segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Apocalipse - Estudo 6


O Cordeiro Abre os Selos

Ap 6:1 — Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos...
Esta expressão “Vi” não deve ser separada dos capítulos anteriores que já estudamos. Por exemplo, em 5:1 ou em 5:6, o apóstolo João também diz: – Vi, na mão direita...; ...Então, vi, no meio do trono...
Precisamos salientar esse detalhe, porque João teve uma visão sem interrupções, uma visão completa... E ele vê tudo aquilo dentro da perspectiva da ETERNIDADE.
Reparem que a visão do apóstolo começou quando ele foi arrebatado em espírito ao céu (4:1). Assim, João vê tudo desde a eternidade... Ou seja, aos poucos, vamos percebendo que João teve uma visão grandiosa do final dos tempos, uma visão de todos os acontecimentos dos últimos dias.
Agora, vejam, embora estes acontecimentos possam ser colocados numa ordem cronológica, isto é, embora eles possam ser ordenados na seqüência em que acontecerão..., estes acontecimentos já são o presente na eternidade.
E João vê tudo de uma só vez, embora ele somente seja capaz de descrever esses acontecimentos um de cada vez. É por esse motivo que não podemos separar os capítulos de 4 a 6...
O Livro Selado do qual falamos na semana passada (cap.5) e que estava na mão direita de Deus-pai, passou agora para as mãos do Cordeiro... Isso corresponde, exatamente, à afirmação do próprio Senhor Jesus que, Jo 5:22, diz aos que o perseguem — E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento...
Como vimos, também, no estudo anterior, este livro selado não contém nenhum segredo, ou novas revelações, pois ele está escrito por dentro e por fora...
Entretanto, ele está selado com os sete selos, porque ele é, como dissemos, O TESTAMENTO DE DEUS E DO CORDEIRO, ele é a herança de Deus para a sua igreja, para nós.
É, portanto, aquilo que nós herdamos da Cruz do Calvário... e essa herança precisa passar a ter força de lei... Ou seja, os selos precisão ser abertos...
Estes selos significam os juízos que devem vir sobre o mundo, esse mundo que rejeita a Deus, que rejeita ao Senhor Jesus, e que está cada vez mais e mais atolado no pecado...
Agora, portanto, o Cordeiro começa a abrir os selos... A descrição da abertura desses selos mostra que, aqui, nós estamos entrando num novo tempo, numa nova época do Plano de Salvação.
O ser humano viveu várias épocas. Primeiro, uma época sem lei, depois da Queda... Depois, uma época com a lei, a lei que foi dada por Deus a Moisés e que vai até a 1ª Vinda do Senhor Jesus.
Com a vinda do Messias, chegamos à época da graça que continua em vigor até os dias de hoje...
Mas, no momento em que o Cordeiro tomar o livro e abrir o 1º selo, sairemos da era da graça e entraremos numa outra era...
Assim, Ap 6 mostra, exatamente, isso... mostra que a era da graça está encerrada, porque nesse tempo a Igreja do Senhor Jesus já terá sido arrebatada..
Agora, portanto, o Cordeiro começa a dar força de lei à sua herança... E nós, que fazemos parte da Igreja de Cristo, e que, portanto, vencemos com Ele, estaremos no céu e seremos co-herdeiros dessa herança maravilhosa.
Reparem, também, que em contraste com os cap. 4 e 5, onde todos os atos se referem ao que está no céu, no cap. 6, todas as ações são direcionadas para terra, para o nosso planeta...
Com a abertura dos selos, começa, então, um terrível período de juízos sobre a terra. O 7º selo, como veremos mais pra frente, inclui as sete trombetas, e a 7ª trombeta é justamente a última trombeta... e inclui também as sete taças do juízo...
Tudo isso começa, portanto, no cap.5 e vai terminar no cap. 20, com a 2ª Vinda do Senhor... Esse é o Dia do Senhor, o Dia da Volta de Jesus...
O período dos sete selos é, dessa maneira, um período que se encontra entre o Arrebatamento da Igreja e a era do estabelecimento do Reino da Paz, quando o Senhor Jesus voltar...
Vejamos então os selos:
O 1º Selo:
Ap. 6:1-2 — Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem! 2 Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer.
Os quatro primeiros selos nos mostram 4 cavaleiros, ou seja, há sempre um homem e um cavalo. Esses quatro cavaleiros que aparecem por ocasião da abertura dos quatro primeiros selos representam:
1- Conquista: O primeiro cavaleiro cavalga um cavalo branco, empunha um arco e se chama "Conquista". Ele representa todo indivíduo que se empenha em conquistar o mundo pela força. Poderia representar Domiciano, Hitler, ou outro conquistador qualquer, como, George W. Bush e outros que ainda vão surgir. Mas, iremos analisar esse cavaleiro mais em profundidade daqui a pouco.
2- Guerra: O segundo cavaleiro, que se chama "Guerra", utiliza um cavalo vermelho. Foi lhe dado "tirar a paz da terra, para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dado uma grande espada" (v.4). Inevitavelmente, a guerra é o resultado da ação de conquista.
3- Fome: O terceiro cavaleiro é a "Fome". Ele cavalga um animal preto e na mão, segura uma balança. Uma voz fala em trigo, cevada, azeite e vinho. O simbolismo da balança sugere a escassez de alimento, que tem que ser racionado. Ainda hoje vemos exemplos da maneira pela qual a guerra traz a fome, como é o caso de eventos recentes no Iraque... e em países da África.
4. Morte: O nome do quarto cavaleiro é "Morte". Ele cavalga um animal amarelo, e o Hades, isto é, o inferno o estava seguindo. O sentido é "morte que segue a morte"... porque a morte provoca a morte. Assim, esse 4º cavaleiro completa a obra dos três anteriores.
Entre esses 4 cavaleiros do Apocalipse, o 1º tem uma posição especial. Entre todos, o 1º Cavaleiro, o do cavalo branco, tem sido interpretado pelos estudiosos das mais diversas maneiras.
Alguns, inclusive, quiseram interpretar esse cavaleiro como o próprio Cristo, dizendo que o seu cavalo branco significa a pureza e que ele, como Cristo, — saiu vencendo e para vencer (v.2b).
Essa interpretação é errada pelas seguintes razões:
1. O Senhor Jesus já se revelou como um Cordeiro como tendo sido morto (5:6), como um Cordeiro que abre os selos. Por isso, Ele não pode, ao mesmo tempo, se revelar numa outra figura.
