quarta-feira, 22 de abril de 2009

A Razão da Nossa Fé - parte 1


A história, as doutrinas e o governo da Igreja Presbiteriana do Brasil — 65 questões que precisamos saber responder.
1. Como surgiu a Igreja Presbiteriana?
Surgiu da Reforma do Século XVI. Deus levantou um homem chamado João Calvino para conduzir Seu povo de volta à Bíblia. E, desta volta á Bíblia, nasceu a Igreja Presbiteriana.
2. Como se processou a Reforma Religiosa do Século XVI?
A Reforma tem, como data básica de sua origem, o dia 31 de outubro de 1517, dia em que Martinho Lutero afixou as suas 95 teses, contra as indulgências, na porta da capela de Wittenberg, na Alemanha.
Martínho Lutero era um monge agostiniano e pretendia reformar a Igreja à qual pertencia, ou seja, a igreja romana.
Porém, como foi excomungado pelo papa Leão X, viu-se obrigado a romper com a sua igreja, dando, assim, origem ao movimento religioso conhecido como Luteranismo.
Movimentos religiosos independentes surgiram também em outras regiões. Na Suíça, levantou-se Zwinglio, sucedido depois por Calvino.
As Igrejas que adotaram as doutrinas e o sistema Calvinista, denominan-se Igrejas Reformadas, ou Presbiterianas. Da Suíça, o Presbíterianismo se espalhou para os Países Baixos (Bélgica, Holanda), França, Escócia e Inglaterra.
E, a seguir, atingiu todos os Continentes. Hoje, os presbiterianos são o segundo maior grupo evangélico do mundo, perdendo em número apenas para os luteranos.
3. Quem foi João Calvino?
Foi um dos Reformadores do Século XVI. Nasceu em Noyon, Picardia, na França, no dia 10 de julho de 1509. Aos 14 anos de idade, Calvino entrou para a universidade de Paris.
Formou-se em direito na Universidade de Orleans, aos vinte anos de idade. Converteu-se a Cristo em 1533. Calvino foi o mais culto e o mais inteligente entre os reformadores.
Escreveu comentários sobre todos os livros da Bíblia, com exceção do Apocalipse . Escreveu Sermões e Cartas e também tratados.
Sua obra mais importante é A Instituição da Religião Cristã, mais conhecida como As Institutas. Nesta obra ele apresenta um sistema de doutrinas absolutamente bíblicas.
Este sistema de doutrinas é conhecido como Calvinismo.
4. É verdade que a primeira Igreja que surgiu foi a Igreja Católica?
Não, não é verdade. A Igreja do Novo Testamento é chamada de Igreja Primitiva, por ter sido a primeira e não ter nenhum nome especial.
Esta Igreja primitiva não pode ser identificada com a Igreja Católica Romana, por várias razões, como, por exemplo, as seguintes:
1. Os problemas doutrinários e éticos surgidos na Igreja Primitiva eram resolvidos pelo presbitério (At.15.1-29).
2. Na Igreja Católica, são resolvidos pelo papa;
3. Na Igreja Primitiva não havia missa; havia culto com cânticos de hinos, orações, leiturada Bíblia e pregação;
4. Todos os membros da Igreja Primitiva participavam do pão e do vinho, na Santa Ceia (1 Co. 11:23-29);
5. na Igreja Católica só o padre é que participa do vinho, na comunhão.
6. Na Igreja Primitiva não havia padre, nem cardeal, nem papa; havia, SIM, presbíteros e diáconos.
7. Qualquer pessoa que examinar o Novo Testamento, fundamento da Igreja Cristã, verá claramente que a Igreja Católica Romana não tem nenhuma semelhança com a Igreja Primitiva.
5. Como surgiu a Igreja Católica Romana?
Surgiu da degeneração da Igreja Primitiva. Desde o início, homens fraudulentos entraram para a Igreja. No princípio, entretanto, as perseguições contra os cristãos se encarregaram de purificar a comunidade cristã.
No ano 323, por um decreto do imperador Constantino, o Cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano. Aí, cessaram as perseguições e muitas pessoas, sem serem verdadeiras convertidas, entraram para a Igreja...
A atuação dessas pessoas e a influência do mundo pagão levaram a Igreja a adotar doutrinas e práticas que se chocam brutalmente com os ensinos bíblicos.
Vejamos alguns exemplo: No ano 375 foi instituído o culto aos santos; no ano 431, instituiu-se o culto a Maria a partir do concílio de Éfeso, cidade onde se adorava a grande Diana dos Efesios, divindade feminina pagã;
Em 503, surgiu a doutrina do purgatório; Em 783 foi adotada a adoração de imagens e relíquias; em 1090, inventou-se o rosário; em 1229, foi proibida a leitura da Bíblia.
Existem muitas outras inovações que seria longo demais mencionar aqui. Felizmente, Deus levantou homens para conduzir Seu povo de volta à Bíblia.
Vários movimentos de reforma religiosa, inclusive os propostos pelos Concílios de Constantino, Pisa e Basileia, fracassaram. Porém, a Reforma Religiosa do Século XVI triunfou.
6. Por que Calvino não se uniu a Lutero, ao invés de criar um movimento à parte?
Porque Lutero queria apenas reformar a Igreja, enquanto Calvino entendia que a Igreja estava tão degenerada, que não havia como reformá-la.
Calvino se propôs organizar uma nova Igreja que, na sua doutrina, na sua liturgia e na sua forma de governo, fosse semelhante à Igreja Primitiva.
7. Como o presbiterianismo chegou ao Brasil?
No Século XVI, houve uma tentativa de implantação do presbiterianismo no Brasil, através dos franceses que aqui chegaram em 1557.
A Ceia do Senhor, de acordo o ritual bíblico calvinista, foi celebrada pela primeira vez, na América do Sul, no dia 21 de março de 1557, no Rio de Janeiro (ilha de Villegnon).
Os franceses, no entanto, foram expulsos de nosso país em 1567. Duas outras tentativas foram feitas através dos holandeses, em 1624 e em 1630.
Em 1654, os holandeses foram expulsos do Brasil, e as comunidades presbiterianas que eles haviam implantado no nordeste, desapareceram.
A implantação definitiva do presbiterianismo, no Brasil, aconteceu através do trabalho de missionários, que vieram especialmente para evangelizar os brasileiros.
8. Quem foi o primeiro missionário presbiteriano a vir para o Brasil?
Foi o Rev. Ashbel Green Simonton, que chegou ao Brasil, no Rio de Janeiro, no dia 12 de agosto de 1859. Tinha apenas 26 anos de idade.
