quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 2


Na parte 1, começamos o Estudo sobre a Doutrina da Salvação que, como falamos, abrange várias outras doutrinas bíblicas.
Assim, vimos a Escolha de Deus na Salvação e vimos a natureza da Eleição, ou predestinação, mostrando que essa eleição de Deus é incondicional, ou seja, a eleição que Deus fez, antes da fundação do mundo, não foi baseada em algo que existia anteriormente, ou poderia existir posteriormente, no homem.
Hoje vamos dar continuidade ao estudo vendo:
1. A eleição é Pessoal e Individual
A escolha de Deus é descrita pela Bíblia como sendo pessoal e individual. Reparem, em Rm 9:15, o Senhor diz — Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
Quando a gente diz que a natureza da escolha de Deus é pessoal, queremos dizer que a eleição de Deus foi por pessoas individualmente conhecidas por Ele antes da fundação do mundo (Ef 1:4).
A eleição para salvação é para indivíduos, e não pelas ações destes indivíduos. Esse fato podemos entender pelos próprios pronomes usados com respeito à eleição.
A Bíblia nos diz que pessoas foram chamadas segundo o propósito de Deus, conforme está em Rm 8.28 — Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Essas mesmas pessoas, E NÃO as suas ações, são dadas como sendo antes conhecidas e predestinadas por Deus, como lemos em continuação nos vv.29-30 — Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
E em Rm 9.10-16 temos até a citação do nome de um homem que Deus escolheu antes dele ter nascido, ou de fazer bem ou mal, mas "para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme".
Falando sobre Israel, como nação, Deus confortava o Seu povo afirmando que Ele os amava com um amor eterno. Foi, portanto, reparem, pelo amor eterno, E NÃO por uma ação futura desse povo que Deus "com benignidade" os atraiu (Jr 31:3).
É, assim, pela ordenação de Deus que os predestinados chegam a crer e são salvos. É isso o que nos ensina At 13.48 — Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.
Não é, portanto, o contrário, ou seja, essas pessoas não foram ordenadas para a salvação por terem cridos. A ordenação divina veio em primeiro lugar.
A fé salvadora veio em seguida, e por causa da ordenação. Por isso podemos enfatizar que os predestinados são, pessoal e individualmente, conhecidos por Deus, em uma maneira especial, entre todos os que foram criados por Ele, antes da fundação do mundo (Ef 1:4; Tito 1:2).
Paulo, em sua 2ª carta aos Tessalonicenses, diz que a eleição pessoal e eterna é motivo dos salvos darem graças a Deus. 2ºTs 2:13 — Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação ...
Porque a eleição pessoal e individual é um motivo de gratidão, podemos, então, entender que a eleição é pela graça, e, assim, NÃO É, de maneira alguma, um direito dos pecadores, nem uma obrigação de Deus.
Mesmo sendo a eleição pessoal determinada pelas Escrituras Sagradas, ela pode parecer estranha à nossa concepção das coisas pela nossa razão humana.
Mas, mesmo assim, devemos crer nessa doutrina da mesma forma como Deus a explicou: — compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia (Rom. 9:15). Não temos o direito de questionar a Deus!
Se a aceitação dessa verdade necessita de uma fé maior, Deus se agrada disso. É o que está em Hb 11.6 — De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
E também, pela aceitação dessa verdade, Deus é adorado como convém, como lemos em Jo 4:23-24 — Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
2. A eleição é Particular e Preferencial
A escolha de Deus, por ser pessoal e individual, pode ser determinada também como sendo particular e preferencial. Isso quer dizer que, entre todos os condenados, Deus, em amor, particularmente, escolheu alguns para receber as bênçãos da salvação.
Podemos entender essa particularidade examinado alguns casos de escolha que Deus fez, os quais são relatados nas Escrituras, nos dando uma prova divina e segura de que a eleição particular e preferencial é bíblica: Por exemplo:
• Antes do dilúvio, a maldade se multiplicava ao ponto de todos os pensamentos dos homens serem maus continuamente. Todavia, um desses homens achou graça aos olhos de Deus. E, reparem que este homem NÃO merecia nenhum favor de Deus, ou melhor, ele era igual a todos os outros homens corruptos.