2. Como o Senhor Jesus é o único que é digno de abrir os selos e, quando Ele abre o 1º selo, avança esse cavaleiro do cavalo branco. Logo, Ele mesmo não pode ser o tal cavaleiro...
3. O cavaleiro do cavalo branco está, claramente, subordinado às ordens de Deus. Reparem que, quando o Cordeiro abre o 1º selo, João ouviu — um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem! (v.1) Isso é uma ordem e essa ordem vem do trono de Deus. Todavia, o Pai confiou todo o julgamento ao Filho, de modo que esse cavaleiro do cavalo branco nunca poderia ser Cristo.
4. Além disso, como vimos mais atrás, a esse cavaleiro do cavalo branco seguem a guerra (cavalo vermelho), a fome (cavalo preto) e a morte (cavalo amarelo)... E nós sabemos que ao Senhor Jesus essas coisas não o seguem... Ao contrário, com Cristo sempre vem a Paz, a Abundância e a Vida.
Fica claro, portanto, que o 1º Cavaleiro do Apocalipse, aquele que cavalga o cavalo branco, é a personagem mais sinistra da humanidade... Falamos, inicialmente, que ele poderia ser Domiciano, Hitler, Sadan Russen ou qualquer outro desses flagelos.
Mas, esse cavaleiro representa, na verdade, o ANTICRISTO. Reparem que ele não é um príncipe por nascimento, porque está dito no v.2 que — ...foi-lhe dada uma coroa...
No livro do Apocalipse, vamos encontrar com freqüência essas imagens duplas, imagens que apresentam um grande contraste entre si.
Assim, o cavaleiro do cavalo branco, o anticristo, é semelhante a Cristo. Ele engana com seu cavalo branco, com sua aparência inofensiva, com sua aparência de vencedor...
Quando o Cordeiro abre o 1º selo no céu, o anticristo aparece imediatamente na terra... e o Senhor Jesus predisse isso em Jo 5:43 – Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente, o recebereis.
E esse outro está a caminho... Eu creio, inclusive, que ele já está no meio de nós... (Lord Maitreya). E o mundo ira receber esse falso cristo, um homem forte, um super-homem que dominará o mundo e que com ele virá guerra, fome e morte...
(treva e luz X Arrebatamento). Bom para os que forem arrebatados... Nós estaremos lá do céu assistindo a tudo de camarote... Mas, que coisa terrível será para os que ficarem para trás (Deixados para Trás).
É isso que está em Ap. 12:12 – Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.
O anticristo é, assim, o 1º juízo dos selos, após o arrebatamento da igreja. Esta começando, portanto, o período da Grande Tribulação...
Nós nos demoramos mais na analise do 1º selo porque esse 1º selo é fundamental... Vejamos os demais
O 2º Selo:
Ap 6:3-4 — Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo: Vem! 4 E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada.
Quando Jesus diz em Mc 13:5-6 – ... Vede que ninguém vos engane. 6 Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e enganarão a muitos. — Jesus está se referindo ao anticristo.
E o v.7 continua — Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. — Esse é o cavaleiro do cavalo vermelho, a Guerra, como dissemos antes.
Cabe salientar que os selos descrevem o que irá acontecer em linhas gerais. Entretanto, os próximos capítulos vão falar do anticristo e vão falar das guerras terríveis que estão por vir de maneira mais detalhada.
Esse 2º cavaleiro é caracterizado por três coisas:
Primeiro, reparem, o texto diz que — foi-lhe dado tirar a paz da terra — Esse é um anúncio claro das guerras que estão por acontecer...
Segundo, o texto prossegue e diz — que os homens se matassem uns aos outros. Isso já é realidade nos nossos dias...
Os homicídios, os assassinatos, os crimes mais terríveis já começam a acontecer.
Terceiro, a esse cavaleiro do cavalo vermelho o texto diz que — lhe foi dada uma grande espada. Essa é uma referência aos bilhões e bilhões de dólares que cada vez as nações têm gasto em armamento, em armas nucleares, em instrumentos cada vez mais sofisticados para matar. Essa é a grande espada que está sendo preparada agora...
O 3º Selo:
Ap 6:5-6 — Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo: Vem! Então, vi, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. 6 E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho.
Reparem que a descrição desse 3º cavaleiro diz que ele tem uma balança em suas mãos. Essa balança indica o racionamento dos alimentos que precisam ser medidos e pesados. Isso significa a fome... uma fome que já é, nos dias de hoje, muito grande em todo o mundo.
O texto faz referência a uma escassa medida de trigo por um denário. Conforme podemos ler em Mt 20:2 — E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os para a vinha. — Um denário correspondia, no tempo de João, a um dia inteiro de trabalho de um trabalhador... Esse trabalhador tendo que dar, por uma simples medida trigo, um dia inteiro de seu trabalho, isso significava fome para a sua família...
A fome, que vem matando milhares e milhares de pessoas em todo o mundo nos dias de hoje, talvez seja mais terrível ainda do que a guerra... Lm 4:9 diz assim — Mais felizes foram as vítimas da espada do que as vítimas da fome; porque estas se definham atingidas mortalmente pela falta do produto dos campos.
O texto diz também (v.6b): — não danifiques o azeite e o vinho. — O que significa essa expressão? Reparem que o azeite, ou o óleo, na Bíblia, representa o Espírito Santo. O vinho representa o sangue do Senhor Jesus derramado na cruz do Calvário... Essa é, portanto, uma alusão de que a Igreja do Senhor não sofrerá nenhum mal - não danifiques o azeite e o vinho! — porque a igreja já estará arrebatada quando essas coisas acontecerem.
O 4º Selo:
Ap 6:7-8 — Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizendo: Vem! 8 E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra.
Esse 4º cavaleiro, praticamente, não precisa ser explicado. Ele se estabelece como o grande coveiro do mundo... é o anticristo trazendo morte e destruição. Rm 6:23 nos diz que o salário do pecado é a morte, e esse cavaleiro arrasta atrás de si o inferno, isto é, as suas vítimas, as pessoas que não creram no Senhor Jesus... Estas pessoas são as que ficaram para trás, não foram arrebatadas e vão sofrer todas essas calamidades, as guerras, a fome, as pestes e a morte.
É como está em Mt 24:21 — porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais.