Seu ministério durou apenas 8 anos, pois Simonton faleceu em São Paulo, no dia 8 de dezembro de 1867.
A esta altura, a nossa Igreja já tinha um presbitério (Presbitério do Rio de Janeiro), um Seminário, cinco pastores e três Igrejas organizadas (A 1a do Rio de Janeiro, a primeira de São Paulo e a de Brotas, no Estado de São Paulo),
9. Em que estão baseadas as doutrinas da Igreja Presbiteriana?
Estão baseadas na Bíblia, a palavra de Deus. Nossa Igreja não aceita nenhuma doutrina que NÃO tenha base sólida nas escrituras.
Nesse ponto, os presbiterianos seguem o que está em Gl 1.8, 9 — Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. 9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.
10. Quando Simonton Chegou ao Brasil, já havia aqui missionários de outras denominações?
Simonton encontrou, no Rio de Janeiro, o Dr. Robert Reid Kalley, médico escocês, que fazia um trabalho missionário independente. Do trabalho do Dr. Kalley resultou a Igreja Evangélica Fluminense.
Havia também pastores que vieram acompanhando imigrantes europeus. Estes pastores, entretanto, se limitavam a dar assistência espiritual aos imigrantes europeus.
Simonton foi, portanto, o primeiro missionário enviado ao Brasil, com o objetivo de evangelizar os brasileiros. Os missionárias de outras denominações só chegaram bem mais tarde.
11. O Que é uma "doutrina baseada solidamente nas Escrituras Sagradas?"
É uma doutrina baseada na Bíblia toda, ou seja, que compreende todos os livros da Bíblia, do Génese ao Apocalipse. A nossa Igreja não aceita doutrinas baseadas em apenas algumas passagens, ou em textos isolados das Escrituras.
12. Quais são os padrões doutrinários da Igreja Presbiteriana?
Nossa Igreja adota, como exposição das doutrinas bíblicas, a Confissão de Fé de Westminster, e os Catecismos como exposição do sistema de doutrinas ensinadas nas Santas Escrituras.
Isto se faz necessário porque a Bíblia não traz as doutrinas já sistematizadas...
13. Quem elaborou a Confissão de Fé e os Catecismos?
A confissão de Fé e os Catecismos foram elaborados por 151 teólogos de várias Igrejas Evangélicas, reunidos na Abadia de Westminster, em Londres, na Inglaterra, de julho de 1643 a fevereiro de 1649.
Estes livros foram preparados em espírito de oração e profunda submissão ao ensino das Escrituras.
14 O Que é Escritura Sagrada?
É a palavra de Deus expressa em forma escrita. É o livro que nos dá "aquele conhecimento de Deus e de Sua vontade, necessário para a salvação" (2 Tm.3:15,16).
A Bíblia é composta de 66 livros, escritos, por no mínimo, 36 autores, que viveram em tempos e lugares diferentes, num período de 1600 anos. No entanto, o Autor da Bíblia é o próprio Deus, que inspirou os autores.
15. Como podemos saber que a Bíblia foi inspirada por Deus?
Pelo Testemunho de Jesus sobre o Antigo Testamento. Em Mt 22.29 Ele diz — Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.
Em Jo 5:39 — Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
Além disso, a própria Bíblia dá testemunho sobre sua natureza. 2 Tm 3.16-17 diz assim — Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Agora, a melhor prova de que a Bíblia é inspirada por Deus está na experiência de milhões de pessoas cuja vida foi transformada pela leitura da Escritura.
Outra prova é a nossa própria experiência de sentir Deus falando conosco, quando lemos a Bíblia. Tudo isso é evidência da inspiração divina das Escrituras.
Mas, como esta aceitação é matéria de fé e não de prova científica, só a operação do Espírito Santo em nós é que nos dá a convicção de que a Bíblia é a palavra de Deus.
16. Por que a Bíblia "católica" tem 7 livros a mais do que a "nossa" Bíblia?
Porque o Concílio de Trento, no dia 15 de abril de 1546, anexou, por decreto, esses livros à Bíblia. Nós não aceitamos isso, e a "nossa" Bíblia não tem esses livros porque eles não tem nem as evidências externas nem as evidências internas de que são inspirados por Deus.
A Igreja Católica Romana nos acusa de termos retirado sete livros das Escrituras. No entanto, foi ela que os acrescentou à Bíblia, no concílio de Trento.
7. O Que as Escrituras nos revelam a respeito de Deus?
Que Deus é Espírito. Jo 4.24 diz isso — Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. — Portanto, Deus não tem corpo como nós.
Que Deus é um Ser pessoal, capaz de compreender os nossos sentimentos e conhecer os nossos pensamentos. O Sl103:14 diz — Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.
Que Deus é eterno, imutável (Mt 3:6), infinito (1Rs 8.27), e conhece todas as coisas (Sl139.4), vê tudo o que se passa no céu e na terra (Pv l5:3), está presente, ao mesmo tempo, em todos os lugares (Sl 139.7-10), é onipotente (Mt 19.26), nos ama (I Jo.4:8), é cheio de misericórdia (Sl 57:10 e 100:5).
Também que Deus é justíssimo (SI. 119:137) e terrível em Seus juízos (Hb 10.31). O Deus de quem a Bíblia nos fala é um Deus Triuno, isto é, subsiste em três pessoas.
18. O Que é a Santíssima Trindade?
É a coexistência das Três Pessoas na Divindade Única: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. 2 Co.13:13 — A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.
São, portanto, Três Pessoas distintas, da mesma substância, iguais em poder e glória, porém um só Deus. É um mistério que não pode ser explicado, nem definido, porque está além do alcance da mente do homem.
Em Resumo: Ou aceitamos a Trindade do Deus Único, ou temos de admitir três Deuses na Bíblia. A Bíblia, no entanto, nos ensina com muita clareza que existe um só Deus verdadeiro.
O Pai é Deus. Gl 1.1 — Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos...
O Filho é Deus. Jo 1.1 — No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
E o Espírito Santo é Deus. At 5.3-4 — Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
19. Como Deus se relaciona com o universo?
Deus criou (Gn 1.1 e Ef.3:9), Deus dirige (Dn 4:35), Deus governa (Jó 34:12-15; Sl 22:28; 103:19), Deus preserva (Ne 9:6).
Deus também tem um plano eterno de ação. Ef 1.11 — nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade...
Nada acontece sem que Ele tenha ordenado ou permitido (Mt,10:29). Deus não improvisa, nem é surpreendido pelos acontecimentos.
