons, como já vimos anteriormente, todas as Igrejas têm membros com o dom de ensino como parte dessa combinação.
Outro aspecto importante é que o dom de ensino se manifesta de muitas maneiras. Por exemplo, algumas pessoas recebem o dom de ensino que lhes permite uma comunicação melhor com as crianças. Outras pessoas receberam o dom do ensino e o utilizam no discipulado, como foi o caso de Paulo e Timóteo, e o caso de Áquila e Priscila com Apolo.
Em Atos 18:24-26, lemos o seguinte — Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áqüila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus.
O dom de ensino, normalmente, é um dom que envolve mais tempo do que os outros dons. Ao contrário dos outros dons que, geralmente, só são utilizados de vez em quando, o ensino envolve um uso regular e constante.
Por exemplo, o dom de libertação, ou o de discernimento de espíritos, só é usado de vez em quando. Agora, o dom de ensino não é para ser usado assim.
Uma vez descoberto e estando em operação, o dom de ensino exige dedicação constante... Quem possui esse dom precisa dedicar muito tempo ao estudo e à preparação de aulas...
Outro aspecto importante: os mestres que receberam o dom de ensino também precisam se mostrar pacientes com seus alunos. Eles precisam criar um ambiente onde os estudantes se sintam livres para levantar indagações, perguntar e, até, questionar.
Isso, consequentemente, exige que o mestre tenha se preparado bem naquele assunto que está sendo tratado.
DOM 20: DOM DO PASTOREIO
O dom de pastor é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para assumirem uma responsabilidade pessoal pelo bem-estar espiritual de um grupo de crentes.
A palavra “pastor” foi tomada por empréstimo das atividades pastoris, particularmente da criação de ovelhas. Essa ocupação não é tão bem entendida nos dias de hoje, como acontecia na Palestina no início do Cristianismo...
O pastor de um grupo de crentes é a pessoa, abaixo de Jesus (que é o Pastor Supremo), que trabalha no ensino, na alimentação das almas, na cura das feridas da alma, no desenvolvimento do senso de unidade, no auxílio para que as pessoas descubram seus dons.
O dom de pastor, com freqüência, está vinculado ao dom de mestre, como vemos em Efésios 4:11 que diz — E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres...
O ensino faz parte, portanto, da responsabilidade da pessoa que recebeu o dom de pastor. Entretanto, o ensino pode envolver uma relação de curto prazo entre professor e estudantes. Por exemplo, apenas durante o período de um curso.
Mas, o dom de pastor envolve uma relação muito mais paciente e pessoal a longo prazo. Nenhuma Igreja contrata alguém para vir fazer trabalho pastoral por uma semana, ou por um mês...
Peter Wagner fala a respeito de pessoas que recebem o dom de pastor, mas não são ordenados. Por outro lado, algumas vezes, pastores de grandes Igrejas não receberam exatamente este dom de pastoreio, embora tenham o título de pastor.
Esses pastores são administradores de igrejas e pregadores. Eles têm assim o dom da administração e o dom de profecia (pregação)...
DOM 4: DOM DE EXORTAÇÃO
Um crente pode manifestar esse dom de duas maneiras:
1. Em uma situação de pregação ou de ensino, num encontro de grupo, por exemplo, ou 2. Numa situação particular de pessoa para pessoa, para satisfazer à necessidade específica de um momento.
O crente dotado deste dom é aquele que se preocupa com o bem-estar espiritual dos irmãos... É aquela pessoa que tem uma qualidade especial para ministrar palavras de consolo, encorajamento, ânimo e conselho a outros membros do Corpo, de tal modo que estes se sentem ajudados e curados.
O mais evidente exemplo bíblico do dom da exortação foi o companheiro de Paulo, Barnabé, que foi chamado de “filho da exortação”, em Atos 4:36.
Barnabé foi instrumento de Deus para introduzir Paulo no ministério, como também para encaminhar João Marcos que, inicialmente, havia sido recusado pelo apóstolo Paulo.
Todos os crentes têm o dever de cuidar uns dos outros. Lemos em Hebreus 3:13 — exortai-vos mutuamente a cada dia.
O estilo de vida dos crentes, em comunhão uns com os outros, mostra que devemos aconselhar, compartilhar e encorajar uns aos outros a todo o tempo. Todavia, alguns crentes são dotados do dom especial do aconselhamento, ou da exortação.
DOM 18: ADMINISTRAÇÃO
O dom da administração é aquela capacidade especial que Deus dá a alguns dos membros do Corpo de Cristo a fim de que ministrem na área de planejamento estratégico e também na execução de planos eficazes para a concretização dos objetivos que o Senhor tem para Sua Igreja.
A palavra grega correspondente ao dom da administração significa “piloto”, ou seja, aquele que maneja o timão de um navio, ou o manche de um avião. É o piloto, ou o timoneiro, que está encarregado de levar o navio a seu destino.
Essa é uma perfeita descrição da pessoa a quem Deus deu o dom da administração. O timoneiro é aquele que fica entre o proprietário do navio e a tripulação.
O proprietário da embarcação toma as decisões básicas quanto aos propósitos da viagem, determina para onde o navio deve ir, e o que será feito quando o navio chegar a seu destino.
O proprietário da embarcação também cuida de contratar um piloto e mostra como deseja que o barco seja conduzido. A tripulação, por sua vez, recebe ordens do piloto e faz o trabalho necessário para que o piloto conduza o navio ao seu destino.
DOM 10: FÉ
O dom da fé é aquela capacidade especial que Deus dá a alguns dos membros do Corpo de Cristo para poderem discernir, com extraordinária confiança, a vontade e os propósitos de Deus quanto ao futuro de Sua obra.
As pessoas dotadas do dom da fé, normalmente, estão mais interessadas no futuro do que na história. Essas pessoas são pensadoras que se concentram nas possibilidades, sem se deixarem desencorajar pelas circunstâncias, pelos sofrimentos ou pelos obstáculos.
São pessoas capazes de confiar em Deus na remoção de montanhas, conforme vemos em I Coríntios 13:2 que diz — Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
À semelhança de Noé, as pessoas que têm o dom da fé se dispõem a construir uma arca em tempo seco, mesmo diante do ridículo e da crítica, sem jamais admitir qualquer dúvida de que Deus realmente enviará um dilúvio.
George Muller, de Bristol, na Inglaterra, há mais de cem anos atrás, percebeu com clareza a vontade de Deus quanto a construção de orfanatos e não se deixou abater por múltiplos obstáculos, incluindo a quantia de cinco milhões de dólares que precisava conseguir para realizar seu ministério.
Todo este dinheiro foi recolhido durante o seu período de vida. (ele também foi citado quando estudamos o dom da pobreza voluntária!).
Muller adotou como norma nunca fazer pedidos diretos por dinheiro, mas seu ministério tornou-se bem conhecido e os fundos foram suficientes. Ele foi um homem de intercessão e de fé
A pessoa com o dom da fé e que ocupa uma posição de liderança na Igreja local pode discernir, com um grande grau de confiança, onde Deus quer que a Igreja esteja dentro de cinco ou dez anos. Será capaz de estabelecer alvos. Poderá estabelecer uma atitude que leve ao crescimento da igreja. E como a Primeirona precisa de pessoas com o dom da fé... Amém