O 5º Selo:
(AP 6:9-11) — Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. (10) Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? (11) Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
Quando o Cordeiro abre o quinto selo, o simbolismo se modifica. Nos atos anteriores, vimos os meios pelos quais Deus pode exercer seu julgamento e algumas de suas ações.
Aqui, vemos a razão desse julgamento. Debaixo do altar, João vê "as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus, e por causa do testemunho que deram".
É claro que João se refere, primariamente, aos mártires do período de Domiciano... Todavia, aqui estão os mártires do período da Grande Tribulação.
Vamos explicar isso melhor. Reparem que esses mártires clamam, dizendo em grande voz — Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?
Em 1º lugar, por que eles clamam? Essas almas clamam, em contrataste com os arrebatados, porque elas estão sem corpo, sem o corpo glorificado... Reparem que elas estão debaixo do altar. A Igreja de Jesus, ao contrário, está glorificada.
Reparem também que elas dizem — Até quando, ó Soberano Senhor, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? — À primeira vista isso parece estranho... Parece que essas almas estão clamando por vingança. Mas, não é isso. Esse clamor tem razões profundas:
1. Essas almas vêem como Deus julga o mundo, mas elas mesmas continuam sem justificação... apesar de terem sido as únicas que, durante a Grande Tribulação, aceitaram a Palavra de Deus e receberam a Cristo como Salvador...
2. Essas almas clamam para que a honra e o louvor ao nome de Deus sejam restabelecidos na terra. Reparem que até a forma de tratamento é diferente. Elas gritam: — ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro... Em outras palavras, é como se elas estivessem dizendo: — Senhor, não permita que o Teu Santo Nome continue a ser injuriado...
3. Essas almas clamam, também, como dissemos, porque não foram glorificadas. E por que não foram??? Não foram porque elas estão sem o selo do Espírito Santo! Em Ef 1:13 lemos assim: — em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;
Todavia, essas almas não receberam o selo porque, no tempo que elas creram, isto é, durante a Grande Tribulação, o Espírito Santo já não estava mais aqui... Mas, o clamor é respondido: — Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
Assim, essas almas devem esperar ainda um pouco, até que seja completado o número dos que ainda serão salvos durante a Grande Tribulação...
A cada mártir é dado uma vestidura branca, símbolo de vitória e pureza, e é dito a eles que tenham paciência. O tempo ainda não está maduro para a retribuição de Deus. No fim, entretanto, o juízo e a vitória de Deus chegarão.
O 6º Selo: O Terremoto, o Fim dos Séculos
(AP 6:12-17) — Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, (13) as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, (14) e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. (15) Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes (16) e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, (17) porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?
Reparem que, quando o sexto selo é aberto, João vê, como lemos, uma série de catástrofes. Existem algumas controvérsias sobre o significado dos fenômenos descritos neste trecho...
A dúvida é se eles se referem a catástrofes localizadas, ou se diz respeito a uma antevisão simbólica do juízo final e do fim dos tempos. Seja qual for a interpretação, esta parte do drama simboliza o poder de Deus contra aqueles que rejeitam a Ele e ao seu plano de salvação.
A partir disso, podemos perguntar: O que acontece com os crentes, os que forem convertidos durante essas catástrofes destruidoras? Eles escaparão, ou serão vitimados por elas?
A resposta está no sétimo selo, o qual somente será aberto no capítulo 8. Amém!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Apocalipse - Estudo 5



A Visão do Livro e dos Selos
Apocalipse 5 — 1 Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. 2 Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? 3 Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; 4 e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. 5 Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. 6 Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. 7 Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; 8 e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, 9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. 11 Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, 12 proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. 13 Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. 14 E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.
No Capítulo 4, vimos Deus como Criador de todas as coisas e, agora, no cap. 5 lemos a continuação da visão que João teve da santidade e da glória de Deus...
Reparem que essa visão da glória de Deus não muda, continua a mesma, porque Deus é imutável. Tg 1:17 nos diz que em Deus – ... não pode existir variação ou sombra de mudança. Ou seja, Deus é eternamente o mesmo...E isso é um consolo para nós que vivemos num mundo cheio de variações, num mundo cheio de mudanças, ao ponto da filosofia afirmar que a nossa única certeza é a certeza da mudança...
Na visão que se segue, João vê um livro seguro pela destra daquele que está sentado no trono. (AP 5:1) — Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos.
Reparem também que, nesse cap. 5, a visão de João é muito ampliada. Ele vê agora um livro, isto é, ele vê um rolo, porque naquela época não existiam livros como os conhecemos hoje. Havia, sim, rolos de papiro...
Nesta nova seqüência de visões de João, Deus é apresentado como Redentor, e João vê o rolo na mão direita daquele que está assentado no trono.
Reparem que tudo o que está à direita de Deus está relacionado com a REDENÇÃO e com a Salvação. Deus separa os cabritos da ovelhas, como lemos em Mt 25:33 — e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; — e diz, no v.34, aos que estão à direita — Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. – e no v.41, aos que estão à esquerda o Senhor diz — Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
Além disso, reparem, o próprio Senhor Jesus está assentado à direita da Majestade de Deus... porque é na mão direita que está a força. Assim, o livro que João vê está na mão direita de Deus...
Reparem que o livro está escrito por dentro e por fora, e está selado com sete selos. Uma das possíveis interpretações para o significado do livro sugere que ele trata do destino dos homens. Mas, será que é isso mesmo? Vamos analisar...
Quando lemos todo o cap. 5, percebemos que este rolo, na mão direita de Deus, deve ser algo de extrema importância. Este rolo é tão extraordinariamente importante que o Cordeiro de Deus é levado a agir, tomando o rolo das mãos de Deus, como está no v.7 — Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono;
Este gesto do Senhor Jesus tem como conseqüência que os 24 anciões e os 4 seres viventes se prostram diante do Cordeiro, como podemos ler no v.8 — e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, — e entoaram Novo Cântico, dizendo (v.9-10) – Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
Reparem, também, que ninguém mais é digno de abrir aquele rolo especial, conforme está no v.3 – Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele;
Somente este fato já nos leva a perguntar: — O que será que esta escrito nesse livro, nesse rolo??? Será que ele contém a História da Criação do Mundo??? Claro que não! E por que não??
Simplesmente, porque se assim fosse, não haveria ordem na seqüência divina de toda a visão. Reparem que no 4:11 nós vimos que Deus é adorado como criador de todas as coisas... está assim — Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.