Na Sua infinita sabedoria, Ele dirige tudo segundo Sua própria vontade, sem, contudo, tirar a liberdade do homem, nem violentar a vontade do ser humano.
Amém

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 9


A Certeza da Salvação
Tratar sobre o tema CERTEZA DA SALVAÇÃO não é uma tarefa fácil! Falar sobre a segurança da salvação é um trabalho delicado. A dificuldade surge da variedade de interpretações que este tema recebe das teologias: católica e reformada, com seus argumentos fundamentados em textos bíblicos que os comprovam.
Assim, se já é difícil compreender a certeza da salvação plenamente, quanto mais defini-la!
Nem todos os estudiosos preocupam-se em definir certeza da salvação. Alguns comentam, explicam, avaliam e comparam, mas não definem.
É claro que outros, não apenas fazem o mesmo, mas também a definem.
A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã define a certeza da salvação como “a confiança do crente de que ele, a despeito da sua condição pecaminosa mortal, é, de forma irrevogável, um filho de Deus e um herdeiro do céu”.
Essa definição afirma que essa convicção pode ser experimentada por todo cristão, haja vista que, o próprio Deus lhe dá esta certeza.
Murray a define assim: “Quando falamos de certeza da fé nos referimos à certeza nutrida por um crente que está em estado de graça e salvação, o conhecimento que ele tem de que está salvo, passou da morte para a vida e tornou-se possuidor da vida eterna e de uma herança na glória”.
Geoffrey define-a de maneira muito simples e agradável. A segurança da salvação é aquela que o crente possui e lhe dá a certeza de que É um crente e que o capacita a dizer “eu sei que meus pecados estão perdoados; eu sei que vou para o céu”.
A certeza da salvação e o ato primário da fé.
O Dicionário de Teologia fala sobre a certeza da graça presente e da salvação eterna. E concluiu, destacando que a segurança da salvação deriva da justificação pela fé.
Essa definição apresenta uma discordância do conceito puritano, já que os reformadores, especialmente Lutero, associavam a certeza da salvação diretamente com a justificação; enquanto que os puritanos criam que a certeza da salvação está ligada à santificação.
Ser salvo pela graça (o que está realmente ligado à justificação), não é a mesma coisa que ter certeza da salvação (derivada da santificação).
A maioria dos autores afirmam que há uma óbvia distinção entre a certeza da salvação e aquilo que é chamado ato primário da fé.
O ato primário e direto da fé não é a crença de que somos salvos e somos herdeiros da glória eterna, mas sim, um ato de confiança em Cristo, graciosamente oferecido a nós no evangelho, no qual podemos ser salvos.
O primeiro ato de salvação é crer em Cristo para a salvação, isto é, a certeza da fé é a convicção de que a salvação é nossa.
Assim, sobre o sentido mais específico desta fé salvadora, Louis Berkhof, explica: “Há certas doutrinas a respeito de Cristo e Sua obra, e certas promessas feitas Nele aos pecadores, que o crente aceita confiadamente e que o induzem a depositar em Cristo a sua confiança. Em resumo, o objeto da fé salvadora é Jesus Cristo e a promessa de salvação nEle”.
Berkhof, também afirma que o ato especial da fé salvadora consiste em receber Cristo e repousar nele como ele é apresentado no evangelho, conforme Jo 3:16-18
— Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
Mas isso não significa, entretanto, que este ato primário de receber Jesus pela fé deva ser entendido como sempre separado cronologicamente da certeza da salvação.
É possível uma pessoa ser absolutamente salva sem saber ou ter certeza disso – mas ser salva! Por outro lado, esta convicção pode ser introduzida no ato da fé salvadora e ser instantaneamente registrada na consciência do crente.
Então, entende-se que uma pessoa pode receber Cristo através da fé salvadora e imediatamente ter impressa em sua consciência a certeza da salvação.
Uma outra pode também receber Cristo pela fé salvadora e levar algum tempo até que adquira a certeza da salvação. E outra, ainda, pode ser sinceramente convertida a Cristo, mas não ter a certeza de que é salva – às vezes, até por não saber disso!
A certeza da salvação e a Confissão de Fé de Westminster.
É Geoffrey quem afirma, categoricamente, que a segurança da salvação NÃO é essencial para a fé salvadora. Conforme sua explicação, a pessoa pode ser cristã e não ter certeza, pode estar realmente salva, mas ter dúvidas.
Essas pessoas são descritas como crentes sinceros que sentem falta de segurança, duvidam da sua própria salvação.
Essas pessoas refletem em seu caráter e personalidade a mansidão que o Senhor Jesus ordenou que aprendêssemos com ele e, demonstram a ação da graça em suas vidas, mas não têm qualquer convicção de serem salvas; embora tenham a certeza de que são crentes.
Dessa forma, a segurança de salvação não é um fator primordial para que a fé salvadora esteja presente.
A Confissão de Fé de Westminster sustenta estes argumentos quanto a certeza da salvação durante ou imediatamente após, ou não, a conversão a Cristo.
Tem sido ensinado por alguns que qualquer um que crê em Cristo deve estar imediatamente consciente e convicto de sua salvação e que esta conscientização é a primeira evidência de que alguém esteja justificado.
Curiosamente, a Confissão de Fé faz completo silêncio quanto a veracidade desta evidência. Ou ainda, ela claramente indica que esta conscientização é, de alguma forma, absolutamente inseparável da fé verdadeira.
Assim, determinando tudo aquilo que já foi discutido anteriormente, se a certeza da salvação é indispensável para a própria salvação e, se ela vem imediatamente após ou não o reconhecimento de Jesus Cristo como Salvador, Shaw explica que a Confissão de Fé de Westminster não considera essencial a segurança da salvação e da graça na fé salvadora.
Dessa forma, a Confissão admite também que uma pessoa pode crer em Cristo, e pode ser justificada por sua fé antes de obter a certeza de que está neste estado, justificada.
Certeza da salvação e justificação caminham muito próximas uma da outra.
Acreditamos que, da mesma maneira que muitas pessoas têm grande dificuldade em experimentar a segurança da fé, assim também em compreender o processo da justificação e seus benefícios espirituais... muito provavelmente ele não suscita sentimentos que identifiquem uma transformação interior.
Antes, exige a fé mais pura e simples de que o fato se deu nos céus. O teólogo inglês J. I. Packer esclarece isto ao afirmar que: “A justificação é uma decisão jurídica conferida ao homem e não uma obra operada no interior do homem; é a dádiva divina de uma posição e de um relacionamento para com Deus e não de um coração novo. Não há dúvida que Deus regenera aqueles a quem justifica, mas essas são duas coisas distintas”.