Agora, vejam, se esse homem agraciado merecesse o favor que Deus lhe deu, não seria mais graça na parte de Deus, e sim uma obrigação.
É como Paulo diz em Rm 11.6 — E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.
Mas, entre todos os corruptos, uma escolha diferenciada foi feita para transformar aquele homem, Noé, e a sua família, em vasos de benção (Gn 6:5-8).
• Outro exemplo: Entre os três filhos de Noé, Sem foi escolhido para ser na linhagem de Cristo (Gn 9:26; Lc 3:36) e não o filho Jafé que era o mais velho. Por que esta distinção foi feita? Porque a escolha de Deus é diferenciada, é particular e preferencial.
• Abraão foi escolhido em vez de Naor ou Harã para ser o pai das nações (Gn 11:26-12:9). Será que Abraão merecia essa preferência? Não, Abraão, junto com toda a sua família, servia a outros deuses (Js 24:2), tornando-se assim tão abominável quanto os demais.
Todavia, uma distinção foi feita, e foi Deus quem fez tal distinção. Entre todos os povos, entre os quais ninguém merecia a atenção de Deus, um teve a preferência do Senhor (Dt 7:6).
• Também Jacó, o enganador, foi o escolhido, em vez do seu irmão Esaú que não era um enganador (Hb 12:16,17; Rm. 9:10-16).
Se fossemos nós a escolher, especialmente se soubéssemos do futuro, NÃO escolheríamos conceder benção alguma a um homem enganador como Jacó. Todavia, Jacó foi escolhido pela eleição, antes mesmo de ter nascido, antes de ter feito o bem ou o mal (Sl 135:4).
A escolha preferencial é compreendida até em relação aos que NÃO foram escolhidos desde a fundação do mundo, como lemos em Ap17:8 — cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo...
Será que existe uma razão, maior que a preferência de Deus, que fez o Evangelho de Cristo ir para Europa em vez de ir para Ásia? (Atos 16:6-10). Porventura, as pessoas da Europa tinham mais fé do que as da Ásia?
Além disso, reparem, alguns anjos, de todos os que foram criados por Deus, foram eleitos para não cair (1Tm 5:21; Judas 6). Por que essa discriminação? Porque Deus é soberano.
Agora, vejam, existe salvação para o homem pecador, mas não para os anjos que caíram. O homem é um ser menor do que os anjos (Hb 2:6,7), e sendo assim, logicamente, deveria ter menos preferência.
Mas é evidente que uma distinção foi feita, SOBERANAMENTE, entre todos os seres criados que pecaram, e essa distinção foi feita para o bem do homem.
Assim, como constatamos biblicamente, essa distinção é puramente pela determinação divina, E NÃO pelo valor que qualquer um dos escolhidos tinham, têm ou teriam.
Nenhum homem, de maneira natural, entenderia isso e buscaria a Deus primeiro. O Sl 14:2-3 diz exatamente isso — Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
A escolha particular de uns e não de outros, entre os quais nenhum merecia uma discriminação favorável, revela que a eleição é particular, preferencial e graciosa. É soberania de Deus!
Pode ser que seja difícil, e é, para a mente humana entender por completo esse fato, mas a dificuldade para o homem compreender isso não determina que o fato deixe de ser uma característica de Deus, ou uma verdade menos revelada pela Palavra de Deus.
Agora, devemos ter o cuidado de NÃO rotular Deus de injusto. Rm 9:14 — Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
Finalmente, é necessário que a razão do homem se submeta à soberania de Deus e deixe o Senhor fazer o que quiser com aquilo que pertence a Ele.
Em Mt 20:15-16, Jesus diz — Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão últimos porque muitos são chamados, mas poucos os escolhidos.
Examinando os exemplos das escolhas preferenciais na Bíblia, podemos entender melhor as verdades sobre a causa da salvação que falamos anteriormente neste estudo.