Ora, se o livro tratasse da criação, não seria apropriado, não seria adequado e estaria fora de ordem apresentar o Cordeiro de Deus, No entanto, é disso que trata o rolo... Por quê? Porque o próprio Cordeiro, o Senhor Jesus, é a revelação de Deus. Jo 1:18 diz assim: – Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.
E o próprio Senhor Jesus diz em Jo 14:9 – ...Quem me vê a mim vê o Pai;
Também, se imaginarmos que o livro se refere à Redenção, de uma coisa podemos ter certeza: NÃO SE TRATA DA REDENÇÃO REALIZADA NA CRUZ DO CALVÁRIO.
Ou seja, não se trata da experiência pessoal da redenção que o crente obteve com a Nova Aliança... Não, não é isso! Essa experiência pessoal de cada um de nós está baseada no ato do Senhor Jesus que, como Cordeiro de Deus, derramou o seu sangue precioso na Cruz, para nos lavar de todo o pecado.
Mas, não é disso que o rolo trata... O rolo é a respeito da REDENÇÃO, mas num outro sentido. Esse rolo fala do DIA DA REDENÇÃO que está adiante de nós... que está, portanto, no futuro, ou seja, o rolo fala do Dia da Volta do Senhor Jesus.
É preciso salientar esse ponto. A Redenção na Cruz não tem efeito somente para a nossa vida neste mundo, isto é, para a nossa situação atual.
O apóstolo Paulo, em 1 Co 15:19, diz assim: — Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.
É claro // que a redenção tem efeito para toda a eternidade... tanto para nós como para todo o Universo. Aliás, reparem, os filhos de Deus, ou seja, nós, recebemos do Senhor um penhor para esse dia, conforme está em Ef 1:13-14 — em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 14 o qual é o penhor da nossa herança até ao resgate da sua propriedade ( ou, até ao Dia da Redenção), em louvor da sua glória.
Logo, essa Redenção é a redenção futura... A redenção através de Jesus é uma força viva, uma força que dá vida, uma força que se estende a todo o futuro que está diante de nós. Um futuro sobre o qual o Senhor diz em 21:5 — ...Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
É verdade que essa redenção futura tem suas raízes no passado, lá na Cruz do Calvário, onde todos os crêem são salvos. Entretanto, esse resultado da redenção ainda é pequeno, se compararmos com aquilo que se torna visível na Redenção que irá se consumar no futuro. Em Hb 9:12, a Escritura se refere a essa redenção como ETERNA REDENÇÃO.
É interessante observarmos que, em Lc 21:1-27, o Senhor Jesus faz um sermão profético, dirigindo-se primeiramente a Israel (pedir a alguém que leia). Agora, reparem, repentinamente, no v.28, o Senhor Jesus fala a todos os que crêem Nele, dizendo — Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.
Essa é a Redenção Futura, a redenção sobre a qual o rolo que estamos analisando fala...
Assim, esse rolo não é o Livro da Vida sobre o qual o Apocalipse e outros livros da Bíblia se referem. Sobre o Livro da Vida iremos tratar mais pra frente...
O rolo, que se encontra na mão direita daquele que está assentado no trono, é o TESTAMENTO DE DEUS E DO CORDEIRO.
Testamento é uma palavra que significa vontade final, ou última vontade. Em relação a Deus, é claro que não se trata de sua última vontade, porque Deus não morre, Deus é eterno. Assim, o rolo trata da vontade soberana de Deus para toda a eternidade.
Agora, como podemos saber que esse rolo contém o TESTAMENTO DE DEUS E DO CORDEIRO??
Vamos ver isso:
1º - O conteúdo do rolo, selado com os sete selos, não permanece oculto porque o v.1 diz que ele está escrito por dentro e por fora...
2º - Os sete selos indicam claramente que se trata de um testamento. Essa representação era muito comum para o apóstolo João... Quando estudamos a História do Império Romano, descobrimos que as leis de Roma, naquela época, eram seladas com sete selos. Deus mostrou, portanto, ao apóstolo, figuras que ele entendia...
3º - Reparem que, ao desatar os selos e abrir o livro, não foi revelado nada de novo. Alguns estudiosos pensam assim mas, no nosso entendimento, reparem, o que estava registrado no testamento tornou-se válido quando os selos foram desatados.
É isso o que acontece com os testamentos... só se tornam válidos quando são abertos... Podemos, ou não, saber o que um testamento contém mas, uma coisa é certa, um testamento só se torna válido quando é aberto, quando são desatados os selos.
Neste cap.5, vemos que ninguém podia abrir o livro, ou seja, ninguém podia abrir o testamento. Ninguém era capaz de conhecer a herança dos santos, conforme está em Cl 1:12 — ...dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz — Muito menos, ninguém era capaz de dar a essa herança dos santos valor legal, isto é, distribuir essa herança.
Aparece, então, um anjo forte e proclama em alta voz como está no v.2b — Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?
Em outras palavras: — Quem é digno de abrir o livro e revelar o propósito de Deus para os homens?
Chegou, portanto, o momento de Deus executar o seu testamento, executar a sua vontade soberana de salvação.
Vamos olhar um pouco para trás. Reparem: Deus já revelou sua vontade de salvação ao Primeiro Adão, no Paraíso. Em Gn 1:27 lemos — Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Qual era então a vontade salvadora de Deus???
Quando lemos a história da criação, vemos que Deus estabeleceu o homem acima de tudo o que tinha sido criado, e vemos também o Senhor disse que tudo era muito bom.
Ou seja, o homem foi colocado como cabeça sobre a herança gloriosa de Deus, sobre a herança incorruptível, sem mácula, herança imarcescível, como diz o apóstolo Pedro em 1 Pe 1:4.
Entretanto, o homem perdeu essa herança por causa do pecado. Com a queda, o homem perdeu a comunhão com Deus e, assim, perdeu a vida eterna... Foi expulso do Paraíso e se tornou um ser errante... é como nos diz Isaias em Is 53:6 – Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho...
A abertura de um testamento é sempre um momento de tensão. E, na situação descrita por João, não é diferente... e essa tensão é até justificada...
Reparem que, quando o anjo pergunta no v.2 – Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? – Não houve resposta, fez-se silêncio... E o v.3 diz — Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele;
Isso significa que ninguém no céu = nenhum anjo; ninguém na terra = nenhum homem; ninguém debaixo da terra = nenhum demônio; ninguém!! Absolutamente ninguém era digno de abrir o livro e olhar para ele...