Podemos concluir, portanto, que a certeza da salvação e seus benefícios podem ser experimentados e desfrutados por todo aquele que crê em Jesus Cristo como Filho de Deus.
Mas, ainda assim, já que esta segurança não é indispensável para a fé salvadora, alguém pode crer em Cristo e pode não estar imediatamente consciente de que tem verdadeiramente crido para a salvação de sua alma.
Nisto podemos contemplar a maravilhosa e soberana graça de Deus.
Bases neotestamentárias.
É possível experimentarmos a plena certeza da salvação pelo simples testemunho de vida dos personagens bíblicos, tão conhecidos de todos nós.
Tanto no Velho quanto no Novo Testamento encontramos esses personagens vivendo impressionantes experiências, conseqüentes da alegria e da esperança que depositavam em Deus.
Teria Abraão abandonado sua terra e parentela para aquela terra que Deus lhe mostraria e, depois, ainda ter-se-ia permitido todas aquelas provas de fé se não cresse na fidelidade de Deus?
Poderia Moisés aceitar o desafio de Deus de libertar o povo hebreu da escravidão no Egito e, viver todas aquelas aventuras, se ele mesmo não estivesse certo de que Deus seria fiel e cumpriria suas promessas?
Tanto nos evangelhos, quanto nas cartas paulinas e gerais podemos encontrar relatos de cristãos convictos de sua salvação, alegres por causa disso e da certeza do amor de Deus por eles.
Caso não estivesse absolutamente certo de todas estas coisas, poderia o apóstolo Paulo ter escrito: “Ele me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2:20b)?
Ou “Nada nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:39b)?
Caso este dedicado servo de Deus não estivesse convicto de sua salvação poderia ele testemunhar tão poderosamente, ao escrever da prisão: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia...” (2 Tm 4:7-8)?
Também o evangelista João confirma: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida...” (1Jo 3:14), repetindo palavras que ele próprio ouviu Jesus pronunciar:
“... quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24).
Temos, portanto, na Bíblia Sagrada, o registro do testemunho de centenas de vidas que servem como exemplo e estímulo para também nós cultivarmos em nossas vidas a segurança da salvação.
O Dicionário Evangélico de Teologia confirma o que já vimos: “A doutrina da segurança espiritual é largamente ensinada no Novo Testamento, particularmente por Paulo, João e o autor de Hebreus”.
Se a vontade do Pai é que creiamos em seu Filho e, dessa forma, tenhamos vida eterna nEle, então não importa se nossa fé é fraca ou forte.
Importa que é fé depositada em Cristo, então é fé salvadora. Confiar em Cristo como Salvador, é fazer a vontade do Pai, portanto, se assim procedermos, podemos crer que estamos salvos!
A obediência aos mandamentos de Deus ministra à nossa própria certeza o favor de Deus e a esperança da vida eterna.

Fundamentos espirituais.
Examinando o ensino bíblico descobriremos que, a segurança da salvação tem dois fundamentos (ou bases), um objetivo e outro subjetivo.
Primeiro, fundamentado na autoridade objetiva da Palavra de Deus, o crente pode saber que foi escolhido desde a fundação do mundo e que Cristo já o justificou plenamente.
Objetivamente, a certeza da salvação, portanto, não repousa sobre experiências emocionais, mas sobre a autoridade do testemunho da obra salvífica de Cristo.
Por outro lado, subjetivamente, esta segurança envolve também a convicção pessoal criada pelo Espírito Santo no coração dos pecadores, de que foram perdoados, foram adotados na família de Deus como filhos amados e que pertencem a ele para sempre.
Estes dois fundamentos podem ser percebidos através das evidências que a maioria dos autores pesquisados mencionam, as quais vamos tratar a partir de agora:
Primeiro, os meios mais comuns que a graça propõe; segundo, o alicerce da Palavra de Deus; terceiro, a ministração do Espírito de adoção.
Podemos alcançar a convicção de nossa salvação pelos meios mais simples que a graça propõe. Podemos nos deixar convencer pelas evidências que o próprio Deus nos dá.
O cultivo do hábito constante da oração, o louvor a Deus por meio de um hino, a leitura devocional e o estudo da Bíblia, a prática do evangelismo... trazem a certeza para dentro do nosso coração.
Uma outra evidência que temos para a certeza da nossa salvação é a fidelidade de Deus revelada na Palavra. Quando Deus faz uma revelação incondicional de sua fidelidade, esperamos que nenhum de seus filhos enfrente dificuldade em crer naquilo que ele mesmo prometeu.
Podemos mencionar as promessas contidas em João 3:16, 4:14, 10:28; Romanos 8:1; 1 João 5:12 e outras. Lembremo-nos de que, o Senhor vela sobre sua Palavra, para a cumprir (Jeremias 1:12) como Ele mesmo disse por meio do profeta: “... a palavra que eu falar se cumprirá...” (Ezequiel 12:25).
Por fim, o testemunho interior do Espírito Santo na vida do cristão, como o apóstolo Paulo aponta: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16) .
“E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gl 4:6). É uma segurança ministrada pelo Espírito de Adoção.
Um texto extraído da Internet traz uma interessante ilustração: Durante os últimos estágios da Segunda Guerra Mundial, o General Douglas MacArthur manteve a promessa que tinha feito ao povo das Filipinas quando foi forçado a deixar as ilhas em 1942.
Ele retornou com tropas suficientes para ajudar os filipinos a retomar o seu país. Agradecido por sua ajuda quando todos pareciam perdidos, o governo em Manila orientou seus exércitos para começarem uma tradição: gritar o nome de MacArthur em cada chamada para a revista das tropas.
Cada companhia designou um oficial que deveria responder, dizendo “Presente em espírito”. Aquele gesto simbólico ajudou a garantir que a dedicação e a coragem do general permanecessem no coração dos soldados mesmo muito tempo depois de sua partida.
O Espírito Santo faz coisa semelhante em nossos corações. Ele clama “Paizinho” e prova que Deus é nosso Pai, e nós somos seus filhos.
Assim, se você clama, está no caminho do céu, pode ter certeza da sua salvação.
Últimas considerações.
Um tema que parece tão simples a princípio revela-se desafiador e fascinante! Apesar de não ser considerado indispensável para a fé salvadora – de forma que alguns crentes serão salvos mesmo sem ter, sequer conhecimento disso – a certeza da salvação contribui para o desenvolvimento da própria fé, para o crescimento espiritual e para o aperfeiçoamento da vida cristã.
