segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 5


Anteriormente, no estudo que estamos fazendo sobre a Salvação, vimos que pela determinação e soberania de Deus algumas pessoas NÃO são eleitas > Doutrina da Reprovação > Exemplo de Faraó.
Neste sentido, vimos também que o estudo da Eleição prioriza a fé sobre o raciocínio do homem... E mostramos que o deixar de crer no que a Bíblia claramente revela, por não conseguir entender, é o mesmo que dar primazia à lógica do homem, e não à fé.
A pessoa que faz isso está certamente pecando... Agora, vamos dar continuidade ao Estudo, vendo > O Efeito Prático da Salvação
Hb10:14 — Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.
Vamos agora tratar da garantia divina de que esse processo de santificação referido em Hebreus continua até a glorificação do crente no céu.
A certeza de que o crentes verdadeiro vai continuar a se santificar na sua vida terrena, chama-se em teologia, a PERSEVERANÇA DOS SANTOS.
Por outro lado, a certeza de que o crentes verdadeiro terminará glorificado no céu, chama-se em teologia a PRESERVAÇÃO DOS SANTOS.
A perseverança dos santos é responsabilidade do crente, enquanto a preservação dos santos é operada pelo poder de Deus.
Essas doutrinas são gêmeas, andam sempre de mãos dadas. Isso quer dizer que não pode existir a perseverança do crente sem a preservação de Deus.
Também NÃO pode existir a preservação de Deus sem a perseverança do Cristão. Essas duas doutrinas também podem ser descritas como sendo os dois lados de uma mesma moeda.
Um lado mostra a responsabilidade do povo de Deus para com o SENHOR da sua salvação. O outro lado mostra o poder de Deus para cumprir as Suas promessas para com seu Povo.
A Bíblia NÃO deixa dúvidas de que Deus conserva fielmente o seu povo, pois o Senhor NÃO pode perder nenhum dos Seus verdadeiros filhos.
Em outras palavras, é o que nos diz o apóstolo Paulo em Rm 8:29-30 — Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
Ou seja, a salvação que Deus opera no eleito tem o poder de provocar no crente a perseverança na graça de Deus. É por isso que Ef 2:8-9 diz — Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
Assim, por serem doutrinas gêmeas, existe o perigo do crente pensar apenas numa delas. Ou seja, se o crente pensar em perseverar SEM o poder de Deus preservando-o, estaremos diante de um cristão que quer obter a salvação pelo seus próprios esforços.
É claro que essa pessoa não irá conseguir isso. É aquela pessoa que está caminhando para abandonar a igreja. É o chamado desviado, crente convencido, mas não convertido.
Agora, por outro lado, se existir a crença no poder de Deus preservando os Seus Eleitos, sem a perseverança dos santos, teremos um Cristão que NÃO se preocupa com o seu testemunho, ou com as suas responsabilidades de andar nos caminhos de Deus.
É aquela pessoa que pensa — Nada importa o que eu faça no mundo, sou salvo do mesmo jeito. — E a pessoa cai no mesmo problema anterior > o crente convencido, mas não convertido.
A perseverança significa andar continuamente obediente à Palavra de Deus. Em Jo 8:31 Jesus ensina — Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Assim a Perseverança significa contínuo apego à crença na Salvação, apesar do inimigo de nossas almas buscar nos desencorajar.
A razão pela qual os crentes perseveram na fé e na obediência, contundo, não está na força de sua própria dedicação, mas em que Jesus Cristo, através do Espírito Santo, os preserva.
João nos diz que Jesus Cristo se comprometeu com o Pai (Jo 6.37-40) e diretamente com seu povo (Jo 10.28-29), no sentido de guardá-lo, de modo que esse povo nunca perecerá.
Na sua oração por seus discípulos, depois de terminar a Última Ceia, Jesus pediu que aqueles que o Pai lhe tinha dado (Jo 17.2, 6, 9, 24) fossem preservados para a glória.
Cristo continua a interceder por seu povo (Rm 8.34; Hb 7.25), e é inconcebível que sua oração em favor deles fique sem resposta.
Paulo celebra a presente e futura segurança dos santos no amor onipotente de Deus (Rm 8.31-39). Ele se regozija na certeza de que Deus completará a boa obra que começou na vida dos crentes (Fp 1.6)
Nesse sentido, a Confissão de Westminster diz:
“Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, eficazmente chamados e santificados pelo seu Espírito, não podem cair do estado de graça, nem total nem finalmente; mas, com toda certeza, hão de perseverar nesse estado até o fim e estarão eternamente salvos” (XVII.1).