Nessa situação, há um silêncio na terra e no céu. Ouve-se apenas o soluço de um homem... No v.4 João confessa — e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele.
Agora, reparem, João já havia passado por muitas experiência com Jesus... Ele andou com Jesus, ele ouviu os ensinamentos de Jesus, ele assistiu aos milagres que Jesus fez, ele estava ao pé da cruz e viu Jesus ser crucificado... viu, também, Jesus ressuscitado e viu Jesus subir aos céus numa nuvem...
Ou seja, João havia visto coisas grandiosas. Mas, agora, na abertura do testamento, quando suas esperanças eram maiores ainda, ele ouve que ninguém é digno de abrir o livro e desatar os selos...
É como se o plano da Salvação tivesse sido bloqueado, porque nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o testamento e dar valor legal à herança de Deus e do Cordeiro...
NINGUÉM??? NINGUÉM!! Ninguém além do próprio Cordeiro de Deus! E por quê? Porque agora vem um ancião – um representante da Igreja Glorificada — e diz a João (v.5) — Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.
Ou seja, é revelado a João que o "Leão da Tribo de Judá" abriria o livro. Jesus é o Leão que, na cena seguinte da visão, se transforma no Cordeiro de Deus, como está no (5:6) — Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
O Leão, que representa o absoluto poder e a bravura, se transforma num Cordeiro, símbolo de absoluta bondade. Ele havia sido morto, mas estava vivo. O Cordeiro, está claro, é Jesus Cristo, o Ungido de Deus, o Messias de Israel.
Reparem que o Cordeiro tem sete chifres: pontas ou chifres representam poder... O número sete representa a perfeição... Ele tem também sete olhos, representando os sete Espíritos de Deus, o Espírito Santo perfeito, que vigia em favor do seu povo.
Na cena seguinte, o Cordeiro toma nas mãos o livro. Diz assim o v.7 — Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono...
Somente Ele pode abrir o livro e executar os juízos de Deus sobre os iníquos. Somente Ele salva o povo de Deus.
Há grande alegria e cânticos por parte daqueles que presenciam a cena. Vejamos o que diz os v.8-10 — e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, (9) e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (10) e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
Reparem, portanto, que as quatro criaturas viventes, as quais representam toda a criação, e os vinte e quatro anciãos, que simbolizam os Patriarcas e Discípulos de Jesus, bem como os anjos, se prostram diante do Cordeiro...
A primeira parte do relato se fecha, então, com essa eletrizante cena de certeza de que tanto o presente quanto o futuro estão nas mãos do Cordeiro triunfante...
Esta é uma mensagem de esperança, não só para aqueles cristãos perseguidos pelo Imperador Domiciano, mas, também, para todos os demais crentes em todos os tempos.
Qualquer que for a ameaça, Qualquer que for a luta ou Qualquer que for a provação, Deus não nos abandonará. Ele é o Senhor da História... Amém.

Apocalipse - Estudo 4



O Início da Visão

Ap 4 – Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. 2 Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; 3 e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. 4 Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. 5 Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. 6 Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. 7 O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. 8 E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir. 9 Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, 10 os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: 11 Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.
Como vimos anteriormente, o cap. 1 do Apocalipse descreve o Cristo Vitorioso, no drama em que o Apóstolo João encontra-se desvendando em sua visão.
Os cap. 2 e 3 falam a respeito do auditório, isto é, a quem se destina esse drama.
Assim, esse auditório, inicialmente, são as sete igrejas da Ásia Menor, mas, num sentido mais amplo, significa todas as igrejas e todos os crentes em todos os tempos...
Desta maneira, até aqui, o que apresentamos aos irmãos foi uma espécie de preparação para o que se inicia neste capítulo 4, o qual é o centro do nosso estudo de hoje.
A partir de agora, surgirão cenas, no livro do Apocalipse, que têm o objetivo de dar aos cristãos perseguidos, especialmente aqueles da época do imperador Domiciano, a certeza de que a causa de Cristo será completamente vitoriosa.
Este capítulo 4, portanto, bem como o estudo da próxima 4ª feira, servem como uma introdução ao que se desenvolverá a seguir.
Todavia, antes de prosseguirmos, buscando compreender a cena descrita no cap. 4, é importante ressaltar três princípios necessários para melhor compreendermos o simbolismo que é aqui utilizado.
A linguagem usada é a própria linguagem "apocalíptica", ou seja, é uma linguagem que não está fundamentada na razão, mas, sim, na imaginação.
A mensagem dos símbolos deve ser vista, de uma forma geral e não nos seus detalhes. Estes detalhes, em sua maioria, não trazem nenhuma mensagem específica, mas apenas compõem o cenário, contribuindo para dar cor, luz, som e movimento à cena.
Por exemplo, a utilização de números raramente tem significado numérico ou aritmético.
A numerologia judaica, presente em diversos outros escritos, revela que o número 1 simbolizava a própria unidade (um objeto).
Já o número 2 estava relacionado ao conceito de fortaleza, de confirmação ou de coragem (duas testemunhas).
O 3 está vinculado àquilo que é divino (Pai, Filho e Espírito Santo), enquanto o 4 simbolizava o mundo físico (quatro pontos cardeais).
O número 5 representa os dedos da mão, sendo por isso, associado à perfeição humana... Quando não há mutilação na guerra, os dedos da mão são cinco.
O dobro de 5, que é 10, se constitui nos mandamentos de Deus.
O 7 é o resultado da soma do quatro (mundo físico) e três (divino), simbolizando a perfeição.
E o 6 é aquele que falhou em sua tentativa de alcançar o 7 da perfeição, está, portanto, associado à falha, ou à queda e ao pecado.
Há também outros números que são combinações de uns com os outros, como é o caso do 666 (o número da besta), ou o 40 que quer dizer a provação humana — 40 anos do povo de Israel no deserto, 40 anos do exílio de Moisés.
O número 70, é um outro exemplo de combinação que significa o super sagrado... há ainda a multiplicação de 3 x 4 = 12, que significa a religião organizada — as 12 tribos de Israel e os 12 discípulos do Senhor Jesus.
Vamos, agora, entrar no cap. 4 propriamente...
O Trono de Deus, os 24 Anciãos e os 4 Seres Viventes
João, o autor do Apocalipse, em espírito, entra pela porta do céu para receber a grande primeira visão.