Como escreveu Berkhof: “O conceito correto parece ser que a fé verdadeira, incluindo, como inclui, confiança em Deus, importa naturalmente em um sentimento de segurança e certeza, embora isso possa variar em grau”.
Como já falamos, nem sempre o crente pode estar consciente dessa segurança, haja vista que nem sempre vive plenamente a vida de plena confiança e não toma consciência das bênçãos espirituais que lhe são reservadas.
Como pudemos ver anteriormente, a obtenção e a constância da nossa certeza não depende de elementos externos, mas através do cultivo do hábito da oração, o estudo das promessas de Deus reveladas na Bíblia, e pela busca de uma vida transformada, na qual é evidente o fruto do Espírito, essa certeza pode ser alcançada, cultivada e fortalecida. Amém.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 8


Anteriormente, estudando a respeito da Graça Irresistível, falando que os homens são carentes da capacidade de vir a Cristo por si mesmos.
Isto é, o homem "morto em pecado" (Ef 2:1) é "incapaz de agradar a Deus" (Rm 8:8). Essa é a doutrina Reformada da depravação total, que estudamos na lição 6 = a incapacidade do homem ensinada pelo Senhor que conhece os corações de todos os homens.
Naquela oportunidade, eu disse que, se o texto terminasse aqui, não haveria nenhuma esperança, nenhuma boas novas. Mas o texto não pára aqui.
Vamos, portanto, continuar hoje o Estudo da Graça Irresistível (continuação)
— Ninguém pode vir a mim, a menos que o Pai que Me enviou, o traga. — Disse Jesus em Jo 6.44. E as boas novas é que existe a expressão "a menos que" nesse v.44, assim como existe a expressão "Mas Deus" em Ef 2:4-5 que diz — Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça sois salvos...
Em ambos os casos, reparem, NÃO É O LIVRE-ARBÍTRIO do homem que vem para salvar, mas O LIVRE-ARBÍTRIO DE DEUS. Todos os homens seriam deixados numa posição SEM esperança, uma posição de "incapacidade para vir", a menos que Deus aja, e Ele o faz trazendo os homens a Cristo.
Fora desta capacitação divina, nenhum homem pode vir a Cristo. Nenhum homem pode "querer" vir a Cristo fora desse trazer divino.
Certamente, a resposta imediata de muitos é — Sim, é verdade,, Deus deve prover algum tipo de graça, algum tipo de TRAZER, antes que alguém possa escolher CRER.
Mas, eu pergunto, é isto o que o texto está dizendo? Reparem que essas palavras vêm imediatamente após a afirmação de que todos que o Pai dá ao Filho, virão ao Filho (Jo 6.37).
Os estudiosos Reformados afirmam que aqueles que são trazidos são aqueles que são dados pelo Pai ao Filho: isto é, os eleitos.
Eles apontam para o contexto imediato que identifica aqueles que vêm a Cristo como os eleitos. Mas o resto do v.44 explica porque isso deve ser assim > "e Eu o ressuscitarei no último dia".
Quem Jesus ressuscitará no último dia? O v.39 diz que Ele ressuscitará todos aqueles dados a Ele pelo Pai. E o v.40 diz que Ele ressuscitará todos aqueles que estão olhando e crendo nEle.
E o v.44 diz que Ele ressuscitará todos aqueles que são trazidos pelo Pai. Reparem que a identidade daqueles ressuscitados no último dia para a vida eterna é absolutamente a mesma daqueles que são trazidos!
Se uma pessoa é trazida, ela será também ressuscitada para a vida eterna.
Obviamente, então, NÃO pode ser afirmado que Cristo, neste contexto, está dizendo que o Pai está trazendo todo ser humano em particular, porque:
1. o contexto limita isso àqueles dados pelo Pai ao Filho;
2. esta passagem ainda está explicando a incredulidade dos Judeus, a qual não teria nenhum sentido se, de fato, o Pai está trazendo esses incrédulos a Jesus; e
3. se assim fosse, o universalismo seria o resultado, porque todos que são trazidos são da mesma forma ressuscitados no último dia.
João Calvino é admitido, até mesmo por seus inimigos, ter sido um tremendo interprete das Escrituras. Os comentários de Calvino são claros e criteriosos, e continuam a ter, até hoje, grande utilidade e benefício para quem estuda as Escrituras.
Vamos ler o comentário de Calvino sobre João 6:44:
A expressão “Vir a Cristo” é usada aqui metaforicamente para significar CRER. O Evangelista João, a fim de colocar a metáfora na cláusula adequada, diz que as pessoas que são trazidas são aquelas cujos entendimentos Deus iluminou, e cujos corações Ele dirigiu e transformou à obediência de Cristo. A declaração se resume nisto: QUE NÃO devemos nos maravilhar se muitos recusam abraçar o Evangelho; porque nenhum homem jamais será de si mesmo capaz de vir a Cristo, mas Deus deve primeiro trazê-lo pelo Espírito Santo. E portanto, segue-se que nem todos são trazidos, mas que Deus concede essa graça àqueles que Ele elegeu. É verdade, todavia, com respeito ao tipo desse trazer, que ele não é violento, de forma que compele os homens por uma força externa; mas ainda é um impulso poderoso do Espírito Santo, que faz com que os homens que anteriormente eram indispostos e relutantes, sejam dispostos. É uma falsa e profana afirmação, portanto, dizer que ninguém é trazido, senão aqueles que estão dispostos a serem trazidos, como se o homem por si mesmo se fizesse obediente a Deus por seus próprios esforços; porque a disposição com a qual os homens seguem a Deus é o que eles já tinham por si mesmos, que foi formada em seus corações para obedecê-Lo.
Jesus continua esse pensamento no verso 45, citando uma profecia de Isaías, e diz: “Todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim”.
Ouvir e aprender do Pai é paralelo com ser trazido no verso 44. Jesus usou o mesmo tipo de terminologia quando Ele ensinou que somente aqueles que "pertencem a Deus" podem ouvir Suas palavras (João 8:47).
Resumindo, então, Jesus certamente ensinou a absoluta soberania de Deus, a incapacidade do homem, a eleição incondicional de um povo para salvação, a graça eficiente de Deus que infalivelmente traz salvação aos eleitos, e a perseverança final desses eleitos para a vida eterna.
Esse é um dos textos chaves que apóiam a posição Reformada identificada como "Calvinismo extremado" pelos arminianos.