Os regenerados são salvos, perseverando na fé e na vida cristã até o fim (Hb 3.6; 6.11; 10.35-39), como Deus os preserva.
Agora, reparem, esta doutrina NÃO significa que todos aqueles que já professaram ser cristãos serão salvos. Os que tentam viver a vida cristã baseados em sua própria capacidade decairão.
Mt 13.20-22 — O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.
A falsa profissão de fé por parte de muitos que dizem a Deus “Senhor, Senhor” não será reconhecida (Mt 7.21-23).
Mas os que buscam a santidade do coração e o amor ao próximo e, assim, mostram terem sido regenerados por Deus, adquirem o direito de se considerarem crentes seguros em Cristo.
A crença na perseverança propriamente entendida NÃO nos leva, portanto, a uma vida descuidada, de mau testemunho e de presunção arrogante.
Os regenerados podem até, em alguma fase da vida cristã, se mostrarem relapsos e cair em pecado. Quando isso ocorre, entretanto, o Espírito Santo os convence do seu pecado (conforme Jo 16.8) e os compele a arrepender-se e a serem restaurados à sua condição de justificados.
Mas, quando os crentes regenerados mostram o desejo humilde e grato de agradar a Deus, que os salvou, o reconhecimento de que Deus se comprometeu a guardá-los salvos para sempre aumenta esse desejo.
As promessas de Deus são imutáveis. Por que, então, iríamos duvidar da sua promessa neste assunto da salvação? Quando Deus prometeu passagem segura a Noé e a sua família, ninguém foi perdido. Quando Ele prometeu a vitória a Gideão e o seus 300, aconteceu como foi prometido.
Quando Deus prometeu ajuntar o Israel disperso, aconteceu da mesma forma. Quando Deus prometeu que o Seu Filho seria nascido de uma virgem... Ele foi.
Quando Deus prometeu um substituto para os pecadores arrependidos, o Seu filho tornou-se o Substituto, e deu a Sua vida pelos pecados do Seu povo.
Examine a bíblia toda, e você verá que nenhuma promessa de Deus jamais falhou.
Sendo isso verdadeiro, porque Deus falhará em cumprir as Suas promessas a respeito da preservação dos Seus santos? Não é Deus, o Deus do universo, o Deus Onipotente, o Deus Criador de todas as coisas e o Deus que sustenta tudo pelo poder da Sua palavra?
Reparem no que diz alguns versos bíblicos:
Sl 37:24 e 28 — se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão... Pois o SENHOR ama a justiça e não desampara os seus santos; serão preservados para sempre...
Is 43:1-7 — Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador... Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida. 5 Não temas, pois, porque sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz.
E Is 51:6 completa dizendo — a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será anulada.
Jo 10:27-29 — As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar
A vitória da preservação NÃO está, portanto, no homem, mas em Cristo Jesus. 1Co 15:57— Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Deus opera a sua graça perseverante nos seus filhos com meios divinos. Estes meios são o Espírito Santo, a Palavra de Deus, a oração intercessora de Cristo, a correção, o poder de Deus, o amor de Deus, a graça de Deus, a sabedoria de Deus, a imutabilidade de Deus e as promessas de Deus.
Essa graça divina da perseverança que é dada ao Cristão não é baseada em algum esforço da carne, mas unicamente na obra expiatório de Cristo, na promessa da Nova Aliança e segundo o propósito eterno de Deus.
O principal meio que DEUS usa para estimular a perseverança dos santos e efetuar a sua preservação é O Espírito Santo
Ef 1:13-14 — vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança...
Ou seja, Deus julga o valor do penhor dado para cumprir a Sua promessa. Porque o Espírito Santo é o próprio Deus, está, indiscutivelmente, garantida a possessão adquirida: a salvação completa das almas que Cristo comprou pelo Seu sangue.
O Espírito Santo, em nós, faz que queiramos nos aproximar do Pai e O agradar mais e mais. Pela presença do Espírito Santo em nós, tanto a nossa preservação quanto a nossa perseverança estão asseguradas (Rm 8:15,16).
Conforme lemos em Gl 5:22, O Espírito Santo opera em nós o fruto que agrada o Pai. O Espírito Santo nos ajuda nas nossas fraquezas e intercede por nós (Rm 8:26,27).
Deus examina os corações dos Cristãos e vê a obra do Espírito Santo neles. Deus sabe da intenção do Espírito Santo e por isso tudo coopera para o eterno bem daqueles que estão em Cristo Jesus, até a glorificação deles (Rm 8:28-30).
Assim, o Espírito Santo é o principal meio divino que Deus usa para estimular a perseverança dos Cristãos para garantir e efetuar a preservação dos santos... Amém.

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