(AP 4:1-2) — Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. (2) Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;
Reparem que esse cap. 4 começa dizendo: — Depois destas coisas... O que significa esse DEPOIS? Para compreendermos o que significa essa expressão Depois destas coisas, vamos recapitular mais uma vez o que vimos nos capítulos anteriores, só que agora vamos ver de uma maneira diferente.
No seu sentido geral, os três primeiros capítulos tratam da Igreja de Jesus, com aquelas mensagens que são dirigidas às 7 igrejas. Além disso, precisamos nos lembrar da ordem que o Senhor Jesus dá a João. Ele diz em 1:19
1. Escreve, pois, as coisas que viste... O que João havia visto? João viu o Senhor glorificado e viu, também, que Ele estava voltando (1:1-20). Esta visão foi tão espetacular, tão magnífica, que João cai como morto... O v. 17 diz — Quando o vi, caí a seus pés como morto.
2. O v.19b prossegue e diz – Escreve... as (coisas) que são... As que são, são as sete igreja (2:1 – 3:22).
3. E ainda no v.19c, o Senhor ordena que João escreva – as que hão de acontecer depois destas. João devia, portanto, escrever também o que aconteceria na terra depois da época da Igreja de Jesus, ou seja, depois do arrebatamento da igreja..
Pois bem, agora, o (4:1) diz — Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.
Reparem que João vê primeiro aquilo que é essencial, o principal: ou seja, O Evangelho, mais exatamente o resultado da redenção... Esta é a mensagem que precisamos anunciar a todo o mundo, a mensagem de que o véu do santuário foi rompido, o céu está aberto, a porta está aberta no céu... E em Jo 10:9, o Senhor Jesus diz — Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo...
Mas, João não somente vê, ele também ouve (4:1b) – como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo... Reparem que João imediatamente reconhece a voz, porque ele já havia ouvido aquela voz no (1:10) – Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta...
Aliás, o próprio Apóstolo João escreveu em Jo 10:3-4 – ...as ovelhas ouvem a sua voz... e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz;
Agora, reparem, se João diz aqui: – a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo — Ele está salientando que aquela voz é a voz do Senhor. Em outras palavras, ele está dizendo: – é o meu Senhor que me chama!
E o chamou com uma trombeta... Isso significa que, figuradamente, João foi arrebatado em espírito, e esse arrebatamento se realiza de modo semelhante ao futuro arrebatamento da igreja. Por quê? Porque o arrebatamento, diz a Palavra em 1 Co 15:52, acontecerá — num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta.
Assim, João é, figuradamente, arrebatado e vê a igreja glorificada no céu, ou seja, ele vê a nós, nós que somos a igreja do Senhor, na glória dos céus...
Vejam também que João chega muito rapidamente ao céu. O v.2 diz: – Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;
Reparem, também, que a 1ª coisa que João vê é um trono, no qual alguém está sentado. Existe uma razão para João se referir ao trono, e não à pessoa que está sentada naquele trono... /// Não foi em vão que Deus disse a Moisés em Ex 33:20 — ...Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.
Por esse motivo, João faz apenas uma alusão a alguém que está assentado no trono, ou seja, ele não chega a dizer que viu Deus... Fala somente no trono e sobre alguém assentado, e depois ele descreve o que havia ao redor do trono, sobre o trono e o que saía do trono...
Parece claramente que João teme falar o nome de Deus, teme descrever sua aparência... diz apenas alguém assentado... É como se ele ficasse mudo diante da visão gloriosa de Deus.
A mensagem da visão, que se segue na narrativa bíblica, tenta mostrar um retrato de Deus, ressaltando Sua soberania sobre o Universo e alguns de seus atributos. Vejamos:
1. Deus é espírito:
O Apóstolo João, na realidade, não tenta, ou, pelo menos, não consegue retratar o Soberano de todo o Universo.
No texto, ele diz somente que Deus é semelhante a alguma coisa, comparando o Senhor a pedras como o jaspe, que é um cristal, e a sardônica, uma pedra avermelhada de brilho faiscante.
(AP 4:3) — e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.
Ao comparar a natureza de Deus a essas pedras, João sugere que a expressão do caráter de Deus é gloriosa como uma jóia preciosa.
2. Deus é soberano:
(AP 4:4) — Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.
É possível que essas 24 pessoas representem os doze patriarcas da velha dispensação e os doze apóstolos da nova aliança.
De tempos em tempos os vinte e quatro anciãos prostram-se diante de Deus que está assentado no trono e depositam suas coroas diante do Senhor, demonstrando a soberania do Deus Altíssimo.
(AP 4:10-11) — os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: (11) Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.
Reparem que esses anciãos são reis, pois eles usam coroas, mas demonstram, com sua atitude, que Deus é Soberano, o grande Rei sobre todas as coisas.
Esta é uma forma de mostrar o erro da pretensão blasfema e herege do imperador Domiciano de se proclamar divino. Os crentes perseguidos são grandemente encorajados através da demonstração de quem é realmente o soberano...
3. Deus é Poder:
(AP 4:5) — Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.
Esta referência revela o poder de Deus a partir das manifestações da Natureza criada por Ele mesmo...
4. Deus é imanente na sua Criação: Isto é, Deus é inseparável da sua criação.
Reparem que no v.5 há menção aos "sete espíritos" de Deus, como explicamos na semana passada, usando o texto de Isaias 11:2. Essa menção aos sete espíritos é uma referência à perfeição do Espírito Santo de Deus, que continuamente visita os crentes para os ensinar, consolar e capacitar.
5. Deus é Santo:
(AP 4:6) — Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.
Reparem que o v.6 se refere a um mar de vidro diante do trono de Deus, sugerindo o quanto Deus é transcendente e majestoso. Por causa da majestade divina o homem não pode se aproximar de Deus porque Ele é Santo... Há, portanto, uma separação entre Deus e o homem, e esta separação é representada pelo mar referido simbolicamente neste versículo.
6. Deus é Fonte de Vida:
A visão, neste ponto, fala de quatro seres viventes no meio e à volta do trono. Cada um deles é semelhante, respectivamente, a um leão, a um novilho, a um homem e a uma águia voando.
(AP 4:7-8) — O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. (8) E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.