Assim como com todas as outras passagens chaves (Romanos 8,9, Efésios 1 e João 6), os arminianos não oferecem nenhum exegese da passagem baseada contextualmente e cuidadosamente.
Vimos que João 6:37, embora citado por eles, nunca é discutido. Nada é dito sobre seu testemunho da eleição incondicional, ou da graça irresistível. O v.37 é simplesmente ignorado.
Os arminianos alegam que a sua “teoria” apresenta um estudo definido do assunto da soberania divina e do livre arbítrio. Tal estudo necessitaria de uma obra ampla sobre aquelas passagens chaves. No entanto, nada é oferecido, e o que é oferecido NÃO É exegético em sua natureza.
Somente três argumentos são oferecidos pelos arminianos em resposta a João 6:44, e um argumento a João 6:45. Mas, como em relação ao restante da passagem, ela não é nem mesmo mencionada, não é surpresa que estes dois versos não sejam analisados exegeticamente dentro do seu contexto.
De fato, pouco é dito sobre as reais palavras do texto. Em vez disso, o significado claro é explicado fazendo-se referências a outras passagens.
Comecemos com João 6:44. O arminianos dizem:
João 12:32 deixa claro que a palavra "atrair" não pode significar "graça irresistível" sobre o eleito por uma simples razão: Jesus disse: "Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim". Nenhum calvinista autêntico crê que todos os homens serão salvos.
Esta é a resposta mais comum deles. Em vez de seguirem o curso do sermão entregue por Jesus, os Arminianos imediatamente abandonam João 6, e citam João 12:32.
O significado de "atrair" (ou "trazer" - a palavra usada, no grego, em João 6:44 e João 12:32 é a mesma), totalmente discernível a partir do texto de João 6, é lida a partir de um significado assumido em João 12.
Este é um método falso de exegese. Mas, mesmo aqui, a tentativa dos Arminianos falha, porque João 12:32 NÃO ensina o universalismo mais do que João 6:44 o faz. Note o contexto da passagem:
João 12:20-22 diz — Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia alguns gregos. Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus. Felipe foi dizê-lo a André, e então André e Felipe foram dizê-lo a Jesus.
João 12 narra, portanto, os eventos finais do ministério público de Jesus. Depois desse incidente particular, o Senhor passaria um período privado com os Seus discípulos, exatamente antes de ir para a cruz.
As palavras finais do ensino público do Senhor Jesus são estimuladas pela chegada dos gregos que estavam procurando Jesus.
Essa importante mudança de eventos causa o ensino que se segue. Jesus está agora sendo procurado pelos não-judeus, os gentios.
É quando Jesus é informado sobre isso que Ele diz no v.23 — É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem.
Este, então, é o contexto que nos leva às palavras de Jesus no verso 32. Reparem o que diz os v.27-33 — Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei. A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: Foi um anjo que lhe falou. Então, explicou Jesus: Não foi por mim que veio esta voz, e sim por vossa causa. Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer.
Há duas chaves para se compreender porque aquilo que os Arminianos entendem dessa passagem é extremamente indefensável: a 1ª chave é que temos que ver que foi a chegada dos gregos. procurando Jesus que ocasionou essas palavras.
Os interpretes reformados crêem que "todos" se referem aos judeus e gentios, não a cada indivíduo particularmente, e o contexto aponta para essa direção.
Mas, mais devastadora para o entendimento Arminiano é uma simples questão: — A cruz atrai todas as pessoas individualmente? É isso o que a Bíblia realmente ensina sobre a cruz? Certamente que não!
A cruz é loucura para os gentios e uma pedra de tropeço para os judeus, como Paulo ensinou em 1 Co 1.22-24 que diz — Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.
Paulo conhecia essa verdade da mesma forma como Jesus a ensinou para os que são chamados, tanto judeus como gregos... E a gente pergunta — Para quem Cristo é o poder e a sabedoria de Deus? > Para "os chamados"...
E, reparem, o que é a pregação da cruz para aqueles que são chamados? > Algo que os atrai (ou traz). Ou é algo que os repele? A resposta é óbvia. A cruz de Cristo é loucura para o mundo.
Essas considerações, juntamente com o contexto imediato dos gentios procurando Cristo, deixa claro que Jesus estava dizendo que, se Ele fosse levantado na crucificação, Ele traria todos os homens, judeus e gentios, para si mesmo.
Isso é o mesmo que dizer que havia ovelhas que não eram daquele rebanho (Jo 10:16), ou seja, os gentios que se tornaram um corpo em Cristo (Ef 2:13-16).
Finalmente, se lemos essa interpretação errada de João 12:32 apoiada em João 6:44, e para fazer isso é necessário algum tipo de demonstração de que a simples palavra "atrair" [trazer] deve ter o mesmo exato significado e objetivo em ambos os contextos, algo que os arminianos nem mesmo tentam provar, estaríamos criando o universalismo, mas não porque a visão Reformada é um erro...
Já vimos que todos que são trazidos são também ressuscitados no último dia. Em vez de usar esse argumento para derrubar o claro ensinamento de 6:44, os arminianos deveriam ver que o grupo que está sendo traído não é cada indivíduo em particular, mas os eleitos (como indicado pelo contexto), e que o resultado é, isto SIM, a visão Reformada da graça irresistível... Amém

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Doutrina da Salvação – Parte 7


Vimos anteriormente que o homem é totalmente corrupto e que, por isso mesmo, é incapaz de ir a Cristo. Agora, vamos dar continuidade ao estudo, falando sobre A Graça Irresistível...
Jo 6.37- 45 — Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. 38 Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. 39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. 40 De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 41 Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. 42 E diziam: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso, não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu? 43 Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim.
Reparem, se é “Calvinismo extremado” o fato de nós crermos que o homem está “morto em seus delitos e pecados”, conforme Ef 2.1, e que ele é incapaz de vir a Cristo por si mesmo, então, o Senhor Jesus antecedeu em 1500 anos a Calvino com a Sua pregação na sinagoga em Cafarnaum, registrada em João 6 que acabamos de ler.
Nesse texto, temos o Senhor ensinando quase tudo o que é identificado como “Calvinismo extremado”. Jesus ensina que Deus é soberano e age independentemente das "livres escolhas" dos homens.
Jesus, da mesma forma, ensina que o homem é incapaz de ter a fé salvadora, sem a capacitação do Pai. Ele limita este trazer (v.44) aos mesmos indivíduos dados pelo Pai ao Filho.
E Jesus ensina, então, que a graça é irresistível sobre os eleitos (não sobre os “dispostos”), quando Ele afirma que todos aqueles que são dados a Ele, virão a Ele.