Pela natureza da eleição, originando-se em Deus, percebemos o seguinte: Deus é a causa primeira da salvação. Isso é uma doutrina bíblica, ditada pela soberania de Deus que salva quem Ele quer de maneira pessoal e individual.
Pela natureza da eleição, que é particular e preferencial, podemos compreender a causa da salvação pela soberania de Deus, pois ninguém merecia ser escolhido para salvação.
3 - A eleição é Graciosa
A eleição que Deus faz é também descrita biblicamente como sendo graciosa. A definição da palavra graça em português é: 1. Favor dispensado, ou recebido, imerecido; mercê, benefício, dádiva. 2. Benevolência, estima, boa vontade (Dicionário Aurélio Eletrônico).
Em grego, a palavra ‘graça’ significa a influência divina no coração e a sua evidência na vida. Não é novidade que os ‘evangélicos’ creiam que a salvação é pela graça.
Muitas pessoas que freqüentam igrejas ‘evangélicas’ podem citar de cor Ef 2:8-9 que diz: — Porque pela graça sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Todavia, é novidade para muitos que a própria eleição para a salvação, também é pela graça. Muitos pensam que Deus foi influenciado na sua escolha por algo que o homem fez, faz ou faria.
A verdade é que a eleição para a salvação NÃO É baseada em nenhuma obra boa prevista no homem, pois no homem não habita bem algum (Rm 7:18; 3:23).
A escolha de Deus para a salvação do pecador é somente pelo favor imerecido que o Senhor concede a alguns. Deus olhou através da eternidade sobre todos os condenados, e, em amor e graça, entre todos os que não O procuravam, Ele, elegeu, ou predestinou alguns.
Jesus Cristo é claro quando diz em Jo 15:16 — Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça;
Reparem que lendo o testemunho dos salvos na Bíblia, não descobrimos ninguém que louva a sua própria fé, sua decisão por Cristo, sua oração eficaz, sua intenção espiritual, ou outra qualquer obra humana ou espiritual.
O testemunho bíblico é como nos diz Paulo, em 1Co 15:10 — Mas pela graça sou o que sou. — Se a eleição fosse baseada na mínima ação que o homem fez, faz ou faria, a eleição NÃO poderia ser determinada pela graça, mas seria, isto SIM, uma eleição "segundo a dívida", como está em Rm 4:4 — Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida.
4 - A eleição é Justa
A eleição que Deus faz é descrita na própria Bíblia como justa. O apóstolo Paulo declarou, por inspiração divina, que a eleição não é injusta. Rm 9:14 — Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
A eleição é entendida, portanto, como sendo justa, ou seja, no sentido de que Deus NÃO deve nenhuma ação positiva a homem nenhum.
Alguns querem entender que Deus, no mínimo, deve dar uma ‘chance’ para todos os homens. Todavia, quando consideramos a condição terrível do homem pecador, uma ‘chance’ não é o que o homem pecador precisa.
O pecador precisa uma ação positiva, regeneradora e graciosa da parte de Deus para ser salvo. Uma ‘chance’, sem a plena capacitação em nada ajudaria aos que estão mortos em pecados.
A salvação vem pela eleição, sem nenhuma obrigação pesando sobre Deus, para Ele escolher quem Ele quer influenciar com a Sua operação regeneradora.
Deus dá vida (não uma ‘chance’). A salvação vem pelos meios divinos para aqueles que o Senhor escolheu. E quem está reclamando disso (Rm 9:19)?
Deve ser considerado, também, que Deus tem direito, e não uma obrigação para com os homens. Deus é o Criador, o homem é a criatura (Gn 1:27; 2:7). Deus é o oleiro, e o homem, o barro (Rm 9:21-24).
Se Deus usa o Seu direito de fazer o que Ele quer, segundo o beneplácito da sua boa vontade, e escolhe alguns para conhecer as riquezas da Sua gloria, entre todos que somente mereciam a Sua ira, quem pode achar injustiça nisso?
Amém!

Nenhum comentário:

Postar um comentário