/// Estes 4 seres viventes não são anjos, porque se fossem isso estaria escrito de alguma forma. Mas, reparem, estes 4 seres viventes estão no MEIO do trono e à volta do trono, eles estão, portanto, próximos, muito próximos de Deus... podemos dizer até que eles fazem parte de Deus... ou seja, eles representam as 4 características de Deus:
O 1º ser vivente – semelhante ao Leão – Leão é a figura da majestade, da força e do poder criador de Deus. Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores... Ele é o LEÃO DE JUDÁ...
O 2º ser vivente – semelhante a um novilho - significando que Deus entrega a sua força e o seu poder em sacrifício... ou seja, o novilho significa que Deus se deixou sacrificar em Cristo Jesus...
O 3º ser vivente - tem o rosto como de homem – significando a renúncia de sua glória quando o Senhor Deus veio a esse mundo na figura de HOMEM, em Jesus Cristo. Fp 2:7 diz assim – a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
O 4º ser vivente - semelhante à águia quando está voando – significando que apesar da renúncia, que apesar da limitação que Deus se impôs quando veio a esse mundo, quando se tornou homem, ELE continua sendo aquele que está nos mais altos lugares, acima de todas as coisas...
Além disso, estes 4 seres também representam todos os seres viventes da Natureza: os animais selvagens, os animais domésticos, os seres humanos e os pássaros.
E, tais seres estão sempre no trono de Deus onde reside toda a fonte de vida.
Assim, o cap. 4, que acabamos de estudar, dá início às descrições das visões que se ampliarão nos capítulos seguintes.
Em essência o cap. 4 apresenta a soberania de Deus, o Eterno Criador que protege o Seu povo... Este é o encorajamento que, inicialmente, é apresentado aos perseguidos e massacrados cristãos da Ásia Menor...
Entretanto, esse encorajamento que se aplica a todos os crentes em todos os séculos. O sofrimento, as perseguições e as provações estão sempre presentes na nossa vida, mas são coisas temporárias, uma vez que Deus, o nosso Defensor, é o Soberano da História.
Amém.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Apocalipse - Estudo 3


O Livro da Revelação
Cartas às Igrejas – Parte II
No capítulo anterior, começamos o estudo sobre as cartas do Apocalipse e vimos as cartas destinadas a Éfeso, Esmirna, Pérgamo e Tiatira (Ap 2)
Hoje, estaremos considerando as cartas às igrejas de Sardes, Filadélfia e Laodicéia (Ap 3)
Como vimos anteriormente, essas sete igrejas (as quatro do estudo anterior mais as três de hoje) são representativas das demais igrejas da Ásia e, possivelmente, de todo o império romano.
Procurando aplicar as grandes verdades espirituais do Apocalipse aos nossos dias, não será demais considerar que essas sete igrejas são também representativas das igrejas de hoje.
5ª Carta - À Igreja de Sardes – Morta ou Viva ?
(AP 3:1-6) — Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. (2) Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. (3) Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti. (4) Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. (5) O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. (6) Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
O nome da cidade de Sardes vem da palavra hebraica “sarid” que significa “o que escapou” ou “o remanescente”. Historicamente, Sardes era a capital da Lídia e tinha um passado cheio de glórias.
Entretanto, no tempo dos romanos, isto é, na época de João, Sardes havia declinado muito, tornando-se uma cidade provinciana e sem brilho.
O remetente da carta à igreja de Sardes, Cristo, se identifica como "o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas" (v.1).
Os sete Espíritos de Deus significam a plenitude do Espírito Santo. Agora, reparem, o Senhor revelou pela boca do profeta Isaias essa plenitude do seu espírito...
Em Is 11:2 está escrito que — Repousará sobre ele o 1 Espírito do SENHOR, o 2 Espírito de sabedoria e 3 de entendimento, o 4 Espírito de conselho e 5 de fortaleza, o 6 Espírito de conhecimento e 7 de temor do SENHOR.
Reparem que Cristo tem, portanto, todos esses poderes, pois os sete Espíritos de Deus estão sobre Ele... tudo está em suas mãos, inclusive os destinos da igreja...
Muitas pessoas dizem que o crente precisa ter ou viver na plenitude do Espírito Santo. Mas, reparem, isso é uma grande tolice, isso é impossível ao ser humano... Nenhuma pessoa pode suportar a plenitude do Espírito Santo...
Aliás, cabe observar que essa expressão não aparece em nenhum lugar da Bíblia. Agora, o que o Senhor quer de nós é que fiquemos “cheios” do Espírito Santo, o que é muito diferente...
Vamos pra frente. Nas cartas anteriores, sempre havia primeiro um elogio e só depois o remetente fazia a crítica ao ponto negativo da igreja.
Aqui, porém, Jesus inverte a ordem. Há mais pontos negativos do que positivos. Em essência, a crítica se refere ao fato de que a igreja de Sardes demonstrava, externamente, uma grande atividade, mas, internamente, não tinha nenhuma vida espiritual. Por fora, parecia viva, mas, por dentro, estava morta.
Ou seja, após um início cheio de vida, a igreja de Sardes endureceu o seu coração. Reparem que essa igreja, em contraste com as outras que já vimos, ela é deixada em paz... Satanás não a perturba, Satanás não é nem citado aqui. Por quê??
Porque em Sardes não há falsas doutrinas, não há falsos profetas, também não há sofrimento, nem tribulações... justamente porque aquela igreja está morta. “tens nome de que vives e estás morta” (v.1c).
É claro que Sardes está morta aos olhos do Senhor, porque, aos olhos do mundo, ela tem nome e parece, somente parece, estar viva.
Ou seja, tudo parece estar em ordem, mas falta algo, e ela pretende algo que não existe. É exatamente isso que acontece com muitas pessoas que se dizem cristãs... têm nome de cristão, mas não vivem como cristão, são pessoas que estão mortas espiritualmente...
E aqui, o Senhor Jesus dá um aviso à Igreja. Ele aconselha a igreja de Sardes a ser vigilante e a "confirmar as coisas que restam, que estavam para morrer" (v.2).
Naquela igreja, existia ainda alguma coisa que estava viva e que, por isso mesmo, poderia reverter o estado moribundo daquela igreja... caso eles ouvissem as palavras de Jesus, o remetente da carta.
O aviso à vigilância tinha um especial significado para os habitantes de Sardes, pois a cidade estava edificada em uma elevação... Era uma cidade fortificada, e três dos seus lados terminavam numa espécie de precipício.