João 6:37-45 é, assim, a mais clara exposição na Bíblia do que alguns chamam de “Calvinismo extremado”. Essa pessoas que se dizem livres para escolher ignoram a maioria das passagens bíblicas sobre o assunto e oferecem uma resposta ao versículo 44 que é simplesmente incompreensível.
Além disso João 6:37 é citado algumas vezes, mas nenhuma interpretação é oferecida pelos que crêem na livre vontade do homem.
Existe, entretanto, uma boa razão para essa pessoas tropeçarem neste ponto > NÃO existe nenhuma interpretação não-reformada e significante sobre a passagem avaliada.
Assim, apesar das inúmeras tentativas dos interpretes Arminianos de encontrar um meio de superar esses versículos, nem mesmo uma única solução plausível tem sido oferecida que não requeira um completo desmantelamento do texto.
Ou seja, os arminianos só conseguem isso com uma redefinição das palavras, ou com uma inserção de conceitos extremamente estranhos.
Uma coisa é absolutamente certa > Jesus ensinou a completa soberania da graça às pessoas que estavam reunidas na sinagoga de Cafarnaum, há aproximadamente dois milênios.
Se desejarmos honrar a verdade do nosso Senhor e Cristo, não podemos fazer menos do que isso.
Ouçamos, novamente, Jesus ensinar o “Calvinismo extremado” quase 1500 anos antes de Calvino nascer, nas palavras do evangelho de João.
João 6:37-40 — Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
O cenário é importante > Reparem que Jesus fala a uma multidão reunida na sinagoga de Cafarnaum. Todas aquelas pessoas haviam seguido ao Senhor, depois que Ele as alimentou fazendo a multiplicação dos pães no dia anterior.
Elas estavam buscando mais milagres e mais alimento. Jesus não saciou as suas "necessidades físicas", mas foi diretamente ao assunto importante > quem Ele era e como Ele é o centro da obra de redenção de Deus.
Assim, Jesus se identifica como o "Pão da Vida" (v. 35), a fonte de todo alimento espiritual. "Quem é este homem para falar dessa forma de Si mesmo?", eles devem ter pensado.
Nem mesmo os maiores profetas de Israel instruíram as pessoas a ter fé neles mesmos! Nem mesmo Abraão, ou Isaías, tentou reivindicar ter descido do céu, nem jamais diriam "aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede".
Reparem, portanto, no impacto que essas palavras de Jesus devem ter causado à medida que foram faladas.
O Senhor foi duro com a Sua audiência. Jesus sabia que eles não possuíam uma fé verdadeira. No v.36 Ele diz — Porém eu já vos disse que, embora me tenhais visto, não credes.
Eles tinham visto Jesus com os seus olhos, mas a menos que a visão física esteja unida à iluminação espiritual, ela não será de proveito algum.
Muitas vezes, a importância dessa declaração é negligenciada. O verso 36 é um ponto crítico nessa passagem de João 6. Jesus agora está explicando a incredulidade deles.
Como é que aqueles homens poderiam estar diante do próprio Filho de Deus, o Verbo feito carne, e não crer? O próprio Criador, em forma humana, está diante deles, pessoas que eram versadas nas Escrituras, e aponta para a incredulidade deles.
E Jesus, então, explica por que eles não crêem. É o mesmo motivo pelo qual, hoje, muitos ouvem a Palavra de Deus e não crêem.
No v.37 o Senhor diz — Todo o que o Pai me dá virá a mim. —Essas são as primeiras palavras que vieram de Jesus na explicação da incredulidade do homem.
Esta afirmativa de Jesus é uma da completa declaração da soberania de Deus. Cada palavra nessa frase diz muita coisa.
“Todo o que o Pai me dá”. O Pai dá alguns a Cristo = os eleitos. Os eleitos são vistos como um todo singular, dados pelo Pai ao Filho. O Pai tem o direto de dar uma pessoa ao Filho. Ele é o soberano Rei, e esta é uma transação divina.
Todos os que são dados pelo Pai ao Filho vêm ao Filho. Não alguns, não muitos, mas todos os que o Pai dá.
Todos aqueles dados pelo Pai ao Filho virão ao Filho. É fundamental ver a verdade que é comunicada por essa frase: o ato do Pai dar ao Filho precede, vem antes, e determina a vinda da pessoa a Cristo.
Repetindo, a ação de dar pelo Pai vem antes da ação de vir a Cristo pelo indivíduo. E uma vez que todos daqueles assim dados virão infalivelmente, temos aqui tanto a eleição condicional bem como a graça irresistível, e isto no espaço de nove palavras!
Esse é um exercício da mais pura exegese, ou interpretação do texto bíblico.
Aqui, os arminianos dizem — Bem, o que o Senhor realmente quis dizer é que todos que o Pai viu que creriam em Cristo, virão a Cristo.
Esta é uma declaração sem sentido. Como nós vimos o ato de vir é dependente da ação de dar. Simplesmente, não é, exegeticamente, possível dizer que NÃO podemos determinar a relação entre essas duas ações. O ato de dar de Deus resulta no vir do homem. Ou seja, a salvação é do Senhor.
Mas reparem também que é para o Filho que eles virão. Eles não virão para um sistema religioso. Eles virão a Cristo. Esse é um relacionamento pessoal, uma fé pessoal.
Essa não é apenas uma vinda que acontece uma só vez. Essa é uma vinda continua, uma fé contínua, um olhar contínuo para Cristo como a fonte da vida espiritual.
Os homens a quem o Senhor Jesus estava falando "vieram" a Ele apenas por um tempo > em breve eles O deixariam e não O seguiriam mais.
Mas o verdadeiro crente, o eleito antes da fundação do mundo, está vindo a Cristo sempre, continuamente. Essa é a natureza da fé salvadora.
E Jesus conclui a declaração do v.37 dizendo — o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. — Ou seja, o verdadeiro crente, aquele que "vem" a Cristo, tem essa promessa do Senhor > usando a forma mais forte de negação possível, Jesus afirma a eterna segurança do crente > o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
Jesus promete, portanto, que não há qualquer possibilidade de que alguém que esteja vindo a Ele em verdadeira fé possa encontrá-Lo indisposto para salvá-lo.
Mas essa tremenda promessa é a segunda metade de uma sentença. Essa promessa está baseada na verdade que foi primeiramente proclamada.
Essa promessa é para aqueles que são dados pelo Pai ao Filho e a ninguém mais. Certamente, veremos no v.44 que ninguém senão aqueles que são assim dados, virão a Cristo em fé de uma maneira ou de outra.
Entretanto, existem aqueles que, como muitos daquela audiência em Cafarnaum, estão dispostos a seguir por um tempo, dispostos a crer por um tempo. Essa promessa NÃO é para esses.
A promessa aos eleitos é, portanto, uma promessa preciosa. Visto que Cristo é capaz de salvar perfeitamente, isto é, Ele não depende da vontade ou da cooperação do homem, Sua promessa significa que o eleito jamais pode se perder.
Assim, uma vez que Ele NÃO lançará fora, e que não há poder maior do que o Seu, aquele que vem a Cristo encontrará nEle um Salvador todo-suficiente e perfeito.
Essa é a única base da "segurança eterna" ou da perseverança dos santos > eles olham para um Salvador que é capaz de salvar. E a capacidade de Cristo para salvar significa que o redimido não pode se perder.
Muitas pessoas param no v.37 e perdem a tremenda revelação que somos privilegiados de receber nos versos seguintes. Por que motivo Cristo nunca lançará fora aqueles que vêm a Ele?
Os v.38-39 explicam o v.37 — Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu...
Ou seja, Cristo guarda todos aquele que vem a Ele porque Ele está cumprindo a vontade do Pai. O Messias Salvador sempre faz a vontade do Pai. Há, portanto, perfeita harmonia entre a obra do Pai e a obra do Filho.
E qual é a vontade do Pai para o Filho? Em termos simples, a vontade do Pai é que o Filho salve perfeitamente. — E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.
É fundamental termos em mente que isso dá continuidade a explicação do motivo pelo qual Jesus NÃO lança fora aquele que vem a Ele.
Devemos atentar para isso, porque alguém pode ser tentado a dizer que o Pai confiou todas as coisas nas mãos do Filho, e que essa passagem não está dizendo nada mais que o Filho agirá de forma apropriada com respeito àqueles que o Pai Lhe deu.
Mas o contexto é claro. O v.37 fala do pai "dando" os eleitos ao Filho, e o v.39 continua o mesmo pensamento. Aqueles que são dados, infalivelmente virão ao Filho, e são esses mesmos, os eleitos, que são ressuscitados no último dia.
Ressurreição é obra de Cristo, e nessa passagem, é comparada com o doar da vida eterna. O v.40 diz — a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna...
Ou seja, Cristo dá vida eterna a todos aqueles que são dados a Ele, e que, como resultado, vêm a Ele e crêem Nele.
Devemos perguntar aos Arminianos que promovem a idéia de que uma pessoa verdadeiramente salva pode se perder — Isto não significa que Cristo pode falhar em fazer a vontade do Pai?
Se a vontade do Pai para o Filho é que Ele não perca nenhum daqueles que Lhe foram dados, não se deduz que Cristo é capaz de realizar a vontade do Pai?
E isto não nos força a crer que o Filho é capaz de salvar sem a introdução da vontade do homem como autoridade final no assunto?
Pode alguém, que ensina que o livre-arbítrio do homem é uma parte importante do processo da salvação, e que nenhum homem é salvo a menos que esse homem deseje isso, crer nessas palavras?
Pode alguém que diz que Deus tenta salvar tantos quanto "possível", mas NÃO pode salvar ninguém sem a cooperação do homem, crer no que esse verso ensina?
Não é a vontade do Pai que Cristo tente salvar, mas que Ele salve perfeitamente um povo particular. Ele não perderá nenhum de todos aqueles que o Pai lhe deu.
Como pode ser isso, se a decisão final estiver com o homem, e não com Deus?
É a vontade do Pai que resulta na ressurreição para a vida de qualquer indivíduo. Isso é eleição nos mais fortes termos, e ela é ensinada com clareza nas Escrituras.
O v.39 começa com dizendo — A vontade daquele que me enviou é esta... — e o v.40 faz o mesmo — A vontade do Pai que me enviou é esta...
Mas no v.39, reparem, temos a vontade do Pai para o Filho. Agora, no v.40 temos a vontade do Pai para o eleito — Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
Espantosamente, os arminianos arrancam esse texto do seu contexto, se equivocam com a referência "todo aquele que vê... todo aquele que crê nEle", e dizem — Veja, não há eleição divina aqui! Qualquer um pode fazer isso!
Mas é óbvio que, quando o texto é tomado como um todo, esta não é a intenção da passagem. Quem é aquele que "vê" o Filho e "crê" nEle?
Ambos os termos referem-se a uma ação contínua, da mesma forma como vimos na "vinda de alguém" a Cristo no v. 37.
Jesus ressuscitará no último dia todos aqueles que Lhe foram dados (v.39) e todos aqueles que estão olhando e crendo nEle (v. 40).
Será que devemos crer que existem grupos diferentes? Certamente que não. Jesus ressuscita somente um grupo para a vida eterna.
Mas visto que isso é assim, não se segue que todos aqueles dados a Ele olharão para Ele e crerão nEle? Mais do que certo que sim.
A fé salvadora, então, é exercida por todos aqueles dados ao Filho pelo Pai, uma das razões pelas qual, a Bíblia afirma claramente que a fé salvadora é um dom de Deus, conforme Ef 2.8 — Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus
Na continuação Jo 6:41-45 diz assim — Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu; e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu? Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
Os judeus estavam, portanto, murmurando por causa desse ponto do discurso do Senhor > eles rejeitavam a reivindicação da origem divina de Jesus, assumindo em vez disso que Ele era apenas um simples homem, o filho de José.
Mas Jesus NÃO se desvia de Sua apresentação por causa dos pensamentos e da confusão deles. Jesus os instrui a parar de murmurar (v.43) e, então, explica a incredulidade persistente deles.
“Ninguém pode vir a mim”. Literalmente Jesus diz: "Nenhum homem é capaz de vir a mim". Essas são palavras de incapacidade e elas são colocadas num contexto universal.
Todos os homens compartilham isso em comum > eles são carentes da capacidade de vir a Cristo por si mesmos. A incapacidade compartilhada é decorrente de uma natureza caída compartilhada.
Isto é, o "morto em pecado" (Ef 2:1) é "incapaz de agradar a Deus" (Rm 8:8). Essa é a doutrina Reformada da depravação total, que estudamos na semana passada, a incapacidade do homem ensinada pelo Senhor que conhece os corações de todos os homens.
Se o texto terminasse aqui, não haveria nenhuma esperança, nenhuma boas novas. Mas o texto não pára aqui. E nós veremos a continuação desse estudo na parte 8 seguinte... Amém?!