Reparem que, no NT, o termo "vigiar" se refere mais a manter-se ocupado plenamente no serviço do que simplesmente manter os olhos abertos.
O Ponto Positivo e as Promessas.
Na igreja de Sardes, poucas pessoas mereciam algum elogio. Esses "não contaminaram seus vestidos" (v.4), significa que alguns não participavam dos cultos pagãos, do mundanismo reinante e da corrupção da cidade.
Esses poucos haviam permanecido fiéis ao Senhor. Para este grupo fiel é, então, prometido que ele andará com o Senhor, "vestido de vestes brancas" (sem manchas) (v.5).
Esta figura tem um especial significado para Sardes, pois a cidade se orgulhava de seu comércio de tecidos coloridos, usados especialmente pelas pessoas mundanas...
6ª Carta - À Igreja de Filadélfia - Aquela com uma Porta Aberta
(AP 3:7-13) — Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: (8) Conheço as tuas obras - eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar - que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. (9) Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei. (10) Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. (11) Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (12) Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome. (13) Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
O Ponto Positivo:
É interessante notar que existem muitas referências positivas à igreja de Filadélfia. Ela não recebe críticas do Senhor... Ao contrário, Jesus coloca diante dela "uma porta aberta que ninguém pode fechar" (v.8).
Cristo sabe que a igreja por si só é fraca, "tens pouca força" (v.8b), diz o Senhor Jesus. A igreja, porém, estava sendo fiel, guardando o nome de Jesus, e a porta aberta daria a ela a oportunidade de ser uma igreja estratégica.
A igreja de Filadélfia é a única que recebe somente elogios. Filadélfia significa amor fraternal...
O texto nos diz que a igreja de Filadélfia podia progredir, apesar de sua pouca força. Filadélfia era conhecida como "a cidade missionária", pois havia sido fundada para fomentar a civilização greco-asiática e o idioma e os costumes gregos na regiões orientais da Lídia e da Frigia.
A "porta aberta", portanto, era uma referência à possibilidade da igreja de Filadélfia compartilhar da vocação cultural da cidade e desenvolver uma estratégia missionária própria, de proclamação do Evangelho de Jesus.
Aliás, é interessante observar uma certa correlação entre igrejas vitoriosas com aquelas que têm "missões" e evangelismo como uma de suas motivações e prioridades principais.
A Promessa:
Assim, por terem agido com fidelidade, Cristo promete aos crentes de Filadélfia, sua graça sustentadora nas tribulações que se abateriam sobre todo o mundo.
As tribulações não os venceriam (v.10). A Igreja de Filadélfia é encorajada pela próxima vinda do Senhor (v.11)
Várias outras promessas são ainda feitas (v.12) aos que forem fieis: — "Ao vencedor, farei dele coluna no templo do meu Deus", numa alusão a sobrevivência da igreja fiel.
Além disso, como a cidade de Filadélfia ficava em uma região sujeita a terremotos, os crentes daquela cidade entendiam muito bem o significado, ou valor, de uma coluna.
Cristo estava dizendo que, apesar dos terremotos das perseguições, os fiéis seriam como colunas inabaláveis de um templo indestrutível.
Reparem que, no Apocalipse, não há promessa de que os crentes escapam ao sofrimento e à morte. Há promessa, entretanto, de que mal algum aconteceria às suas almas.
Cristo promete, ainda, à igreja de Filadélfia, que viria "sem demora", embora não fique claro se esta expressão se refere à segunda vinda do Senhor.
Convém também observar que essa promessa não estabelece um prazo, uma vez que “sem demora” pode significar, igualmente, "repentinamente" ou "inesperadamente".
Por outro lado, que sentido haveria em abrir uma porta missionária para Filadélfia, se Jesus estivesse voltando logo a seguir?
7ª Carta - À Igreja de Laodicéia – A Igreja com uma Porta Fechada
(AP 3:14-22) — Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: (15) Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! (16) Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; (17) pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. (18) Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. (19) Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. (20) Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. (21) Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. (22) Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
A cidade de Laodicéia era uma cidade próspera. Por ela passavam três estradas romanas. Era, assim, o principal centro de comércio e de finanças da região, sendo reconhecida também como centro terapêutico para os olhos, por conta de um ungüento que era lá fabricado.
Seu progresso tendia a levar seus moradores a serem arrogantes, orgulhosos e independentes, o que de certa forma, refletia na igreja.
Reparem que, das sete igrejas, Laodicéia é a única sobre a qual nada é dito de positivo. Cristo acusa a igreja de Laodiceia de ser uma igreja indiferente — "Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca ..." (v16).
Reparem que Jesus se utiliza das características da cidade para exortar os crentes de Laodiceia. Ele os chama de pobres, apesar de serem abastados, de cegos, apesar do ungüento, ou colírio, para os olhos, que ali se fabrica. E Ele os chama de nus, apesar das boas roupas que usavam.
Cristo, utilizando a linguagem simbólica e contextualizada do comércio de Laodicéia, aconselha no verso 18, que a igreja compre dele "ouro refinado", "vestiduras brancas" e "colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas".
O Aviso e a Promessa:
No verso 19, Cristo avisa que a igreja será repreendida e disciplinada porque Ele a ama. Aquela igreja tinha tudo, menos Cristo. (v.20) Eis que estou à porta e bato...
Misericórdia!... O Senhor permanecia do lado de fora batendo à porta. Se alguém a abrisse, Ele entraria e poderia começar a mudar a igreja, mesmo com uns poucos que lhe fossem fiéis.
Ao que vencer o espírito de indiferença e letargia e "abrir a porta", Cristo promete entrar por ela e cear com ele...
O Senhor Jesus promete também que o crente fiel sentará no seu trono, junto com Ele. O brado de alerta contra a indiferença e a apatia espiritual, ainda, está vivo no Apocalipse, dirigido não só a Laodicéia, mas a todas as igrejas na face da terra.
Esse brado de alerta está também dirigido a você e a mim.
É nosso desejo sincero que, ao lermos a mensagem do Apocalipse, destinada primariamente àquelas sete igrejas da Ásia Menor, nós possamos ver a nós mesmos em algumas dessas igrejas... Nós precisamos ser uma igreja vibrante...
Nós precisamos receber, com sabedoria, as palavras de Cristo a nós mesmos endereçadas, seja de crítica, de aviso ou de promessa. "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas", conclui (Ap 3:22). Amém.